Por Bruno Lyra
É avassalador o retrocesso ambiental no país e, por conseguinte, no Estado e na Serra, como partes da federação. Não é algo isolado que se restringe ao Brasil: o mundo está vivendo um dissenso do humanismo, então o que é de interesse de grupos tende a se sobrepor aos interesses coletivos, com a balança pendendo sempre para aqueles que tenham o maior poderio econômico, político ou ambos.
Em pleno Copa o Congresso aprova lei que afrouxa o controle de agrotóxicos. Muda o nome, agora é pesticida. Clara tentativa de ludibriar a opinião pública. Como se não bastasse, tramita na mesma casa outro projeto de lei que prejudica a venda de produtos orgânicos. Coincidência ou não, isso ocorre no momento em que estão se fundindo as duas maiores produtoras de agrotóxicos e outros insumos químicos para agricultura do planeta: a alemã Bayer e a norte americana Monsanto.
Em 2012 o Brasil reduziu a proteção ambiental, enfraquecendo o Código Florestal. No ES, uma nova lei estadual este ano afrouxou exigências no licenciamento ambiental. Na Serra idem, embutida nas chamadas “10 medidas para a desburocratização” de empreendimentos. Ano passado, o governo estadual tentou desconstruir o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema).
Pássaros silvestres em gaiolas voltaram a ser vistos em qualquer lugar, em horas movimentadas. Tem cada vez mais gente querendo a liberação da caça. A APA do Mestre Álvaro acabou de ser reduzida em mil campos de futebol. Língua negra fétida do rio Jacaraípe se espalha no mar do Barrote e é considerada como natural.
Há tempos não são criadas novas reservas ambientais expressivas na cidade e no estado. Da lama e metais pesados da Samarco que devastaram (e seguem devastando) o rio Doce, o oceano Atlântico, vidas humanas e a economia capixaba, sobraram acordos generosos que até agora só beneficiaram a mineradora e suas donas, as multimilionárias Vale e BHP.
A poluição do ar na Grande Vitória continua brava. E tome acordos para construir praças de lazer como compensação, suspendendo processos contra as siderúrgicas. Sangue humano com lixo hospitalar é jogado em rio que abastece a Serra e autoridades não divulgam o nome dos responsáveis, mesmo com a identificação das instituições de saúde nos invólucros. E a resposta da Cesan é de que está tudo ok.
Desleixos a parte, o desafio ambiental permanece como uma das megas tarefas da humanidade no decurso desse século XXI. Porque vivemos no planeta. Simples assim.