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Produtores rurais sentem baque, mas garantem comida para cidade na pandemia

Produtores garantem o fornecimento de comida fresca que chega à Ceasa ou vai direto para feiras e supermercados. Foto: Divulgação

Assim como outros setores econômicos, a produção de alimentos nas áreas rurais no entorno da Grande Vitória também já sente os impactos da covid-19. Mas, pelo menos por enquanto, produtores rurais e lideranças dos municípios que compõe o cinturão verde da Serra e demais cidades da região metropolitana garantem o fornecimento de comida fresca que chega à Ceasa ou vai direto para feiras e supermercados. E agora – por força da pandemia – até em vendas on line e entregas programadas, que podem ser a domicílio ou em locais combinados direto com o consumidor.

Presidente do Sindicato Rural de Santa Maria de Jetibá, Egnaldo Andreatta, disse que o município participa com cerca de 40% das hortaliças que chegam à Ceasa em Cariacica. “E nossos feirantes atuam praticamente em todos os municípios do Estado. Estamos conseguindo manter minimamente a produção, mas os agricultores estão com medo e seguindo as orientações do Governo quanto à higiene e segurança”, pondera.

Por conta das restrições na Ceasa e nas feiras para agricultores e comerciantes com mais de 60 anos ou que possuem comorbidade, grupo de risco à covid-19, Egnaldo disse que os produtores estão tendo que se adaptar, pois boa parte deles é quem transporta e vende os produtos. “Tem produtor mandando vizinhos, filhos. A gente sabe que esse negócio deve se estender por muito tempo”, avalia.

Domingos Martins e Marechal

Já o presidente do Sindicato Rural de Domingos Martins e Marechal Floriano, Flávio Wruck, disse que a produção continua. Mas já vem enfrentando dificuldades. “A venda deu uma caída porque os produtores estão restringidos em ir aos mercados principais. Mas estão criando alternativas, como entregas por delivery, onde o consumidor faz seu pedido direto para o produtor”, frisa.

Outro problema, acrescenta Flávio, é o aumento do custo da produção na avicultura por conta da escassez de matéria prima para fabricar a ração. Vale lembrar que isso pode gerar impacto tanto no ovo (avicultura de postura) quanto na carne de franco (avicultura de corte).

Flávio lembra ainda que as restrições para pessoas no grupo de risco à covid-19 na Ceasa e feiras tem sido um desafio extra para os produtores dos dois municípios. “É uma situação preocupante se perdurar muito. Mas no momento estamos trabalhando junto com a federação da agricultura, o Sindicato e também com o poder público para que haja políticas públicas como financiamentos subsidiados e renegociação de dívidas para que o agricultor possa sobreviver e manter sua produção durante esse período da pandemia”, pontua.

O presidente acrescenta ainda que o sistema sindical rural, criou uma cartilha para orientar produtores em relação aos cuidados para reduzir risco de contaminação pelo novo coronavírus, principalmente aos feirantes e a quem vai até a Ceasa escoar produção.

Santa Teresa

Outro município que compõe o cinturão verde é Santa Teresa. Por lá o cenário da agricultura não é diferente das suas co-irmãs. Secretário municipal de Agricultura e também produtor rural, Jorge Natalli, contou que o maior impacto foi com paralisação do Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE), cujo fornecimento vem da agricultura familiar. Além disso, há impacto para os produtores da agroindústria artesanal, como doces, vinhos, cachaças, compotas, uma vez que dependem do fluxo de turistas na região.

Já a produção de alimentos, que inclui frutas, verduras e produtos da olericultura que vão para a Grande Vitória, segue acontecendo. Mas as restrições aos grupos de risco na Ceasa tem gerado impactos. “Também presido a Ceasa de Colatina e lá já percebemos queda na disponibilidade e venda de produtos”, ressalta Natalli.

No entanto a maior preocupação é com a produção de café. Embora isso não afete diretamente a disponibilidade de alimentos na Serra e vizinhas da Grande Vitória, pois boa parte do café é para mercados externos, pode impactar as economias das cidades da região serrana e, por conseguinte, os demais produtores.

“Entre abril, maio e junho é a temporada da panha (colheita) do café. Só em Santa Teresa, recebemos cerca de mil trabalhadores temporários, muitos vem de Minas e da Bahia. Há risco de trazerem contaminação e os produtores ficam entre a cruz e a espada. Alguns podem conseguir fazer mutirões com mão de obra local para colheita, mas nem todos terão condição de fazer isso. Se não houver a panha no tempo certo, o café dá broca. É um problema gravíssimo”, conclui o secretário.

Contaminação de produtores e greve dos caminhoneiros são ameaças  

Se mesmo com as dificuldades dos produtores, verduras, legumes, frutas e outros gêneros agrícolas das montanhas continuam chegando ao morador da Grande Vitória, duas situações são ameaças potenciais de desabastecimento durante a pandemia, segundo as fontes ouvidas nesta reportagem.

Uma delas é a contaminação por covid-19 dos produtores, uma vez que a grande maioria deles produz na agricultura familiar. Em muitos sítios, se uma ou duas pessoas adoecerem, é o suficiente para comprometer o trabalho.

A outra é o rumor de greve de nova greve dos caminhoneiros. Egnaldo Andreatta, de Santa Maria de Jetibá; Flávio Wruck de Domingos Martins e Marechal Floriano, Jorge Natalli de Santa Teresa dizem que os produtores rurais, em sua maioria, têm transporte próprio para escoar até a Grande Vitória.

Mas o problema seriam eventuais bloqueios nas estradas feitos por grevistas, impedindo demais veículos de carga de chegarem ao destino. Neste caso, o desabastecimento se consolidaria.

Redação Jornal Tempo Novo

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