Saiu ontem (23) o resultado do laudo da contaminação química que atingiu o rio São Luiz, afluente do rio Santa Maria da Vitória, manancial que abastece parte da Serra e cidades vizinhas na Grande Vitória. Mas a Prefeitura de Santa Maria de Jetibá, cidade onde aconteceu a contaminação, não divulgou o resultado, mesmo com diversas solicitações feitas pela reportagem do TEMPO NOVO.
A contaminação ocorreu no dia 8 de janeiro, quando as águas do rio São Luiz, que corta a sede de Santa Maria de Jetibá, ficaram roxas por horas. O laudo é para saber que tipo de substância teria provocado a situação e o risco à saúde humana. Até agora, o que se sabe é que a contaminação veio da lavagem de um tonel numa oficina mecânica local.
Na semana passada, a Prefeitura de Santa Maria disse que fiscais ambientais flagraram a presença do invólucro e, também, da cor roxa no chão do estabelecimento. Afirmou, ainda, que o tonel teria sido doado ao proprietário da oficina por uma fábrica de caixas de ovos e que a substância seria um corante usado para tingir essas caixas. O agronegócio ligado à avicultura de postura é a principal atividade econômica do município.
Ainda segundo a Prefeitura, tanto a oficina quanto a fábrica de caixas de ovos foram responsabilizadas. No entanto, nem o nome delas nem o tipo de punição imposta foram divulgados até agora. A Prefeitura de Santa Maria de Jetibá ainda não explicou como a lavagem de um único tonel seria suficiente para deixar por tantas horas um rio de correnteza forte com águas roxas.
Menos de um quilômetro após cortar a sede de Santa Maria de Jetibá, que também sofre lançamento de esgoto doméstico, o São Luiz cai no rio Santa Maria. Este desce as montanhas e cerca de 70 km abaixo, tem suas águas captadas no distrito de São José do Queimado para abastecer 350 mil pessoas na Serra (exceto regiões da Serra Sede e Civit I, hoje atendidas pelo rio Reis Magos), zona norte de Vitória e parte de Cariacica.
A Cesan não respondeu se a contaminação do São Luiz interferiu no abastecimento da Serra e da Grande Vitória. Nos dias subsequentes à contaminação em Santa Maria de Jetibá, a água fornecida pela Cesan continuou chegando às torneiras dos moradores da região metropolitana.
A Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), por meio de sua assessoria de imprensa, informou que está em contato com a Prefeitura de Santa Maria de Jetibá e com o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) para ter acesso às informações sobre o material coletado e encaminhado para análise.
Por si só, o caso já chamaria atenção. Entretanto, ganha mais visibilidade porque ocorre na mesma época quando pelo menos um milhão de cariocas estão sendo prejudicados com o envio de água ruim pela companhia de abastecimento do Rio de Janeiro, a Cedae.
E na Serra, recentemente, também houve problema com água de abastecimento da Cesan. O líquido enviado do sistema Reis Magos para a região de Serra Sede foi motivo de denúncias – incluindo relatos de problemas de saúde – em mais de uma ocasião por conta de gosto de sal, cheiro e cor estranhos. Em documento enviado aos deputados estaduais que investigaram as denúncias, a Cesan admitiu que forneceu aos moradores da Sede o líquido salgado, mas afirmou que não faz mal à saúde.
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