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Porto de Praia Mole deixa trânsito para Serra e imposto para Vitória

Carreta transporta bobina de aço em área residencial do bairro Cidade Continental: cena cotidiana no entorno do porto. Foto: Bruno Lyra

Clarice Poltronieri

Apesar de não receber os impostos das operações de Praia Mole, direcionados todo para a capital Vitória, os impactos da logística do porto atingem diretamente o serrano. Isto porque os acessos rodoviários ao porto, administrado pela ArcelorMittal Tubarão em parceria com Gerdau e Usiminas ficam todos na Serra.

Cidade Continental e Novo Horizonte são os bairros que mais sofrem com a passagem das carretas com bobinas de aço, que saem do portão Norte, em Cidade Continental. Por lá também passam os ônibus de funcionários, carretas e outros veículos pesados que dão suporte às atividades do porto.

O presidente da Associação de Moradores de Cidade Continental, setor Europa, Victor Hugo de Mattos, diz que os maiores problemas são com o transporte de bobinas de aço, cujas matérias primas entram por Praia Mole.

“Saem de lá caminhões com mais de 75 toneladas. Cada bobina pesa 25 ton, há veículos que saem com duas ou três bobinas. Tem também muitos caminhões. Recentemente a prefeitura recapeou a Avenida Ártica, por onde passam os veículos. E a portaria ficou muito perto da entrada do bairro deixando o trânsito confuso. Sempre dá acidente. As carretas não têm dia e horário, rodam o tempo todo”, diz. 

Um das líderes comunitários de Novo Horizonte, Sebastião Pinheiro de Lacerda, diz que os impactos na Avenida Brasil, principal do bairro, são imensos, mesmo com a Avenida Industrial, que foi construída para esse tráfego e que, segundo ele, não é sempre usada.

“Além dos caminhões com carga, a Avenida Brasil sofre com o excesso de ônibus e outros caminhões que seguem para o Porto. Quando fizeram a Avenida Industrial o objetivo era que o fluxo passasse por lá, mas eles continuam passando pela Brasil. Sempre há trânsito no local, atropelamentos, porque o excesso de veículos atrapalha a visão dos motoristas que estão atrás. Nos horários da manhã, entre 6 e 8h e à tarde, das 17h às 19h, fica impossível de trânsito. O tráfego de peso danifica a pista e causa esses transtornos na comunidade”, protesta.

Município já acionou Justiça por redistribuição

O secretário de Fazenda da Serra, Cláudio Melo, reconhece os impactos rodoviários na Serra e lamenta não haver contrapartida para o município.

“Na verdade o município perdeu a ação na Justiça onde reivindicava a tributação dentro do Porto de Praia Mole. Um dos argumentos foi exatamente o fato da entrada e saída ficarem dentro no território da Serra. A Justiça entendeu que os serviços eram prestados dentro do porto e o porto está dentro do território de Vitória”, conta.  

Cláudio diz que mesmo os impactos desse transporte rodoviário sendo muito maiores na Serra, a transportadora pega a carga dentro do Porto, que fica em Vitória. “Só se a entrega for na Serra que temos a ponta de alguma coisa, mas não é especificamente pela carga ter saído ou chegado no porto. Assim como o serviço de carga e descarga dos vagões, todo ele ocorre dentro do território de Vitória, ou seja a Serra não alcança esse serviço tributário. É uma pena”, lamenta.

Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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