Clarice Poltronieri / Gabriel Almeida
Não é figura de linguagem dizer que esta eleição está tirando o sono dos brasileiros. A polarização dos dois candidatos à presidência da república é tão acentuada que tem deixado muita gente à flor da pele. Com os serranos não poderia ser diferente e para muitos a angústia do resultado nas urnas causa insônia.
Jhulia de Souza, moradora de José de Anchieta II é eleitora de Jair Bolsonaro, diz que a insônia do medo do PT assumir o poder por mais quatro anos e “transformar o país em uma Venezuela”. Segundo ela, desde que as eleições se aproximaram, passou a dormir cada vez menos. “É só colocar a cabeça no travesseiro que a preocupação vem com outros pensamentos. Deito à meia noite e ainda assim só durmo horas depois. E agora que começou o 2º turno piorou”, relata.
Segundo Jhulia, a eleição tem sido muito debatida na família. “O PT vem com o discurso de ajudar os pobres e acusa Bolsonaro de querer tirar benefícios, mas na realidade foram eles que colocaram o país nessa crise. Como oferecer benefícios às pessoas se o país está afundando? O Haddad foi um péssimo prefeito e agora quer tomar conta de um país. Como um candidato a presidente vai a um presídio pedir conselho a um político corrupto?”, questiona.
No campo oposto, mas com mesmo o problema de não conseguir dormir, Henrique Rocha da Cruz, de Jacaraípe. Homossexual, ele teme pela vitória de Bolsonaro. “Não tinha o costume de acordar no meio da noite, agora está acontecendo sempre. Tenho usado remédios para dormir. Um dos fatores é a relação com meu pai e familiares que não me aceitam, o que piorou depois da campanha política. Sem falar que as agressões das redes sociais já começaram a partir para o plano físico. Você nem precisa declarar seu voto ao Haddad, basta se declarar negro, gay, mulher ou pertencente a alguma minoria que as pessoas lhe atacam”, relata.
Segundo Henrique ele até tem evitado falar nominalmente nos candidatos nas redes sociais, focando em idéias e situações. “Faço postagens sobre meu modo de pensar que está relacionado ao respeito e à diversidade. Apenas posto o que acredito, não tenho intenção de ofender ninguém, mas vejo tantas postagens homofóbicas, xenófobas, preconceituosas. Isso me faz muito mal e me sinto impotente, me sinto desrespeitado como ser humano, principalmente quando vejo pessoas instruídas tomando essa postura. Por isso decidi votar no Haddad, contra essa onda de ódio”, desabafa.
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