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Pó, lama e reinvenção capixaba

Por Bruno Lyra

Na última semana a Vale disse ao Tempo Novo que o fechamento de 10 barragens, decidido na esteira do catastrófico rompimento em Brumadinho – MG traria impactos “pouco significativos” ao ES. Além de diva do pó preto, a Vale é pilar da economia contemporânea do ES, em especial da Serra, a mais industrializada cidade capixaba. Logo, por menos “significativo” que seja para empresa, qualquer turbulência na gigante da mineração tem potencial para balançar o estado.

A decisão judicial mandando parar a mineração  na área da maior lavra de minério de ferro de Minas Gerais, Brucutu, na cabeceira do rio Doce em São Gonçalo do Rio Abaixo – MG é certeza de problemas graves para a economia do ES. A produção de lá vem para Tubarão. E se a barragem romper são mais 16,5 milhões de m3 de lama tóxica na bacia do rio Doce. Bacia que já recebeu 43 milhões de m3 da barragem da Samarco (Vale + BHP) em Mariana, rompida em novembro de 2015.

Samarco cuja paralisação fez o PIB do ES recuar 12%. Impacto até hoje sentido pelo Estado, por municípios, fornecedoras e prestadoras de serviço. Gerou desemprego em escala industrial. É notória a dependência do ES em relação ao arranjo mínero- siderúrgico.

Os rompimentos das barragens, abandonos de lavras e outras barragens, a desistência do projeto da CSU, o desejo da Vale em fazer ferrovia em Mato Grosso em detrimento do litoral sul do ES, além da indefinição sobre a Samarco, podem indicar declínio do setor mínero siderúrgico na região Sudeste. A médio e longo prazo o ES terá que se reinventar economicamente.

Há coisas no horizonte que, acima de tudo, dependerão de interesse e força política dos capixabas. No centro do litoral brasileiro, com ferrovia ligando ao coração do Brasil e perspectiva de duplicação das BR´s 262 e 101, reativar a ideia de um  corredor Centro Leste é uma boa. O gás natural, menos impactante que a mineração, também é outro bom negócio.

De natureza belíssima e enorme variedade cultural, tem enorme potencial turístico. De mar e montanha, tão pertos um do outro. Também poderia apostar em atrair cérebros para o desenvolvimento de alta tecnologia, considerando a boa qualidade de vida que consegue proporcionar, diferente de lugares com megacidades como Rio, São Paulo e Belo Horizonte.

A fruticultura tropical, a olericultura, também são saídas. Seja em formato agronegócio, seja agricultura familiar. O estado tem experiências exitosas com o cacau, café e mamão e outras tantas em curso, ainda embrionárias.

Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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