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Perdemos o bonde da história

Por 30 anos o Espírito Santo cometeu um erro e hoje a população paga por ele.

Os governadores que passaram pelo Palácio Anchieta do final da década de 1970 até 2012 não investiram em infraestrutura.

Estamos falando dos recursos do Fundap. Um Fundo de incentivo às atividades portuárias, criado pelo governo Federal no final da década de 1970, para ajudar na recuperação econômica do Estado, que na época teve 53% de suas lavouras de café erradicadas.

Através do Fundap o estado concedia incentivos fiscais às empresas de comércio exterior, principalmente nas operações de importações. Isso atraiu empresas sediadas em outros estados, que passaram a importar pelos portos capixabas.

Por anos, o Fundo se ateve ao envio das notas fiscais para cá, incluindo a movimentação das cargas feitas nos portos de estados com maior concentração de consumo, como São Paulo e Rio de Janeiro. Apesar da cadeia produtiva do setor não se completar aqui, os impostos contribuíam para a economia local.

Só nos governos de Albuíno Azeredo (1991/94) e José Ignácio (1995/98) é que as empresas começaram a transferir suas sedes físicas para cá, gerando uma explosão de instalação de centros logísticos, de distribuição e de galpões voltados para acomodar as cargas importadas. Isso gerou empregos e dinamizou a economia.

Mas os tributos dessas atividades iam sendo usados, em sua maioria, para o custeio da máquina administrativa do Estado em detrimento do desenvolvimento econômico.

Em 2012, o Senado aprovou mudanças nas regras desses incentivos. Com isso muitas empresas retornaram com a sede fiscal e operacional para São Paulo, que é o grande centro de consumo do país e o Espírito Santo deixou de ser competitivo nesse campo.

Nesses 30 anos de Fundap, perdemos a oportunidade de dar um up grade em nossa infraestrutura. Hoje faltam estradas, ferrovias, portos, aeroporto, entre outras melhorias que poderiam colocar o ES numa condição melhor que outros estados da Federação, principalmente se levarmos em conta que estamos na região mais rica e desenvolvida do país.

 

O mau exemplo nacional

 

No âmbito federal, de 2003 até 2014 também não se investiu em infraestrutura. Lula e Dilma perderam a oportunidade de aproveitar o ciclo de crescimento que o país viveu no período.  O governo Federal ‘vendeu’ para a população um crescimento baseado no crescimento alheio, baseado na exportação de comodities e no aumento do consumo interno.

Quando foi reduzido o crescimento dos principais parceiros comerciais, o Brasil passou a sentir a sua triste realidade de país deficitário.

Diferente de Estados Unidos e China, o Brasil não puxa o consumo mundial. De 2003 a 2008, os Estados Unidos cresciam e puxavam a economia brasileira comprando soja, suco de laranja, carne e outros produtos agrícolas; como também minério de ferro, rochas ornamentais, celulose e outros produtos minerais. A economia do Brasil velejava nos ventos da economia yankee.

No final de 2008, a crise bancária provocada pelo estouro da bolha imobiliária levou o país de Obama à redução de seu crescimento e isso afetou fortemente as exportações brasileiras.

Mas o Brasil ainda não sentia o baque porque a locomotiva chinesa crescia a todo vapor. Quatro anos atrás, quando a China diminuiu o seu ritmo de crescimento, foi quando começamos a sentir os efeitos dessa queda, que se agravou agora.

Nos anos de euforia, o Governo Federal optou por gastar nos ditos campos sociais, a investir em infraestrutura e o que se vê hoje é um país travado, em crise financeira, econômica, política, moral e sem condições de avançar.

O país levará ainda um período para chegar ao fundo do poço, para se manter estabilizado no fundo dele, e só depois voltar a crescer dignamente.

 

Mari Nascimento

Mari Nascimento é repórter do Tempo Novo há 18 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal, principalmente para a de Política.

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