Com movimentos políticos cirúrgicos e um marketing pessoal agressivo, o governador Paulo Hartung (PMDB) engatou a quinta marcha rumo a 2018. Na política, o governador que vinha defendendo as Reformas, se afastou do presidente tampão e mega-impopular, Michel Temer (PMDB), mas manteve sua parcela de influência em Brasília ao se aproximar estrategicamente do presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Maia (DEM).
Por aqui no ES, Hartung enfrenta uma oposição desarticulada entre si, mas barulhenta. É o caso dos deputados Theodorico Ferraço (DEM), Josias da Vitória (PDT) e Sérgio Mageski (PSDB). Além disso, o governador tem um trio de desafetos, formado pela senadora Rose de Freitas (PMDB), o ex-governador Renato Casagrande (PSB) e o prefeito de Vitória, Luciano Rezende (PPS).
Juntos estes três trabalham na consolidação de um polo oposto a Hartung, capaz de fazer frente à máquina do Anchieta. Tarefa difícil, mesmo para uma senadora que parece ter a chave do cofre em Brasília; para um ex-governador carismático; e para o prefeito da capital capixaba. Dentro das razões práticas para tal dificuldade, está o orçamento anual de R$ 16 bilhões que o governo do ES dispõe. Além é claro de se tratar de Paulo Hartung, o mago local das agendas partidárias e artista pragmático no uso da máquina.
Hartung mantém em sua alçada as principais siglas partidárias, como o próprio PMDB, PSD, PSDB, DEM, PDT, e até veladamente o PT. Mantém ainda uma base firma na Assembleia Legislativa.
O governador tem feito uma trabalho intenso no interior do ES. Toda semana há entrega de obras em munícipios de norte a sul. No campo do marketing pessoal, amparada pela mídia nacional, Hartung retornou forte com uma imagem de governador economista, bastião do ajuste fiscal e do controle dos gastos públicos. Sempre que dá, o governador viaja para outros Estados para dar palestra sobre sua experiência a frente do Governo do ES. Hartung também adora tomar o Estado do Rio como um exemplo negativo e uma dicotomia a realidade capixaba. Um baita discurso em tempos de crise econômica e desemprego.
Outra coisa que de certo modo pode gerar benefícios eleitorais ao governador, foi a recente superação de um câncer. Há casos mais do que recentes de políticos que venceram doenças graves e obtiveram ganhos eleitorais com isso. Na semana passada, o Governo promoveu um “pedal da independência”, e Hartung foi quem puxou a turma de ciclistas. Este tipo de marketing, no estilo do ex-presidente Collor, deve ficar cada vez mais em evidência. Numa espécie de “governador atleta, cheio de saúde, que superou o câncer”, Hartung vai humanizando sua imagem junto ao eleitor. E haja dificuldade para o polo oposto ao governador, enfrentar a máquina e o maquinista marqueteiro.