Bruno Lyra
A quantidade e tipos de veneno que chegam à mesa na comida e água por conta dos agrotóxicos usados nas lavouras é tema de crescente a acalorada discussão no país, que recrudesceu ainda mais nas últimas semanas.
Tudo porque o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) vem liberando agrotóxicos em quantidade e tempo recordes. Só neste ano, até 22 de julho, foram liberadas 262 novas substâncias no Brasil. Fato que vem gerando reações de médicos, cientistas, institutos de pesquisa e ambientalistas. E também de lideranças políticas, dentre eles o senador Fabiano Contarato (Rede) e o deputado federal Sérgio Vidigal (PDT), críticos de tanta liberação.
É razoável o argumento de que a chamada Revolução Verde ajudou a ampliar a disponibilidade de comida. Mas tão razoável quanto é, também, o contra-argumento de que isso provocou efeitos colaterais. Dentre os mais severos, as doenças provocadas pelos agrotóxicos.
Cada vez mais pesquisas correlacionam diversos tipos de câncer, doenças degenerativas e até autismo à exposição das pessoas venenos agrícolas. Fora a destruição ambiental. A mortandade em massa das polinizadoras abelhas é exemplo.
Não é de hoje que países desenvolvidos – ironicamente onde estão as sedes das multinacionais dos agroquímicos – vêm restringindo o uso de veneno. Tendência já notada entre ricos e a classe média no Brasil, que não titubeiam em pagar muito mais caro por produtos ‘orgânicos’. É fato que a evolução da tecnologia torna viável produzir em massa com pouco ou nenhum veneno.
Isso torna ainda mais salutar a preocupação com essa farra de agrotóxicos no país; afinal, a quem isso interessa? Para o morador da Serra, basta lembrar que boa parte dos alimentos e da água vem da região serrana, como do município de Santa Maria de Jetibá, local, sabidamente, de intensivo uso de agrotóxicos.
Em março deste ano, reportagem da agência Repórter Brasil em parceria com entidade suíça Public Eye, com base em dados do Ministério da Saúde, constatou coquetel de agrotóxicos na água de abastecimento – ou seja, já tratada – de um em cada quatro municípios do país.
Na ocasião, o TEMPO NOVO perguntou à Cesan e aos órgãos de saúde sobre a quantidade e os tipos de veneno que existem na água que chega à casa do serrano. A única e vaga resposta foi a de que o líquido está dentro dos parâmetros exigidos na legislação, que no caso da brasileira é bem mais frouxa que a da União Europeia, por exemplo.
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