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Onde está o Fred, o elefante-marinho famoso do Espírito Santo?

A última vez que foi visto, em 2018, o elefante-marinho Fred passeava pelo litoral da Argentina e do Uruguai.  Crédito: Arquivo Jornal Tempo Novo Jan/2017

Você se lembra do elefante-marinho (Mirounga leonina) que ganhou o nome de Fred, em homenagem ao ídolo no Fluminense e ex-jogador da Seleção Brasileira de Futebol por ficar “paradão”, que arrastava multidões ao dar o ar da graça nas praias capixabas entre 2013 e 2017? Ele sumiu! A última vez que foi visto, em 2018, passeava pelo litoral da Argentina e do Uruguai.

De acordo com o médico veterinário Luis Felipe Mayorga, diretor-presidente do Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram), que cuidou de Fred nas diversas vezes que ele passou pelo Estado, não há mais registros do animal por aqui.

Segundo o instituto, conforme o elefante-marinho cresce, fica mais difícil de ser identificado. Mayorga acredita que ele esteja vivo, mas tenha se concentrado em construir uma família ou várias, no próprio harém. “Com o avanço da idade, os hormônios da maturidade sexual influenciam no comportamento. Ele passa a competir com outros machos nas ilhas antárticas”, disse Mayorga.

Nas visitas que fez ao Estado era comum o elefante-marinho Fred aparecer com alguns machucados, causados por ataques de tubarões, mas em 2017, ao aparecer em Guriri, São Mateus, o elefante-marinho precisou receber cuidados especiais porque estava muito debilitado. Após 139 dias de tratamento, ele recebeu alta e foi solto no mar no dia 12 de junho daquele ano. Sua reabilitação se deve aos profissionais do Ipram.

O elefante-marinho Fred, que passou por Vila Velha, Praia Grande (Fundão), Praia dos Padres (Aracruz), Praia de Capuba (Serra) e Praia de Guriri (São Mateus) aqui no Estado, foi apenas um – e o mais famoso – dos animais tratados pelo Ipram, instituto que atua desde 2010, possui 15 profissionais (tratadores, médicos veterinários, biólogos, auxiliar de serviços gerais, dentre outros) e está localizado dentro do Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), em Jardim América, Cariacica.

Na Serra, passagem do elefante-marinho Fred ocorreu em janeiro de 2017, na Praia de Capuba, onde ficou por alguns dias e chamou a atenção da população local.

Ele é voltado para os animais marinhos (seu foco), mas atende também os silvestres. Entre 2010 e 2022, o Ipram foi responsável pelo atendimento a 6.870 animais no Estado, sendo 4.693 terrestres (continentais), dentre répteis, aves e mamíferos; e 2.177 animais marinhos, dentre os quais o pinguim-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) e a tartaruga-verde (Chelonia mydas).

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A principal fonte de recursos do Ipram é a prestação de serviços privados, principalmente para as indústrias petrolífera e portuária, no atendimento à fauna. No local, há animais marinhos, provenientes dos contratos de atendimento, além dos silvestres (tais como: jiboias, papagaios, aves em geral, gambás, ouriços, tamanduás, dentre outros), que vêm de parques estaduais e da Polícia Ambiental, que foram apreendidos porque possuem origem ilegal ou estavam feridos e tiveram de ser resgatados.

O animal silvestre recém-chegado é atendido no Ipram, sendo mantido em recintos menores, como gaiolas. Quando recebe alta, vai para um recinto externo maior para se exercitar. De lá, ele é transferido para o Projeto Cereias, em Aracruz.

Semanalmente, o Iema (governo do Estado) leva os animais em alta clínica para lá. Ou seja, eles completam a reabilitação nesse outro local. Já no caso de animais marinhos, todo o processo de reabilitação é feito no Ipram, onde o animal pode permanecer de um a seis meses.

Segundo Mayorga, o animal marinho sempre chega muito mal ao Ipram. As aves chegam fracas e hipoglicêmicas (com fome) ou com uma lesão que as impedem de voar, com fraturas nos bicos e nas asas. Já as tartarugas chegam com fraturas nas carapaças. Elas aparecem com marcas ou apetrechos de pesca presos no corpo, afogadas ou obstruídas com lixo que elas acabam ingerindo. Em caso de morte, o Ipram faz a necropsia do animal.

“Ele (o animal) é aberto, para coleta de mais informações, e é analisada a causa da morte. O animal pode ser descartado adequadamente como lixo hospitalar ou virar uma peça anatômica taxidermizada (empalhada). As peças são usadas para educação ambiental para explicar os impactos da poluição”, contou.

Para o diretor-presidente do Ipram, o trabalho feito pelo instituto não é só de idealismo, como muitos podem pensar, mas traz retornos para a sociedade nas áreas de saúde pública e ecológica.

Os pinguins, por exemplo, trazem informações sobre o derramamento de óleo em ambiente offshore, do pré-sal (em águas profundas). Crédito. Ipram.

“Os animais são contaminados por parasitas, fungos, vermes, que são zoonoses que podem passar para crianças e idosos. Esses animais precisam ter um fluxograma adequado. Quando se trata um animal, o médico veterinário está tratando a saúde da sociedade. E esses animais trazem informações importantes aos biólogos”, frisou.

E completou: “Os pinguins, por exemplo, trazem informações sobre o derramamento de óleo em ambiente offshore, do pré-sal (em águas profundas). A contaminação por óleo é constatada por meio de teste na pena.  Os pinguins também alertam para a diminuição da produção pesqueira ao longo dos anos, a sobrepesca. Quando há o encalhe de pinguins é porque está faltando comida no mar. É uma informação ecológica importante”, garantiu Mayorga.

Mayorga recebe título de Gandini: parceria para salvar animais marinhos e terrestres. Crédito. Assessoria parlamentar.

Parceria com o legislativo

O médico veterinário destaca a parceria feita com o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, deputado Fabrício Gandini (Cidadania), que, segundo ele, foi fundamental para que o instituto obtivesse os títulos de Utilidade Pública Municipal e Estadual, o que o reconhece como uma instituição sem fins lucrativos e prestadora de serviço à sociedade, podendo participar de editais e receber recursos públicos.

Ele destaca, ainda, que uma emenda parlamentar do deputado, no valor de R$ 33 mil, garantiu a compra de equipamentos como: cinco Unidades de Tratamento Animal (UTA, espécie de “UTI dos Animais”), além de bombas de infusão (para fazer uma melhor administração dos fármacos), instrumental cirúrgico e aparelhos de Laserterapia (que acelera a cicatrização). “O recurso foi fundamental para que conseguíssemos salvar a vida dos animais”, enfatizou.

O deputado, por sua vez, retribuiu a parceria e elogiou o trabalho. “O Ipram cuida de animais marinhos (o seu foco) e também de silvestres. Sua equipe é formada por médicos veterinários e biólogos com experiência no atendimento da fauna. O nosso mandato não poderia ficar longe de um trabalho tão importante como esse. Além de trabalhar para melhorar a vida das pessoas, com nossas leis e ações, também podemos ajudar a salvar a vida dos animais que chegam ao Ipram”, declarou.

Telefones úteis

– Encontrou um animal encalhado no ES? Ligue 0800-039-5005

– Está com um animal silvestre precisando de resgate? Ligue para a sua prefeitura.

Prefeitura de Vitória

  • (27) 99724-2788

Prefeitura de Vila Velha

  • Ouvidoria 162

Prefeitura de Cariacica

  • (27) 3354-5403 / Ouvidoria 162 / Zoonoses (27) 3346-6518

Prefeitura da Serra

  • (27) 99951-2321 / 0800-283-9780

Ipram

  • (27) 99248-6285
Redação Jornal Tempo Novo

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