“Olham como se fosse o vovô com a ninfeta”

Por Clarice Poltronieri 

O tabu ainda é forte quando a diferença de idade do casal é grande. Para quem se apaixona e decide levar uma vida junto, estar com alguém mais velho ou mais novo é um desafio e um grande aprendizado.

Com uma diferença de 21 anos, e juntos há 17, o casal de Jacaraípe Francisco Castro e Kelly Anne Brito de Castro não teve muitos problemas, mas já sentiu um olhar de preconceito. O casal têm dois filhos, de 14 e de 7 anos.

“O Chico foi meu professor e eu não gostava dele, mas depois o achei interessante. No começo ele relutou por conta da diferença de idade, mas fomos conversando e resolvemos. No início, o filho mais velho dele não aceitou. Hoje já superamos tudo”, aponta Kelly.

“Existe um preconceito velado na sociedade, ninguém fala. Olham como se fosse o vovô com a ninfeta. Já pensaram que ela fosse minha filha. Somos bem resolvidos, inclusive na vida sexual”, relata Francisco.

O casal da Serra-Sede Jailson Francisco Rodrigues e Irene Ribeiro de Andrade Rodrigues, com diferença de 19 anos e juntos há 15, também já sentiu olhares indiscretos. “Percebo olhares reprovadores das pessoas. Na minha família houve resistência no início, mas depois aceitaram”, diz Irene.

Jailson explica como faz para viver bem. “Tem que ter a cabeça tranquila. Se tiver ciúmes, não dá. Ela também é tranquila. Muitos julgam como golpe do baú, mas ela sempre foi independente. No início meus filhos tinham ciúmes, mas hoje se dão bem com ela”, narra.

Já Guaracyara Calmon é 20 anos mais velha que Sandro Amaro Mendes. O casal está junto há um ano. “As famílias receberam bem. O mais difícil foi lidar com o meu preconceito, não me imaginava nessa situação. O segredo é conversar muito e aceitar que a diferença existe, vivendo um dia de cada vez para não nos machucarmos”, aponta.

Ele também ficou temeroso no início, mas logo viu que a diferença não era nada. “O filho dela é da minha idade, não sabia como ia me posicionar, mas tudo fluiu naturalmente. Percebemos olhares de estranhamento só que logo passa”, conclui.