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O sono do tucano na Serra

O PSDB da Serra não reflete em nada o que é o partido a nível nacional e estadual; situação inversa ao PDT e PSB, que têm menos expressão política nas esferas mais elevadas, porém mandam na política local há 20 anos.

E a julgar pelas articulações políticas em curso, essa situação não deve se reverter.  Não se vê a curto prazo movimentação dos tucanos capaz de crescer e enfrentar nas urnas tanto os pedetistas, socialistas e até o petistas.

A impressão que fica é a de que a Serra não existe para os tucanos e que eles não precisam de bases para se manterem fortes no âmbito estadual e federal. E olha que estamos falando do segundo maior colégio eleitoral do Estado, uma cidade com quase meio milhão de habitantes, orçamento anual de R$ 1,4 bilhão e dona do maior parque industrial do ES.

Tem 10 anos que o PSDB só existe no papel aqui na Serra. Nas três últimas eleições municipais, a legenda foi uma modesta coadjuvante, não conseguindo eleger um vereador sequer. O ex-prefeito e ex-senador João Baptista da Motta, nos seus quase 80 anos ainda é a figura mais ilustre do PSDB local e é graças a ele que o partido ainda sobrevive e tem uma história de realizações no município.

Assim foi o posicionamento dos tucanos nas últimas quatro eleições: Em 2000 apoiaram a reeleição de Vidigal; em 2004 não figuraram em nenhuma das coligações formadas; em 2008 voltaram a caminhar com Vidigal.  Já em 2012, comandado por Motta, o PSDB partido ia ficar com Audifax, mas uma intervenção da direção estadual mudou a direção municipal e levou os tucanos para o colo de Vidigal novamente.

Faltam somente oito meses para o fim das filiações partidárias visando a eleição de 2016 e o PSDB não dá demonstração de nenhum esforço para crescer na Serra, mesmo tendo o vice-governador, deputado estadual, federal e ter ‘batido’ na trave na eleição presidencial.

Se o PSDB fizesse um esforço, deixaria de ser figurante para virar protagonista com foco no crescimento econômico, que é o que o município mais precisa agora. Aqui os tucanos estão perdendo para nanicos como PTC, DEM, PRB, PV.

Outro gigante apequenado aqui

 O PMDB tem uma situação um pouco melhor do que a do PSDB, mas está muito longe de ser o grande partido nacional que é. O partido do governador Paulo Hartung se resume, na Serra, ao vereador Luiz Carlos Moreira e tem sido assim há muitos anos.

A última vez que o PMDB disputou uma eleição majoritária na Serra foi em 2004 com Motta, que obteve 8.327 votos contra 111 mil de Audifax. O ex-senador alega ter sido estimulado por Hartung, que o abandonou no meio do caminho em favor de Audifax, e em função disso, deixou sua candidatura correr à revelia. Nas duas eleições seguintes, o PMDB coligou com o PDT, apostando nos projetos de Vidigal.

Apesar das incertezas que cercam a política, tudo indica que essa situação irá persistir. Não se sabe se Silas Maza se filia ou não ao PMDB; se Audifax fica ou não fica no PSB e se Vidigal vem ou não vem candidato à prefeito. Essas dúvidas tornam a política alvissareira, intrigante e emocionante. Mas, a julgar pelas informações que vem do Palácio Anchieta, tanto PMDB quanto PSDB devem continuar no colo de Vidigal, que segundo os bastidores, é hoje o político mais influente junto ao governador Paulo Hartung.

Pessoas que acompanham o Diário Oficial do Estado, afirmam que o deputado federal e ex-prefeito já conseguiu a nomeação de mais de 30 aliados para cargos comissionados no Estado. Isso no contexto de restrições geradas pela propalada crise financeira e desordem administrativa encontrada.

A hora que os dois partidos têm para decolar novamente na Serra é agora. Ou seguirão insignificantes sendo usados pelos maiores.

Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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