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O obscurantismo e o aborto

É lei. Em caso de estupro a mulher tem direito ao aborto. Da mesma forma em que está prevista legalmente a interrupção da gravidez caso haja risco de vida à gestante. O caso da menina capixaba de 10 anos que engravidou após ser estuprada pelo próprio tio se enquadra nas duas situações.

Portanto é muito esquisito que esteja acontecendo tamanho estardalhaço neste caso.  Choca ver na 2ª década do século XXI grupos políticos e religiosos contrários ao aborto fazerem ato defronte e até tentarem invadir o hospital em Pernambuco que acolheu e fez procedimento na menina. Pernambuco porque a equipe médica que atendeu a garotinha de São Mateus no Hospital das Clínicas em Vitória se recusou a fazer o aborto, mesmo após aval da Justiça.

Tanto barulho se explica por uma razão: a ascensão fulminante do obscurantismo no Brasil. Não que os obscurantistas não estivessem sempre aí, mas haviam perdido espaço nas últimas décadas com a evolução – aos trancos e barrancos – da sociedade.  Mas agora a gente obscurantista está empoderada. Perdeu o pudor de defender abertamente suas ideias medievais. Elegeu um entre os seus para presidir a nação.

A ciência e a lei do país consideram que o aborto é o caminho menos danoso para a menina que já carrega consigo um imenso trauma. Assim também decidiram os tutores legais da vítima de estupro.

Claro que há o direito de qualquer cidadão de questionar o aborto. Mas isso deve ser feito dentro de contexto razoável e respeitando as leis. Não fazendo atos em frente a hospitais para constranger profissionais de saúde ou divulgando dados e imagens da criança engravidada.

É disparate evocar valores de doutrinas religiosas para pautar leis. Há de se lembrar que o estado é laico, o que garante inclusive liberdade de culto religioso. Precisa ser assim senão andamos igual a caranguejo.

O curioso é que muitos desses que vociferam contra o aborto no caso da menina capixaba defendem torturadores e até assassinatos. Não é à toa que haja tanta gente duvidando da gravidade da pandemia. Que ache que a terra é plana. Que acredite em remédios sem comprovação científica contra a covid-19. Que não entenda a dimensão do aquecimento global e de outras emergências ambientais.

A desinformação, a falta de empatia e o ressentimento são os combustíveis desse tipo de pensamento. As redes sociais, os catalisadores. Mesmo no meio da névoa desses tempos, permanece a fé deste que vos escreve no humanismo e dos valores republicanos. Por mais difícil que seja.

Redação Jornal Tempo Novo

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