O esforço e o gasto para o sonho de fazer do filho craque do futebol

Wagner Chalo

O futebol brasileiro sempre foi o celeiro de grandes craques. Se antes os jovens aprendiam nos campos de várzea, hoje é diferente. Agora a base dos futuros jogadores é nas escolinhas de futebol. E os pais não poupam tempo e dinheiros no sonho de fazerem os filhos craques famosos e milionários.

É o caso é do Paulinho, morador de Novo Porto Canoa e pai do Nicolas, 14 anos, recém-aprovado em uma peneira do Boston City FC Brasil. Ele conta que o filho já passou em peneiras de grandes clubes, como o Vasco o Santos, mas o custo foi empecilho para que Nicolas fosse para um deles.

“Em 2013 eu fui com ele para Santos, onde ficamos 15 dias. Lá gastei R$ 2 mil. A idade dele e a falta de recurso não deixaram a gente ficar. Então Nicolas entrou na escolinha do Rio Branco de Barcelona. Sou eu quem leva ele para treinar”.

Professor da escolinha Gol de Placa, Roberto Bergamine, treina seu filho que também se chama Nicolas, de 13 anos. Apesar de não gastar com passagem e mensalidade, Beto, como é conhecido, conta que todos os gastos da escolinha saem dos bolsos dos pais. A escolinha, que fica em Pitanga, não possui fins lucrativos e não cobra mensalidade. Os pais apenas ajudam para a compra de materiais de treino e bolas e a associação de moradores do bairro também já deu contribuição de R$ 6,5 mil.

“A gente tem o pensamento no futuro deles e também no nosso. Tem famílias aqui que são muito carentes, e nosso objetivo é formar jogadores, para que eles possam ir jogar em times grandes no futuro e conseguirem ajudar suas famílias,” contou.

O advogado Antônio Queiroz, 35, matriculou o filho, Emanuel Brener, de 11 anos, em duas escolinhas, na Desportiva Ferroviária  e no Unidos de Santo Antônio, em Vitória. Queiroz conta que o investimento é alto, mas que o esforço vale a pena.

“Gasto R$50 com mensalidade, R$ 19 com passagem por semana, viagens para os jogos (de R$10 a R$30 por semana) e lanche das viagens (R$10 por vez). Dos equipamentos, esse ano já foram três pares de chuteira (R$ 449), material de treino (R$120), trocado sempre que muda patrocínio. E ainda caneleira, R$30 o par. Todo esse esforço é porque vi que meu filho realmente está gostando”, frisa.

Titular da seleção brasileira Sub-17 e do Flamengo, o atacante capixaba Lincoln começou em uma escolinha em Feu Rosa. Recentemente disputou o mundial categoria – o Brasil ficou em 3º – e já desperta interesse de gigantes como Real Madrid e Manchester United.