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“O ES não precisa de senador pedinte em Brasília”

Aridelmo diz que União retorna 11% do que o Espírito Santo manda a Brasília. Foto: Gabriel Almeida

Yuri Scardini

Com experiência de 11 anos no Banestes, professor da Ufes e dono de empresas de educação e tecnologia, Aridelmo Teixeira (PTB), ou professor Aridelmo, como gosta de ser chamado, bateu o pé e manteve sua candidatura a governador do ES. Isolado no campo partidário, ele se diz o ‘novo’ na política capixaba, defende o Governo Hartung, da qual fez parte. Além disso, Aridelmo acredita que será possível romper o “recall” do que ele chama de “candidatos tradicionais” e se eleger. Confira:

Sua candidatura veio na esteira da desistência de Paulo Hartung (MDB). Será você a fazer a defesa do legado de Hartung?

Estamos construindo esta candidatura tem mais de dois anos. Eu sou executivo, faço planejamento para 4,5,6 anos a frente. Um dos cenários que tínhamos era o Paulo não ser candidato e nesse caso, teríamos uma candidatura nossa. Aqueles que se mostraram surpresos é porque não trabalham com planejamento, plano A,B,C e D. Agora, é pra defender o legado do Paulo? Quem faz isso é o povo. Por exemplo, o legado dos quatro anos do Casagrande foi negado pelo povo, não deram continuidade pra ele.

Mas as relações desse grupo político são com Hartung?

Tem práticas que o Paulo executou que são extremamente úteis pra sociedade principalmente para as classes menos favorecidas. Porque às vezes você é levado a entender que o equilíbrio fiscal não tem nada a ver com o povo. Lógico que tem, porque toda vez que o Estado se desorganiza quem paga é o pobre. Escola, posto de saúde o serviço público, nada funciona. O Estado estar com as contas em dia é a melhor política pública para as classes mais baixas. Esse legado e outros, a gente não abre mão.

Quais outros, por exemplo?

É um erro descontinuar um projeto que é bom simplesmente pelo fato de ter sido iniciado pelo outro governo. Casagrande, por exemplo, falou que a Escola Viva é marketing. Se você pegar o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), com Casagrande estava em 3.3 em uma escala de zero a dez. Hoje está em 4.1, crescimento de 33%. Há dez anos isso não saía do lugar.

É possível enfrentar essas candidaturas tradicionais e conhecidas?

O eleitor quer uma pessoa que esteja fora do meio político, mas que tenha competência e responsabilidade social e é isso que representamos. Essa é minha bandeira.

Mas esse anseio da população não se transformou em números nas pesquisas eleitorais…

Culpa do recall. Se você perguntar para alguém sobre refrigerante, ela vai falar Coca Cola, mas se você pergunta ‘você toma Coca Cola? A pessoa vai responder: ‘tomo Guaraná’. É a mesma coisa na política. São duas batalhas, a primeira foi conseguir ser candidato, porque nenhum político tradicional gostaria que a minha candidatura aparecesse. Fomos assediados de tudo que é jeito, mas nos mantivemos. Qual é a próxima agora? É conseguir olhar no olho do eleitor para que ele nos conheça com profundidade. Então a primeira batalha é contra o sistema eleitoral e a outra contra o recall.

Como fazer campanha com apoio de apenas dois partidos?

Casagrande tem 18 partidos. Para pendurar essa turma ele vai precisar de 30 secretarias. Sendo que a bem da verdade, umas 9 já seriam suficiente. Se a sociedade votar em mim eu só vou ter compromisso com o meu eleitor; e não preciso dar emprego pra ninguém. No primeiro dia que eu assumir, no mínimo 50% das secretarias vão ser cortadas. Pra onde vai o dinheiro? Pra Educação e para acabar com as filas pra exame médico, que é um carma.

Quais são os caminhos para a economia do Estado depender menos das commodities e dos projetos tradicionais?

Temos que trabalhar para que a nova indústria chegue. Para isso temos que melhorando o ambiente de negócios com simplificação e garantia de regra e investir em qualificação educacional, é assim que a gente vai diversificar.

Que tipo de simplificação?

Tributária, de legalização; de acompanhamento, instalação. É inadmissível que uma planta venha pra cá e demore quatro anos pra receber uma licença.

E quais seriam essa ‘novas indústrias’?

O ES tem uma vocação adormecida, que é o turismo, que está implorando para ser explorado. Mas, historicamente, a violência atrapalhou isso, e agora temos condição de dar a volta por cima. Outra coisa é aproveitar a Sudene no norte do ES e trazer plantas mais arrojadas. Estamos de frente para o mar e na metade do Brasil, e como estamos operando isso?  Com logística de 40 anos atrás. Por exemplo, na Serra do Tigre lá em Goiás poderia fazer uma conexão com a estrada de Ferro Vitória Minas e conectar toda a região do Centro Oeste para escoar a produção do Agronegócio, criando um corredor do Centro Oeste, passando por Minas e chegando aqui.

Como contornar esse isolamento político do ES em Brasília?

O ES não precisa de senador pedinte em Brasília. Nossa bancada não se impõe. Precisamos de uma bancada independente. A gente recebe de investimentos da União 11% do que a gente manda pra lá. E os estados do Nordeste recebem 20 vezes o que mandam pra União, porque os caras gritam, trabalham em bloco, nós não aprendemos a fazer. Já que não temos volume, precisamos ter liderança.

A respeito da não duplicação da BR 101. Caso eleito, o que é possível fazer?

Se a Eco-101 não cumprir eu vou passar pra outro. É simples assim. Ah, ‘mas tá dando prejuízo’. Problema seu, o lucro é seu o prejuízo é seu. A iniciativa privada é pra isso.

Quais são as propostas específicas para a Serra, que sofre com a violência e a pobreza?

O jovem é a principal vítima. E por que disso? É a falta de expectativa de vida. Só é possível mudar isso com Educação. Qual a minha promessa? Ao final dos quatro anos, qualquer jovem da Serra que queira, terá uma vaga em uma escola de qualidade. O que é escola de qualidade pra traduzir? Aquilo que agrega valor na vida dele. O que nós temos que acabar? Com o alvo. Todo mundo que saiu da escola antes do final do ensino fundamental ele vira alvo. Como eu elimino o alvo? Dando expectativa de vida pra ele numa escola.  

Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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