É mais do que preocupante os rumos da saúde no Brasil, o que, obviamente, inclui a Serra. A começar pela sobrecarga no SUS gerada pela queda da renda e desemprego que só faz aumentar a demanda pelo sistema público, uma vez que menos pessoas podem pagar pela saúde privada.
Dificuldade de conseguir atendimento nas unidades básicas, regionais e Upas se agrava, da mesma forma que o acesso a especialistas, procedimentos e tratamentos complexos. E não há cenário de reversão a curto prazo. O desmonte do programa federal Mais Médicos, por exemplo, agravou o quadro na saúde primária. Ainda mais numa cidade como a Serra, onde os filhos das classes média e alta – que são maioria dos formandos em medicina – relutam em atuar.
Soma-se a isso o problema das vacinas. O Ministério da Saúde não tem conseguido mandar antirrábica para imunização de cães e gatos na quantidade necessária, e agora falta até a pentavalente (coqueluche, difteria, hepatite B, tétano e influenza B) para bebês a partir de dois meses de vida. No primeiro semestre, também deixou de enviar o inseticida malathion para o combate do mosquito transmissor da dengue, doença que matou sete pessoas, adoeceu 16 mil e cresceu 2100% na Serra neste ano até o último dia 27 de agosto. Há de se registrar que o mosquito da dengue também passa zika e chikungunya.
E o que dizer do movimento antivacina, que ganhou corpo com a disseminação de informações falsas nas redes sociais? Uma das consequências é a volta de doenças que já estavam controladas ou até erradicadas, a exemplo do sarampo.
Aos problemas respiratórios crônicos que há décadas fustigam moradores da Serra e cidades vizinhas – em boa medida pela poluição do pó preto e outros contaminantes siderúrgicos -, se junta a ameaça da chamada supergripe. Até a última terça-feira (3) já havia registro de 82 casos suspeitos e duas mortes confirmadas pela doença no município.
Se o cenário é desafiador para quem tem plano de saúde, imagine para quem depende do SUS. O sistema público, com todas as suas dificuldades, é referência até internacional. Precisa ser defendido e aperfeiçoado. Por isso, é tão salutar que a sociedade, as lideranças políticas com mandato, ministério público e poder judiciário se mobilizem contra o retrocesso na saúde do país.
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