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Neidia crava seu nome de forma negativa na história política da Serra

A vereadora Neidia Maura. Foto: Joatan Alves

Por Eci Scardini

O que está acontecendo na Câmara da Serra é um fato inédito. A suspensão do mandato de vereador e da função de presidente do legislativo é um fato nunca registrado na história política do Município.

Nem mesmo na época da ditadura militar houve registro semelhante e, caso tivesse havido, os motivos teriam sido outros.
Mas o que aconteceu que levou a essa situação toda?

Primeiro vale frisar que Neidia é uma mulher intensa, vai de um extremo a outro com facilidade; deixa a razão de lado e usa a emoção e agindo assim, comete erros, fica exposta e no mundo político, na posição em que ela se encontra é imperdoável.

Na legislatura de 2009 a 2012, praticamente durante todo o mandato, Neidia travou um duelo com o prefeito Sérgio Vidigal (PDT). Muito alinhada com o então ex-prefeito Audifax, ela usava a tribuna da Câmara para fazer inflamados discursos, ora contra Vidigal; ora em defesa de Audifax. Ela se empolgava tanto que não foram poucas as vezes que lançara Audifax candidato a Governo do Estado, até mesmo em palanques públicos.

Veio a eleição de 2012 e Neidia saiu vitoriosa das urnas, com 2.145 votos. Guto Lorenzoni foi eleito presidente e Neidia ficou ali como coadjuvante. Mas ela queria mais; queria ser presidente, chamou um expert em Câmara para desenvolver e comandar a estratégia de sua candidatura, que foi Aloísio Santana. Ela venceu, em chapa única, mesmo contra a vontade do prefeito Audifax.

Assumiu o cargo de presidente em 1º de janeiro de 2015. Os dois anos em que ela foi presidente (2015 e 2016) foram duros para o seu ex-aliado Audifax Barcelos, que amargou muitos reveses naquela casa de leis. Foram dois anos tensos entre Executivo e Legislativo.
Veio a eleição de 2016 e novamente Neidia sai vitoriosa das urnas, com 2.560 votos. Sentada na cadeira de presidente, adversária de Audifax e com a intensão de permanecer no cargo, ela começou a articular sua reeleição de presidente com os vereadores que foram eleitos no campo da oposição e foi formado um grupo de 12 contra 11 eleitos no campo da situação.

Faltando quase um mês para a posse, em 1º de janeiro de 2017, esses 12 vereadores se ‘refugiaram’, com seus familiares, no sítio do vereador Nacib Hahhad (PDT), em Marechal Floriano, onde passaram o natal e o ano novo. Foram dias de intensos relacionamentos entre eles e seus familiares; tinha-se a impressão que formara ali uma grande família.
Mas na medida em que o tempo passava e as conversas sobre a eleição da Mesa diretora se intensificavam, as diferenças também iam surgindo. Enquanto isso, do outro lado, os 11 mais o prefeito Audifax ficavam ansiosos por uma oportunidade de fisgar um de lá e inverter o placar e ganhar a Mesa, tão necessária para a estabilidade política e administrativa do executivo.
No último dia do ano, com o grupo dos 12 já tendo escolhido o vereador Basílio para ser o candidato a presidente, Neidia deixa o local sob a alegação de ter que assinar documentos na Câmara e nesse momento se aliou ao grupo de Audifax, que garantiu a ela a caneta de presidente.
Nessa mudança de lado, vista pelos antigos aliados como traição, Neidia não tinha noção de que estava selando um destino cruel para si mesma.

No dia 1º de janeiro de 2017 foi a sessão de posse e de eleição da Mesa Diretora. Foi a sessão mais dramática e tumultuada da história política recente da Serra. É até difícil de narrar o que aconteceu naquela sessão, de tão desastrosa, desrespeitosa, sob a presença de mais de uma dezena de policiais militares portando armamento pesado em meio a pessoas que tinham ido ali para assistir uma festa democrática.
O regimento interno foi ‘rasgado’, o processo legal atropelado e no fim Neidia foi eleita presidente, mas para isso deixou todos os demais cargos da Mesa e as comissões permanentes para o grupo do prefeito. Além de ter transformado amigos e aliados em inimigos ferrenhos.

Neidia passou o ano de 2017 tentando remendar os rasgos que ela mesma fez. Ora chamava um; ora chamava outro e assim foi. Alguns suplantaram o trauma, outros se aliaram a ela, mas outros até hoje não digeriram a ‘traição’.
Todas essas ações de Neidia geraram reações das quais muitas foram através de denúncias no Ministério Público, que foram sendo analisadas e investigadas pela Polícia Civil a pedido da Promotoria Cível da Serra e que resultaram em tudo que está aí colocado: afastamento dela da função de presidente e do cargo de vereadora sob a acusação de Rachid (ficar com parte dos salários de servidor), anulação da sessão que a elegeu presidente e com certeza não deve parar por aí.
A intensidade, a eloquência e a explosão de Neidia voltaram contra ela, que tem que correr contra o tempo para provar o contrário, limpar sua ficha e mudar o título de sua biografia política.

Mari Nascimento

Mari Nascimento é repórter do Tempo Novo há 18 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal, principalmente para a de Política.

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