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“Não foi uma escolha do PT ficar sozinho”, diz Cleber Lanes

O advogado Cleber Lanes foi escolhido vice-governador na chapa do PT, encabeçada por Jackeline Rocha

Cleber Lanes (à esquerda) ao lado da candidata ao Governo, Jackeline Rocha e do presidente estadual do PT, João Coser. Foto: Reprodução: arquivo pessoal

Por Conceição Nascimento:

Mineiro de nascimento; serrano de coração. O advogado Cleber Lanes tem sua trajetória marcada pela militância política, especificamente no PT, partido ao qual é filiado desde 1986. Personagem política conhecida no município, Lanes foi escolhido como candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Jackeline Rocha para as eleições de outubro. Nesta entrevista, fala sobre os desafios para eleger representantes da legenda nas eleições de outubro.
Por que o PT optou por uma convenção tão discreta?
Na verdade, o prazo muito restrito e a conjuntura do Espírito Santo, que tinha o Casagrande (PSB) liderando um grupo grande de partidos e tinha o Paulo Hartung (MDB) que ainda apresentava indefinições até o último momento. Então havia ainda a possibilidade de ele [Hartung]  também aparecer como candidato. Então como a gente estava conversando com outros atores políticos adiamos ao máximo nossa convenção para ver se conseguia tirar o partido desse isolamento político no qual ele acabou sendo obrigado a seguir.
Vocês se isolaram ou foram isolados?
Eu diria que a conjuntura estadual é muito difícil e tem reflexos da conjuntura nacional. Tem um leque de partidos aqui no Espírito Santo que têm perfil mais conservador no Sudeste; tudo isso levou a esse estado de isolamento. Nossos parceiros políticos ao nível nacional, um deles aqui era candidato ao Governo, o Casagrande, e foi um dos que apresentou veto à presença do PT na chapa majoritária com eles, alegando que o partido carregava uma rejeição muito grande. Disse que o projeto dele era de juntar vários segmentos ideológicos diferentes e que havia veto à presença do PT por vários motivos, inclusive políticos, porque o PT levava candidatos competitivos para a Câmara dos Deputados.
E tentaram convencer Casagrande para esta costura com o PT?
Enfim, o PT conversou até o final com o bloco do Casagrande e o bloco da Rose de Freitas (PODE), mas o Casagrande acabou fazendo uma política de juntar ao lado dele muitos extremos. Isso a gente até teria disposição de superar, mas no limite foi o próprio Casagrande quem apresentou o veto.
Buscaram coligar com outros candidatos ao Governo do Estado?
Sim, entre eles Rose de Freitas. Com a Rose o veto não foi dado por ela, e sim pelos partidos com os quais o PT teria que fazer alguma perna eleitoral. Então não restou pra nós outra alternativa aqui no Estado. Como a gente precisa ter o palanque para o projeto nacional, o PT optou por última hora de apresentar nomes alternativos. Assim, a convenção oficial remeteu para a Executiva a decisão sobre os últimos procedimentos da candidatura.
Qual será a estratégia para a campanha?
O cenário nacional é o que nos motiva, porque a perspectiva da estratégia nacional ter um êxito é muito grande. Lula foi e tem sido, até o presente momento, o líder que tem pautado essas eleições, embora encarcerado. Isso nos anima para esse projeto alternativo, pois ao invés de o PT capixaba apresentar os mesmos nomes de sempre, com todo o respeito que a gente tem aos companheiros mais históricos, mas é uma oportunidade de apresentar nomes novos, com novas ideias; não no sentido ideológico. Nesse aspecto, nosso trabalho agora tem sido de montar um programa de governo, uma plataforma de campanha, e apresentar para a sociedade esse nosso modelo de governar, porque a gente não precisa ir longe do Espírito Santo para pegar modelos exitosos; temos a Prefeitura de Vitória, de Cariacica, onde temos serviços prestados.
É possível trazer ao eleitor um resgate histórico do PT capixaba?
Defender esse legado no Espírito Santo é uma tarefa desafiadora em um momento de isolamento político. Mas se por um lado tem o isolamento, por outro lado tem a perspectiva de fazer uma aliança com a sociedade capixaba, que não está satisfeita com esses projetos que se amontoam e que escondem interesses de tanta gente diferente para quem o que vem em primeiro lugar não é o interesse do trabalhador.
Qual será a estratégia de campanha?
O desafio nosso é grande, de chamar o voto no 13. Precisamos eleger deputado federal e deputados estaduais; senadora… isso abre pra gente a perspectiva de reafirmar o voto no projeto nacional lincado no projeto estadual, que é das políticas públicas. Está na memória do povo os anos dos governos Lula e Dilma, quando o povo experimentou um momento diferente. Nossa expectativa é dar esse recado de que queremos sair desse isolamento. É uma eleição que pode dar dois turnos em nível nacional e estadual; tem ambiente para juntar a esquerda em um eventual segundo turno.
Como avalia as alianças do partido em nível nacional?
Minha avaliação é de que no aspecto nacional o PT fez um belo arranjo político que fortalece as esquerdas e que por pouco o PDT ficaria com a gente; mas é um aliado em um eventual segundo turno, com Ciro, Lula ou alguém que represente a chapa. No Espírito Santo muda porque aqui ganha contornos diferenciados. Aqui o Casagrande sempre foi aliado do PT, mas nesse momento ele faz um movimento muito forte à direita e isso nos faz repensar nossa postura em relação a ele.
E como fazer uma chapa competitiva sem coligações proporcionais?
O PT está com dez nomes para federal e chapa completa para estadual. Nossa perspectiva é de que a gente rompe a barreira da legenda para um federal, podendo chegar a dois; até por conta de ficar isolado, mas tendo um eleitor cativo, que sabe que ao eleger um deputado do PT estará  fortalecendo a governança federal. Vamos trabalhar com essa lógica, com esse mote de campanha ‘não adianta eleger Lula presidente e não dar pra ele sustentação no Congresso Nacional’. A gente acha que com esse discurso e o plano de governo voltado para o avanço das conquistas sociais, a gente consegue recuperar um percentual importante da nossa base política. Vamos nos preparar para fazer de dois a três deputados estaduais.  Nesse aspecto é um quadro de isolamento e desafio. É o PT com o PT, é hora de saber quem é e quem não é PT. O povo sabe onde o cinto aperta e nosso dever é colocar uma opção que avance para os trabalhadores e ter o resultado da democracia.
Quais são as bandeiras que pretende levantar na campanha?
O Judiciário hoje em dia está legislando, governando; o Legislativo está judicializando. A gente precisa fazer esse debate para retornar os poderes da República cada um no seu, resgatar a democracia. O que vale é o voto popular. O PT perdeu várias eleições e respeitou o resultado, agora quando o PSDB perde não respeita? Esse recado a gente quer deixar nas urnas.
Quais são as primeiras ações da campanha?
Estamos agendando um momento reservado para discutir o programa de governo, vamos socializar isso com a coordenação de campanha. Em seguida marcar um planejamento estratégico como marketing, estrutura de campanha, logística. Tudo de maneira alternativa; porque também a gente acompanha esses processos eleitorais, ainda não temos estratégias definidas, mas está muito presente na memória das pessoas os 13 anos de governo do PT. Tem uma realidade nacional interessante;  Nordeste inteiro, quase que majoritariamente, querendo a volta do PT e do Lula. Temos ainda exemplos de resistência em Minas Gerais e no Espírito Santo.
Então sair sozinho também foi uma decisão da militância?
Não foi uma escolha do PT ficar sozinho; foi o resultado dos interesses que estão em disputa neste momento. Na verdade o PT tem a maior base social do Brasil, acumulada. Precisa dialogar mais com sua base, que é consciente e cobra. O máximo que fizer para estar em sintonia com ele, não estará 100% porque é uma base que vai mudando a todo momento. Eu diria que o PT capixaba está dizendo que não vamos nos curvar e que vamos defender o legado do Partido dos Trabalhadores, extremamente ligado à candidatura do Lula; fazemos isso para oferecer a ele a oportunidade de, através do nosso palanque, dialogar com os capixabas, apresentar sua narrativa sobre esse golpe e voltar a fazer o nosso povo sonhar com o Brasil que a gente quer, que é mais inclusivo.
Mari Nascimento

Mari Nascimento é repórter do Tempo Novo há 18 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal, principalmente para a de Política.

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