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Mulheres viram alvo da intolerância política

 

A polarização acirrada na disputa presidencial exacerbaram os ânimos. Os debates deram lugar a ofensas verbais e até agressões, criando medo em muita gente. Principalmente nas mulheres, que se tornaram alvos preferidos da intolerância. 

A moradora de Valparaíso, Nanna Sad, disse que tirou o adesivo de seu candidato Jair Bolsonaro (PSL) do carro por medo. “Fui chamada de fascista, racista, que sou a favor da tortura, que minha posição era ridícula, que eu não pensava nos meus filhos. Já fui casada com um negro. Não sou racista, tenho um filho descendente de índio. Me chamaram de riquinha, que não sei o que é passar necessidade, de ‘bolsomínia’, de intolerante. Teve discussões em que eu me senti coagida, inclusive com familiares. Tirei do meu carro o adesivo do Bolsonaro com medo de ser apedrejado por petistas. Não sou a favor do PT, mas respeito as pessoas que irão votar no partido. Mas, por meus filhos, quero mudança radical no país”, defende.

Uma jovem de Morada de Laranjeiras, que não quis se identificar, precisou trocar de turno na faculdade porque se declarou a favor de Fernando Haddad (PT). “Percebi olhares diferentes de uns colegas de faculdade depois de uma aula de Sociologia sobre machismo no ambiente de trabalho. No 1° turno, no grupo de WhatsApp da turma, todos postaram memes e postei o meu, contra o Bolsonaro. Começamos a discutir política e eles usaram termos como ‘feminazi’, ‘desocupada’, ‘cala a boca e vai limpar a casa’, além de banalizarem meu posicionamento político, falando que eu exagerava, que na ditadura não houve tortura, entre outros comentários.

A jovem disse que saiu do grupo do aplicativo, mas os membros continuaram com as ofensas. “Depois que saí, uma amiga que permaneceu no grupo me mostrou que seguiram as humilhações à minha pessoa, com termos como ‘histérica’, ‘mal-comida’. Na sala de aula, os olhares intimidadores aumentaram. Abri um processo na coordenação da faculdade com testemunho da professora de sociologia, da amiga e dos prints das conversas. A coordenadora do curso me orientou a trocar de turno, pois temia dos autores das ofensas ao saberem do processo. Ela acabou me revelando que essas ocorrências aumentaram na faculdade, principalmente com mulheres”, explicou.  

Medo e insônia também entre homens

Além das mulheres, o medo também atinge homens. É o caso de Lucas Martins, professor em Jacaraípe, que perde o sono com medo do resultado. “Quando me deito, levo horas para dormir com medo do resultado. Já sou agredido verbalmente nas redes. Tenho medo que isso saia do virtual”, diz.

Um jovem de Castelândia, que preferiu não se identificar, tem usado remédios para dormir. “Só durmo com remédios. Sou homossexual, negro, pobre e já estou sendo agredido nas redes sociais por ser contra Bolsonaro. Tenho medo de piorar se ele vencer”, teme.  

Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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