Categories: Meio Ambiente

Moradores de condomínio cobram coleta seletiva do lixo na Serra

Moradores de Valparaíso coletaram três toneladas de vidro. Foto: Divulgação

Depois de semanas fazendo trabalho de separação de lixo, moradores de um condomínio de Valparaíso reclamam que não tem como destinar as cerca de três toneladas de vidro juntadas. Alegam que nem a empresa Corpus, responsável pelo lixo da cidade, nem a Prefeitura dão solução e criticam o município por, na visão deles, não manter um serviço mais abrangente de coleta seletiva. Já a Prefeitura diz que problemas na coleta seletiva estão acontecendo por conta da pandemia.

As críticas vêm de moradores do condomínio Paradiso Club, em Valparaíso, que há três semanas iniciaram um projeto para coleta seletiva de vidro. O condomínio possui 440 unidades habitacionais.  “Conseguimos coletar três toneladas só de vidro. Liguei para a Prefeitura, que disse que não faz a coleta separada. Entrei em contato também com a Corpus que não me respondeu”, conta uma das moradoras responsáveis pela iniciativa, Lílian Souto Oliveira.

Lílian, que também é advogada civil, empresarial e ambiental, cobra do município coleta seletiva domiciliar. “Logo após a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, em 2010, o município assinou Termo de Ajustamento de Conduta, onde fez o compromisso de exigir da concessionária de lixo coleta seletiva e repasse à cooperativas de catadores das receitas da venda do material reciclável. Agora, com a pandemia, isso seria ainda mais importante para ajudar a combater à pobreza na cidade”, avalia.

Síndico do condomínio Paradiso Clube, Wilson Depiente, lamenta. “Fizemos a nossa parte, enchemos quase três contêineres de lixo. Agora, na hora do descarte, a prefeitura quer recolher tudo junto com o lixo úmido, ou seja, não será reciclado. A única opção que temos é ligar para alguma empresa particular, mas aí cobram pelo deslocamento do carro coletor e peso do material”, diz.

A polêmica também chegou ao Shopping Laranjeiras, onde o síndico do estabelecimento, Fernando Diniz, afirma que já tentou implantar coleta seletiva, mas desistiu porque, segundo ele, a Serra não oferece o serviço de porta em porta. “A única coisa que conseguimos separar foi papelão, mas porque fizemos parcerias com particulares, que levavam o material. Moro em Vitória e lá os condomínios residenciais já tem separação do lixo porque a prefeitura coleta. Sei que em Vila Velha também já tem o serviço”, afirma.

O outro lado

Através da assessoria de imprensa, a Corpus Saneamento e Obras informa que desconhece o pedido do condomínio Paradiso Clube e afirma que, até o devido momento, não recebeu nenhuma solicitação oficial do mesmo para coleta e destinação de material reciclável em seus canais oficiais de contato com o público.

A empresa disse ainda que para que a solicitação seja atendida é necessário entrar em contato com a Secretaria Municipal de Serviços (SESE), através do telefone: (27)3251-5879/ 6425 ou pelo e-mail: sese@serra.es.gov.br.

A Corpus assumiu o serviço em janeiro deste ano, substituindo a Engeurb, que era a responsável pela coleta há anos. Na ocasião da mudança, a Prefeitura da Serra disse que o serviço passou a custar R$ 70,8 milhões anuais, sendo que o contrato da Engeurb era mais caro, saía a R$ 75,6 milhões por ano.

Município diz que contrato com a Corpus

prevê o serviço, mas promete ampliação

Em nota, a Prefeitura diz que faz coleta seletiva em 111 contentores (caixas) espalhadas pela cidade, onde o morador precisa se deslocar até eles para descartar o material reciclável. Essas caixas, que são sinalizadas e chamadas de Locais de Entrega Voluntária (LEV’s), estão distribuídas em 11 bairros (um deles é Valparaíso, veja lista abaixo), 85 escolas municipais, Prefeitura, Pró-Cidadão e Farmácia Cidadã Estadual.

A Prefeitura afirmou também que o contrato com a Corpus prevê a coleta seletiva nos condomínios, mas disse que o serviço foi suspenso durante a pandemia. Segundo a Prefeitura, para preservar a saúde dos coletores e dos membros das associações de catadores, uma vez que há risco de contaminação pela covid-19 no manuseio dos materiais.

Caixa colocada pela Prefeitura na região da Serra Sede. São 111 espalhadas pela cidade. Foto: Divulgação/Prefeitura

A Prefeitura prometeu iniciativas para ampliar e melhorar a coleta seletiva. Informou ainda que 11.480 toneladas de lixo doméstico são recolhidas por mês das residências. Nesse mesmo intervalo, são coletadas 13, 5 toneladas nos Locais de Entrega Voluntária (LEV´s), o que equivalente a menos de 0,1% da quantidade de lixo doméstico recolhido.

Números que dão a dimensão do quanto a coleta seletiva do lixo doméstico na Serra ainda é pequena.

Confira na íntegra o posicionamento da prefeitura.

O contrato com a Corpus prevê o serviço de coleta seletiva dos materiais recicláveis e há contentores para depósito pelos moradores espalhados por toda a cidade, incluindo Valparaíso. No entanto, com a pandemia do novo coronavírus, as associações de catadores, parceiras que recebem o material coletado pela prefeitura, suspenderam as atividades, visto que o manejo desses materiais recicláveis é uma atividade de alto risco contaminante. Além disso, o projeto da prefeitura e da Corpus de implantar coleta seletiva em condomínios teve de ser suspenso para garantir a saúde dos coletores por causa da pandemia.

Desde 2007, a coleta desses resíduos, depositados pelos moradores em contentores espalhados pela cidade, é feita pelo município e encaminhada para as associações de catadores Recuperlixo; Abrasol e Amarvila.

Está em fase de estudo uma parceria com entidades, empresas, condomínios e outros para coleta e enviado às associações de catadores da Serra.

Além disso, o município está implementando, em parceria com a empresa Green Ambiental, a coleta seletiva de vidro utilizando as associações como PEV’s – Ponto de Entrega Voluntária.

São coletadas cerca de 11.480,00 toneladas de resíduos sólidos domésticos por mês, e cerca de 13,50 toneladas por mês de materiais recicláveis dos Locais de Entrega Voluntárias (LEVs). Os PEV’s são áreas do projeto João de Barro, para a gestão de Resíduos da Construção Civil (RCC) e volumosos.

Atualmente, há 111 LEV’s na Serra, sendo 22 localizados em ruas dos bairros Parque Residencial Laranjeiras, Colina de Laranjeiras, Castelândia, Morada de Laranjeiras, Valparaíso, Jacaraípe, Barcelona, Santo Antônio, Caçaroca, Porto Canoa e Centro da Serra. Também há 85 em Unidades de Ensino da rede municipal, 2 na Prefeitura, 1 no Pró-Cidadão e 1 na Farmácia Cidadã Estadual.

Redação Jornal Tempo Novo

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