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Mais uma anta morre atropelada na BR 101

A anta era uma fêmea já adulta e apta a se reproduzir. Foto: Divulgação Pró-Tapir

Mais uma anta foi atropelada e morta na rodovia BR 101, na região de Linhares e Sooretama. Pelo menos outros cinco atropelamentos da mesma espécie, incluindo um bebê ainda na barriga da mãe, foram registrados nos últimos quatro anos.

A vítima foi uma anta fêmea adulta já apta a se reproduzir. O acidente aconteceu no último dia 17 e ao que tudo indica, o acidente envolveu um veículo de grande porte e durante a noite no trecho da rodovia que corta a Reserva Natural Vale e a Reserva Biológica de Sooretama.

Segundo informações do Instituto Últimos Refúgios o animal foi levado até a Rebio Sooretama, onde a equipe do Programa Pró-Tapir realizou a necropsia.

Moara Cuzzuol Gomes, veterinária responsável pela ação, disse que a colisão foi tão forte que a anta teve costelas, pelve (bacia) e fêmur quebrados, vários hematomas musculares, além da ruptura do diafragma, pulmão e fígado. Havia várias escoriações pelo corpo do animal, especialmente do lado esquerdo, o que indicou também o local da colisão.

A anta é um animal herbívoro e que consome muitos frutos, inclusive de espécies exóticas, como a manga e a jaca, que ocorrem geralmente em paisagens com muitas propriedades rurais. Durante a necropsia foram encontrados muitos caroços dessas frutas em seu aparelho digestivo, o que atesta a presença desses alimentos em sua dieta.

A bióloga Andressa Gatti, que também é coordenadora do Programa Pró-Tapir a ocorrência de diversas mangueiras na borda da rodovia acaba se tornando um fator de risco para esses e outros animais que habitam as reservas e que acabam indo em direção à rodovia atraídos por esse tipo de alimento.

Andressa disse ainda que com a perda desse indivíduo, também se perdem todas as interações das quais ele participa, especialmente a possibilidade de dispersar sementes de frutos que só as antas conseguem consumir. A bióloga frisou que a anta é uma espécie ameaçada de extinção, que já possui populações bastante reduzidas em toda a Mata Atlântica. “Medidas urgentes precisam ser tomadas, como a supressão dessas árvores, o que poderá diminuir muito o risco das antas e de outros animais silvestres serem atropelados ao cruzarem a rodovia.” 

De acordo com Andressa, outra medida que pode amenizar o impacto do excesso de velocidade da rodovia nas populações de animais que habitam as duas reservas é a permanência dos redutores de velocidade, bem como a instalação de outros ao longo do trecho da BR que corta o bloco florestal.

Entidades cobram da Eco 101 medidas para reduzir mortes

O Instituto Últimos Refúgios entregou uma proposta de melhorias na rodovia BR 101, para o Ministério Público Federal, que segundo, informações do Instituto, fez a exigência para a Concessionária Eco 101. As propostas são do professor da UFES, Aureo Banhos, e do presidente do Últimos Refúgios, Leonardo Merçon.

Entre as medidas recomendas pelo instituto estão da redução da velocidade da via para 60 km/h em todo o trecho de 25km.

Instalar radares de trecho inteligentes que registram e monitoram a velocidade dos veículos.

Desobstruir os túneis de drenagem de água sob a pista que podem servir como passagem de fauna. Fazer o cercamento (planejado) da via de forma direcional para os túneis.

Controlar as árvores frutíferas exóticas das margens da estrada (mangueiras e jaqueiras, por exemplo). Colocar placas temáticas de advertência e educativas no trecho.

Instalar passagens de estrato arbóreo (passagens aéreas) para travessia de animais arborícolas (macacos e bicho-preguiça, por exemplo). Retirar o lixo das florestas e corpos d’água no entorno na rodovia.

Além de promover ações de sensibilização dos usuários da rodovia e disciplinar o uso da via pela comunidade e empreendedores locais.

A reportagem entrou em contato com a concessionária Eco 101 para saber quais medidas foram adotadas para evitar os atropelamentos e assim que a demanda for respondida será publicada neste espaço.

Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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