O rompimento da barragem de rejeitos da mineração da Vale em Brumadinho – MG em janeiro de 2019 afetou a indústria no Espírito Santo e, consequentemente, a economia da mais industrializada cidade do estado, a Serra. Dados do IBGE apresentados na última terça-feira (11) pela Federação das Indústrias do ES (Findes) apontam retração de 15,7% na produção industrial capixaba em 2019. Número muito acima do desempenho da produção industrial em todo o Brasil, que teve recuo de 1,1% no mesmo período, conforme o IBGE a queda também está diretamente relacionada ao rompimento da barragem da Vale.
Isoladamente, a indústria extrativa mineral – segmento onde atua a Vale – teve queda ainda maior no Espírito Santo, com recuo de 21,1% em relação a 2018. Situação muito sentida na Serra, uma vez que além de abrigar parte das atividades da Vale no Complexo de Tubarão e abrigar trecho final da ferrovia Vitória – Minas por onde vem o minério de ferro extraído em Minas Gerais, o município também tem instalações da ArcelorMittal Tubarão, gigante do aço cuja produção depende do insumo fornecido pela Vale. A unidade da ArcelorMittal reduziu sua produção ao antecipar a paralisação de um dos seus auto-fornos para obras em razão da menor oferta de minério de ferro.
A produção industrial do Espírito Santo já vinha sofrendo desde a paralisação da Samarco (Vale + BHP Billiton) no final de 2015, com o rompimento da barragem da mineradora em Mariana – MG. Apesar do complexo portuário e de pelotização da Samarco ficar em Anchieta, no sul do ES, a Serra foi muito afetada, pois empresas instaladas na cidade eram fornecedoras ou prestavam serviços à Samarco.
Segundo estimativa da Findes, por conta da paralisação, feita no final de 2016, só na Serra deixaram de circular R$ 300 milhões/ano, o que gerou demissão de 350 pessoas. Há expectativa do retorno da Samarco no 2º semestre de 2020, mas com produção reduzida.
Em nota a Vale informou que sua produção de finos de minério recuou 21,5% e a de pelotas 24,4% ano passado em relação a 2018. Segundo a assessoria de imprensa da mineradora, os números são da produção em todo o país. A empresa disse ainda que trabalha para retomar e estabilizar a sua produção e espera restabelecer seus estoques em 2020. Informa também que as chuvas em Minas Gerais estão impactando a produção e que a epidemia de coronavírus na China também pode ter reflexo na exportação de minério.
Outro pilar da economia capixaba, a produção de celulose branqueada de eucalipto, também teve forte queda em 2019 e ajudou a derrubar o desempenho da indústria no ES. De acordo com os dados do IBGE, o tombo da produção ano passado foi de 31% em relação a 2018, que também já vinha com desempenho negativo. A única fábrica de celulose do ES fica em Barra do Riacho, Aracruz, e em janeiro do ano passado foi comprada pela Suzano. A empresa já foi Fíbria e, antes disso, se chamava Aracruz Celulose.
Na Serra, a Suzano tem cerca de 5 mil hectares de terra (o equivalente a 9% de todo o território do município), onde mantém eucaliptais em pelo menos metade dessa área.
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