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Julho de 9 assassinatos

Por Bruno Lyra

Julho último já é considerado um mês histórico para a Serra, cidade que chegou a ser mais violenta do mundo anos atrás. Pela primeira vez desde 1996, a cidade teve menos de 10 assassinatos num mês. No caso deste julho, nove, precisamente. Cada vida tem seu valor, por isso o dado não é algo que se deva comemorar, a não ser que a chegue a zero.  Mas é positivo e leva a reflexões.

A mais óbvia é: O que explica tal queda? A Serra, assim como o Estado, vive as consequências sociais das crises política e econômica que atingem o país. Desemprego alto, SUS pior, rede de seguridade e assistência social menores. E até que se tenha notícia, não houve nenhuma grande melhora no aparelho estatal da segurança.

Pelo contrário. A PM tem dificuldades (vide a greve de fevereiro de 2017), a polícia investigativa (Civil) segue com baixo índice de resolução de homicídios por conta da histórica defasagem de pessoal e infraestrutura. O sistema carcerário continua muito mais como ‘pós- graduação’ do crime do que como espaço de punição e preparação para reinserção de infratores ao convívio social.

Outro fator relevante é que o recuo nos assassinatos acontece num tempo em que não há nenhum grande vetor de desenvolvimento ocorrendo na cidade e no ES. Na verdade ocorre o oposto. O setor mínero siderúrgico, âncora do crescimento populacional e vertiginoso da Serra a partir da década de 1970 (e que também foram acompanhados pelo crescimento da violência) dá sinais de declínio. Vide os casos Samarco, Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU) e ferrovia litorânea sul.

Arcelor Mittal e Vale anunciaram investimentos ambientais para tentar amenizar multas e processos que recaem sobre ambas por poluição. Serão 2,5 mil vagas temporárias de trabalho. Será interessante ver como ficarão os homicídios na Serra durante as obras.

Outro fato curioso sobre a estatística de assassinatos em julho: o dado foi divulgado pelo Governo no dia 02 de agosto, quase de bate pronto, o que é incomum. Há anos Tempo Novo cobre números mensais desses crimes e nunca a divulgação foi tão rápida. O normal é sair em 15, 20 dias ou até mais. É ano eleitoral. Tomara que seja a realidade. E que a Serra deixe de ser uma das capitais mundiais da matança. 

Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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