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Jamir Malini: de origens humildes a conciliador na política capixaba

Jamir Malini: de família humilde, o deputado estadual abre seu coração e conta sua história de luta, superação e trabalho, além de projetar seus planos para o futuro. Foto: Divulgação

É difícil encontrar na política pessoas que se dispõem a dialogar e conciliar para alcançar o entendimento, embora seja esse o verdadeiro objetivo da atividade pública. O Deputado Estadual Jamir Malini faz parte desse seleto grupo de políticos que não se interessam pelo confronto e que têm o foco no atendimento das necessidades das pessoas, independente das facções políticas. Nesta entrevista, ele fala desse jeito peculiar de ser e revela seus planos para o futuro.  

[TN] Deputado, enquanto a maioria grita e perde a razão, o senhor não altera a voz na busca do entendimento. De onde vem esse equilíbrio e essa maturidade política?

JAMIR MALINI  Você disse bem, maturidade política! É preciso refletir mais sobre isso. Eu venho de uma família de 8 irmãos, era um colegiado interessante que me obrigava a desenvolver a arte do diálogo e do entendimento. Meu pai era vaqueiro, um homem muito severo com a educação dos filhos, ele não tolerava gritos e nem briga entre irmãos. Eu aprendi desde cedo a dialogar, jamais entro em  confronto com quem quer que seja, defendo o direito que cada um tem de se expressar. Não é porque alguém pensa diferente de mim que vai virar meu inimigo. Na política eu funciono assim também, converso com todo mundo, dialogo com todas as correntes de pensamentos, sempre com o foco no interesse da população. No meu coração não tem lugar para o ódio, só para o amor.

Mas ódio é o que mais se vê na política. Parece que ao invés de avançar, a representação política está andando para trás. Essa é a sua percepção?

Infelizmente é isso que está acontecendo. Embora nas igrejas as pessoas falem o tempo todo que somos todos irmãos, do lado de fora as facções se armam para atacar umas às outras. É guerra no tráfico, é guerra na política, não há diferença. Mata-se com bala de fuzil e mata-se também com palavras e ações nocivas. Tudo que vem revestido de ódio não faz parte do plano divino, está em desacordo com as leis de Deus, eu penso assim. Quem faz política armado presta um desserviço à população, que já não aguenta mais ver tanto menino grande brigando. Quando dois políticos brigam pela posse de um território, é a população quem sofre o maior prejuízo. Isso não é justo.

O senhor acredita que forças divergentes podem conviver pacificamente pelo bem comum?

 Acredito sim e trabalho para isso o tempo todo. Eu prego a união das forças políticas para o bem das cidades, do Estado e do país. O ego tem feito muitos estragos na política, todo mundo quer ser o autor exclusivo de uma obra. Ora, não existe isso, todos que trabalham na atividade pública são co-autores de tudo que é produzido com dinheiro público. Como vice-líder do Governo do Estado na Assembleia, eu me sinto co-autor de tudo que o Governo de Paulo Hartung está realizando no Espírito Santo, uma vez que a função de um Deputado não é só criar leis, mas fiscalizar o Executivo e defender o interesse público nas votações de projetos que interferem na vida das pessoas. O ódio e a divergência são péssimos conselheiros em qualquer atividade humana, eles representam o atraso, a velha política.

Filho de vaqueiro, casa com oito filhos, tudo isso indica que o senhor teve uma infância difícil e nem por isso é uma pessoa amarga. Qual é o segredo de ficar de bem com a vida mesmo na dificuldade?

 Eu sou um homem de fé, muita fé. Sempre achei que quando a gente está vivendo uma situação difícil, Deus na verdade está fortalecendo a nossa alma. Assim que eu tive a minha primeira filha, a Luisa, eu vivi uma situação dramática. Minha mulher, a Luciana, teve um AVC com 29 anos de idade. Todo o meu sonho de construir uma família com a pessoa que eu mais amo estava indo por água abaixo, um buraco negro se abriu diante dos meus pés, eu perdi o rumo. Foi o maior medo que eu já senti na minha vida. Mas depois que a tempestade passou, e que graças a Deus a Luciana venceu o obstáculo, sem ficar com nenhuma sequela, eu percebi que aquela experiência fortaleceu ainda mais o nosso amor, entendi o valor de uma família na vida de um homem. Resumindo: a dor fez de mim um ser humano melhor. Hoje eu não peço a Deus para tirar os problemas do meu caminho, só peço força para passar por eles sem perder a fé.

 Tendo uma infância difícil, cheia de privações materiais, o senhor se lembra de algum episódio em que essa fé foi abalada?

De forma alguma. Eu sempre procurei enxergar o lado bom das pessoas e das situações e nunca soltei a minha mão da mão de Deus. Quanto mais difícil a coisa, mais eu aperto a mão Dele. Lá em casa faltava dinheiro sim, mas graças a Deus amor e comida a gente tinha. Comida simples, quase todo dia era arroz, feijão e ovo. Quando a coisa apertava, minha mãe alimentava a filharada com a comida que ela fazia para os nossos porcos. Era um sopão feito com o que a gente tinha na horta e sobras de alimentos: mamão verde, banana, abóbora, milho, ovo, arroz, feijão. Alimentava do mesmo jeito. Importante era o cuidado que ela tinha com os filhos. 

Por que o senhor entrou na política e para onde está indo?

 Olha, para onde estou indo só Deus pode te afirmar. Estou tentando fazer bem a minha parte, dando um passo de cada vez, movido unicamente pelo desejo de ajudar as pessoas. Eu me identifico com os mais necessitados porque já senti a dor deles, é diferente de quem conhece o povo só pelos livros de Sociologia. Eu sei o que é viver numa casinha de madeira – quando eu cheguei na Serra, em 1997, a minha casa era um barraco de madeira. Quando chove é terrível, a gente passa a noite desviando das goteiras, com medo até dele não resistir à força do vento e cair. Eu sei o que é não ter uma mesa farta, não ter banheiro dentro de casa, não ter um trabalho digno para sustentar a família. Passei por tudo isso, tenho então o compromisso moral de trabalhar para melhorar a vida dos mais necessitados. É a minha gente.

 Quais são os seus planos para o futuro?

Olha, eu não costumo projetar muito a vida não, gosto de viver com intensidade o presente, dia após dia, sabendo que o hoje é o alicerce do meu amanhã. Tudo que sei é que vou concorrer a um mandato de Deputado Estadual na eleição de outubro. Já assumi duas vezes o cargo por períodos muito curtos, mas como suplente. Quero ver se desta vez eu chego lá para exercer integralmente um mandato, com começo, meio e fim. Se for da vontade de Deus, será um passo importante na minha vida. O líder pacifista Martin Luther King dizia uma coisa que me inspira muito na política:“Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo. Com fé.”

 

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Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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