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Jacaraípe se mobiliza para trazer Exército e Força Nacional

Cerca de 200 pessoas participaram do ato na Abdo Saad, segundo organizadores. Foto: Divulgação

Bruno Lyra

A união faz a força. O ditado pode ser até batido, mas nada melhor para retratar a reação dos comerciantes e moradores da grande Jacaraípe na Serra à onda devastadora de violência e medo que se espalhou com o aquartelamento da PM há sete dias.

Depois de uma semana de tiroteios, assaltos, lojas fechadas –  cerca de 30 delas arrombadas – na região, a comunidade resolveu agir. Fez um protesto na manhã desta sexta – feira (10) para pedir que as Forças Armadas e a Força Nacional de Segurança disponibilizem patrulhas permanentes na região, como já vem acontecendo em alguns outros locais da Grande Vitória.  Cerca de 200 pessoas participaram do ato.

E ainda na tarde desta sexta devem se reunir e entregar ao comandante da Força Tarefa Conjunta no ES, general de brigada Adilson Carlos Katibe, um documento para formalizar o pedido. Desde a última quarta-feira(08) a Força Tarefa comanda a segurança pública do ES, com agentes das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança, que devem chegar a 3 mil combatentes neste fim de semana, segundo o Governo do ES.

Um dos articuladores da mobilização de Jacaraípe é o comerciante José Fernando Pereira. Segundo ele a ação envolve o Movimento Popular, Associação Comercial, Conselho Interativo de Segurança , além das diversas Associações de Moradores dos bairros que compõe a região.  

“A Grande Jacaraípe tem cerca de 70 mil moradores, mais de 200 estabelecimentos comerciais, sendo que 30 deles sofreram assaltos ou arrombamentos de segunda –feira (06) para cá. Se ouve tiroteio a qualquer hora do dia ou da noite, ontem (quinta,09) um grupo de homens armados por pouco não assaltou uma padaria cheia de clientes. Todo o comércio está fechado, restaurantes também, a praia está vazia”, relata.

Fernando diz que comerciantes e a comunidade pleiteiam a disponibilidade de pelo menos um grupamento de homens e veículos da Força Tarefa para circular nas avenidas Abdo Saad, Minas Gerais, Guarani, Todos os Santos.  Podendo assim, se deslocar para qualquer ponto da região com rapidez quando alguém acionar o telefone 190.  

O também comerciante Edson Bissoli, da Edinho Motos, disse que comerciantes fizeram barricadas com caçambas de entulho em frente as lojas, já que veículos vem sendo usados por saqueadores para arrebentar as portas dos estabelecimentos.

“Como já servi ao Exército, acabei tendo a ideia de fazer a barricada em frente a minha loja e ajudei outros comerciantes a fazer o mesmo. Tenho compartilhado a minha experiência em defesa com os colegas, para que um ajude a proteger o outro. Mas precisamos do suporte das Forças Armadas”, observa.

Viaturas e agentes da Guarda Municipal foram vistos hoje na. Foto: Divulgação

Segundo Edinho homens do Exército já foram vistos na região nos últimos dias, mas ainda de forma esporádica e insuficiente na opinião da comunidade. 

Os comerciantes relataram que logo após o protesto desta sexta chegaram a região viaturas da recém criada Guarda Municipal da Serra, o que foi comemorado pela comunidade. A única preocupação é o fato da Guarda, cujo primeiro dia de trabalho nas ruas da cidade é justamente hoje (10), ainda não estar portando arma de fogo por falta de autorização da Polícia Federal.

Moradores da periferia se sentem abandonados

Até a década de 1980, Jacaraípe era um dos principais balneários turísticos do ES. Isso mudou com a expansão das indústrias do Complexo de Tubarão e polos industriais adjacentes no município da Serra, que ao provocar a intensa imigração de trabalhadores temporários para as obras civis das fábricas, fez explodir bairros e ocupações desordenadas na região.

Não obstante, a rede hoteleira local passou a abrigar trabalhadores temporários, mudando o perfil sociológico local. Com o crescimento vieram os problemas de poluição das águas e de segurança, sufocando a outrora próspera atividade turística.

Em poucos anos a Grande Jacaraípe se tornou um dos lugares mais violentos da Serra, cidade que passou a liderar o índice de homicídios no Estado na década de 1990. E permanece assim. Sob a condição do anonimato um morador que participou dos protestos junto com os comerciantes, disse que o clima de guerra que hoje assola as áreas comerciais do balneário já é sentido há anos na periferia.

Mas, com a greve da PM, piorou. “Quem mora por aqui está com mais medo ainda. E se as Forças de Segurança ainda não deram conta nem das avenidas principais, é difícil ter esperança que venham para os bairros mais afastados”, lamenta.   

  

 

 

Redação Jornal Tempo Novo

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