A Prefeitura da Serra tem um estoque de ‘bombas de efeito retardado’ contra ela, que podem explodir a qualquer momento, levando ao risco de um colapso nas contas públicas; senão explodirem no colo da atual gestão, serão no colo da futura gestão, criando sérios problemas administrativos e financeiros.
No linguajar de guerra, bomba de efeito retardado é um artefato bélico, lançado em cima de uma superfície e que necessita apenas de uma reação química para a sua detonação; o que acontece naturalmente com o tempo. Fora do estado de guerra, bomba de efeito retardado é um problema que foi sendo negligenciado ou tratado de forma inadequada, que em algum momento vai explodir.
A bomba que está prestes a explodir na Serra é uma desapropriação de terra feita em 1997, pelo então prefeito Sérgio Vidigal, medindo 63 mil metros quadrados, localizada na Avenida Talma Rodrigues, em frente ao bairro Feu Rosa, que foi doada a título de aforamento para a Associação Espiritosantense de Pais de Pilotos de Kart – Assepak, que construiu no local o Kartodromo Internacional da Serra.
A área foi desapropriada por R$ 0,21 centavos, totalizando R$ 13.230,00 (treze mil duzentos e trinta reais) e pago 30% desse valor (R$ 3.969,00). O espólio da família Castelo, dona da área, sacou o dinheiro depositado pela Prefeitura e na sequencia ajuizou ação pedindo reavaliação do valor da desapropriação.
De lá para cá se passaram 23 anos; Sérgio Vidigal (PDT) e Audifax Barcelos (Rede) se revezaram no poder nesse período. O kartódromo foi inaugurado em 1998; memoráveis competições internacionais foram realizadas ali. A Assepak mantém atividades constantes no local, como competições estaduais, aulas para pilotos principiantes e uma escola de aprendiz de mecânica para jovens em situação de risco social e tudo isso corre o risco de acabar em função da ação judicial.
Em 2007 o espólio vendeu praticamente um milhão de metros quadrados na região para a empresa Agência Marítima, do empresário Pedro Scopel, por aproximadamente R$ 17 milhões; na sequência a mesma empresa comprou o remanescente da área, em torno de 500 mil metros quadrados, onde se encontra o litígio.
Nas idas e vindas processual, a ‘bomba de efeito retardado’ que está prestes a explodir contra o povo da Serra, passa dos R$ 100 milhões, dinheiro que significa a bagatela de 10% da arrecadação anual da PMS, ou seja, valor que pode colocar em xeque serviços de saúde, educação e segurança, para citar.
Na verdade ela já explodiu no colo do prefeito Audifax, que tenta a todo custo se livrar dos efeitos da explosão por vias judiciais.
Se nesses 23 anos de demanda judicial, se houve negligencia, má fé, favorecimento, condução errada do processo, conluio, entre outras artimanhas não dá para afirmar e nem julgar. O que dá para afirmar é que, quem vai pagar essa conta é o povo da Serra, com o agravante de perder o kartódromo, que é o único equipamento esportivo que eleva o nome da Serra no cenário do automobilismo.