Clarice Poltronieri
A greve dos caminhoneirosque atinge todo o Brasil tem causado problemas na economia do estado e da Serra, a mais industrializada cidade do Espírito Santo. Tanto que até a última terça (29) cerca de 2,5 mil indústrias instaladas no municípios estavam totalmente paradas e o prejuízo no setor era de R$ 7 milhões por dia, R$ 63 milhões desde o início do movimento, há 10 dias. Os números são da Federação das Indústrias do ES (Findes).
“Continuamos com cerca de 70% das indústrias paralisadas, cerca de 2,5 mil na Serra e 12,6mil no estado, seja por falta de matéria-prima, insumos ou escoamento de produção. Se o movimento, que era econômico e tornou-se político, perdurar, existe risco de dispensa de colaboradores”, alerta o 1º vice-presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), José Carlos Zanotelli, que também é empreendedor na cidade.
A assessoria de imprensa da Findes acrescenta que só a atividade industrial deixou de gerar R$ 3,1 milhão de arrecadação para o município. Em todo o ES o prejuízo da indústria no período já bate os R$ 450milhões, tirando R$76,5milhões de arrecadação do tesouro estadual.
No comércio e cenário também é ruim. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio) não tem números específicos da Serra, mas calcula que a queda nas vendas foi de 60% em todo o estado e o setor deixou de faturar R$180milhões até esta terça (29).
Em nota, a entidade aponta que uma das causas é a preocupação do consumidor diante de um clima de instabilidade, levando-o a investir apenas no essencial. E ainda demonstra preocupação com relação ao Dia dos Namorados, terceira melhor data do ano para o setor, já que “ainda que encerrada, os reflexos da greve devem perdurar por mais alguns dias”, diz a nota.
Para o presidente da Associação dos Empresários da Serra (Ases), Djalma Quintino, ainda há tempo de recuperar os prejuízos sem perda de empregos.“O sentimento é que a causa (da greve) é justa por causa do preço dos combustíveis, mas já está se prolongando bastante, causando prejuízos incalculáveis. Se a greve se encerrar ainda esta semana, os prejuízos ainda podem ser reparados. Mas caso se prolongue, empregos podem ser perdidos”, avalia.
Diesel mais barato e custeado pela União
A greve dos caminhoneiros começou no último dia 20 e mesmo após acordos do governo com lideranças que se dizem representantes dos caminhoneiros, parte da categoria não retornou e até a noite de ontem (29) seguia fazendo piquetes e impedindo os demais profissionais de circular. O que seguia demandando escolta policial e das forças armadas em alguns estados para caminhões de carga circularem.
O governo acenou com redução do Diesel em R$ 0,46 nas bombas, congelamento do preço por 60 dias, isenção da tarifa de pedágio para eixo suspenso, garantia de preço mínimo para frete e destinação de 30% dos fretes da Conab para caminhoneiros autônomos. O custeio virá da União, ou seja, dinheiro público.