Afastado das funções na Câmara de Vereadores por determinação da Justiça, divulgada na terça-feira (16), o vereador Nacib Haddad (PDT) se disse surpreso com a situação. Na Câmara, colegas parlamentares saíram em defesa de Nacib e fizeram graves acusações de interferência política no âmbito do Judiciário capixaba.
“Eu fui pego de surpresa com a decisão judicial, que resultou no meu afastamento. Mas vamos trabalhar no sentido de restabelecer esses cargos e de mostrar que há muitos equívocos nas investigações feitas”, disse o vereador.
Nacib foi afastado após denúncia do Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES) por supostas práticas de fraudes em licitações. Segundo o argumento do juiz André Motta, o afastamento se justifica “pelo receio do uso da função pública para a prática de infrações penais”.
O afastamento causou reações efusivas no Legislativo municipal, que vive um contexto de ruptura institucional com o prefeito Audifax Barcelos (Rede). Parlamentares disseram ao microfone que a decisão teria um suposto cunho político.
Entre os mais exaltados estava o vereador Aécio Leite (PT), que fez um pronunciamento coberto de acusações ao prefeito e à Justiça. “Essa decisão é arrogante, sem conteúdo jurídico e com conteúdo político para afastar o Nacib. […] É uma decisão que não tem fundamento legal e jurídico nenhum; tem o dedo do capeta e foi por causa da CPI sim!”, discursou o parlamentar, referindo-se a uma CPI para investigar supostas irregularidades na área da saúde da Serra, já suspensas pela Justiça.
O Tribunal de Justiça foi interpelado para comentar as falas do vereador, mas disse que não iria se pronunciar.
“Se o mandato vier, será com a bênção de Deus”, diz suplente
Primeiro suplente da coligação que elegeu Nacib Haddad, Wanildo Sarnaglia (Avante) foi vereador do município e deputado estadual. Ele conversou com a reportagem sobre a possibilidade de retorno ao Legislativo municipal.
“Se o mandato vier, será com a bênção de Deus, não tem problema. Mas sem pisar, sem denunciar ninguém, sem prejudicar ninguém. Não é do meu feitio, para ter um mandato, ir para a Justiça, nada disso. Se a Justiça convocar, estou pronto. Tem que esperar a força maior, que é a Justiça”.
Procurada, a assessoria de imprensa da Câmara, por meio de Rodrigo Mello, ignorou os contatos da reportagem no que tange à situação do vereador e para saber se o suplente poderia ser convocado. Já o 1º secretário da Mesa, Roberto Catirica (PHS), disse que iria verificar junto ao presidente se haveria a convocação do suplente; mas até o fechamento desta edição, não deu retorno.