Por Bruno Lyra
Mês a mês a Serra vem enfrentando dificuldades na arrecadação, o que está levando o município a recorrer a empréstimos para fazer obras e outros investimentos. Mais industrializada e com o maior PIB produtivo do ES, a cidade é forte indicador do que está acontecendo na economia capixaba, cujo modelo atual é calcado em indústrias de base (siderurgia e celulose) e commodities (petróleo e minério de ferro). As sucessivas quedas na geração de empregos e o arrefecimento da construção civil são também indicadores.
A conjuntura nacional com a crise política contaminando a economia tem sua dose de contribuição nesse cenário. Porém o buraco é mais embaixo, já que a demanda por commodities e gêneros da indústria de base – e preço das mesmas – é determinado pelo mercado internacional. Há tendências estruturais.
O avanço tecnológico e desafio da poluição irá impelir a economia mundial a seguir nova direção. A demanda por papel deve cair. A substituição do petróleo por fontes energéticas mais limpas não para de avançar.
A reciclagem de ligas metálicas deve ser a tônica, basta ver a quantidade de carro que vira sucata todo ano. O parque minero-siderúrgico dá sinais de desinvestimento. Paralisação da Samarco, projeto da Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU) abortado, possibilidade do encerramento da produção na mais antiga siderúrgica do ES, a Cofavi (atual ArcelorMittal Cariacica) são exemplos.
Fora expansões, o último grande projeto econômico no ES foi o estaleiro Jurong que, a duras penas, tenta ficar de pé após o colapso na Petrobrás. Antes dele, a CST (hoje ArcelorMittal Tubarão), inaugurada no já distante 1983. Os exaustivamente anunciados portos de Presidente Kennedy e Linhares não saíram do papel, assim como o complexo petroquímico.
O Espírito Santo precisa de novos caminhos.