Especialista alerta sobre riscos de chás de emagrecimento e receitas milagrosas

É comum, principalmente, no universo feminino o uso de chás milagrosos que prometem emagrecer rapidamente. Mas será que esse tipo de produto pode ser usado de forma indiscriminada?

De acordo com o médico cirurgião, gastroenterologista, professor associado de cirurgia da UFES e PhD e um dos maiores especialistas do Brasil em cirurgia bariátrica, Gustavo Peixoto, é preciso ter muito cuidado e evitar ao máximo utilizar este tipo de produto que promete solução mágica. O especialista faz um alerta: “não existe emagrecimento sem dieta e exercício físico. Não vai funcionar e vai correr um risco”.

Recentemente uma enfermeira de São Paulo, de 42 anos, faleceu após fazer uso de um chá, conhecido como chá 50 ervas, que causou lesões em seu fígado a levando a morte.

O médico Gustavo Peixoto frisou que o 50 ervas é proibido pela Anvisa. “Esse chá fala que é inibidor de apetite, regulador intestinal, gordura localizada, combate celulite e estrias, combate diabete e a ansiedade. Qualquer produto que tenha isso no seu layout pode saber que não é real, porque não existe um medicamento que faça isso”, alertou.

Peixoto lembrou que o produto tentou entrar no mercado como suplemento alimentar e a Anvisa proibiu o uso e comercialização no Brasil desde 2020 por conta dos efeitos deletérios. “Este tipo de produto que promete esse resultado, não é suplemento, é um medicamento. O laboratório não tinha autorização para fabricar medicamento. Alguns pacientes com pouco uso destas drogas já têm hepatotoxicidade, que é lesão do fígado, outros acabam dependendo de um uso mais crônico para desenvolver o problema”.

Gustavo disse ainda que existe um perfil muito específico de pessoas que utilizam estes produtos. “Geralmente mulheres, na faixa dos 40 anos que buscam emagrecimento rápido e sem prescrição médica”.

E alerta: “cuidado com os produtos milagrosos. Qualquer produto ou remédio que diga que você vai emagrecer sem dieta e sem atividade física, é charlatanismo. Isso não existe, até na cirurgia bariátrica o paciente tem que fazer dieta e exercício físico”.

Segundo Gustavo, o mais comum no consultório é avaliar paciente que fez uso destes produtos durante dois o ou três meses e citou as mais comuns. “São doses altas de chá verde, chá de couro e douradinha. Existe também uma erva peruana que temos relato de transplante de fígado por ela, chamada maca que também causa hepatotoxicidade”.

O que ocorre na maioria das vezes, é que as pessoas usam os produtos para emagrecimento sem prescrição médica, através de automedicação. “Qualquer produto deste tipo traz risco para quem usa. Além da questão da quantidade, existem algumas drogas que independem da quantidade para causar lesão hepática. É muito comum ver nestes produtos o selo de origem natural e vegetal, na verdade eles acabam sendo uma associação de múltiplos produtos e drogas e acabam tendo também falsas promessas de emagrecimento rápido”.

Gustavo frisou que a obesidade é uma doença e como toda doença a pessoa precisa buscar ajuda do profissional indicado. “Um médico deve conduzir o tratamento desta doença, sempre com acompanhamento multidisciplinar, com nutricionista, preparador físico, muitas vezes, um psicólogo pode ajudar. Obesidade é uma doença multifatorial que não é com uma pílula milagrosa de produtos “naturais” que na verdade são uma combinação de produtos que vai ser resolvida. O paciente tem que encarar um tratamento de várias etapas”.