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Em sete dias, dengue mata mais um morador da Serra e adoece 2.370

A Serra está classificada pelos parâmetros do Ministério da Saúde como cidade de alta incidência de casos de dengue. Foto: Divulgação

A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em água parada. E em 2023, a enfermidade está causando muita preocupação em função do aumento explosivo de casos na Serra. Três moradores da cidade perderam a vida.

A cidade está classificada pelos parâmetros do Ministério da Saúde, como município com alta incidência de casos nas últimas quatro semanas. Isto porque, somente de janeiro a 26 de abril deste ano, foram 14.942 casos notificados; destes, 14.885 foram confirmados e apenas 57 descartados. Em 2022, foram registrados 297 da doença, no mesmo período.

Para se ter ideia, informações oficiais da Secretaria de Saúde da Serra (Sesa) até o dia 20 de abril, a cidade contabilizava 12.515 casos confirmados de dengue. Ou seja, 2.370 casos em 7 dias e uma morte.

Os sintomas da dengue incluem febre alta, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações, náuseas e vômitos, além de erupções cutâneas e manchas avermelhadas pelo corpo. A maioria das pessoas se recupera totalmente da doença, mas em casos graves, a doença pode levar à morte.

Também de janeiro a abril deste ano, três pessoas morreram em decorrência da dengue. A Serra tem ainda dois óbitos em investigação e outros 4 que foram descartados por meio de exames laboratoriais.

Os números mostram ainda de janeiro a 26 de abril deste ano, foram 71 casos de Zika e 235 casos de Chikungunia notificados na Serra, sem óbitos. Em 2022, no mesmo período foram 08 e 35, respectivamente.

Veja bairros com mais casos confirmados da doença na Serra em 2023:

  1. Feu Rosa – 1.535
  2. Novo Horizonte – 808
  3. Bairro das Laranjeiras – 676
  4. Vila Nova de Colares – 667
  5. Jardim Carapina – 558
  6. Cidade Continental – 399
  7. Carapina Grande – 384
  8. Planalto Serrano – 352
  9. Nova Carapina II – 351
  10. José de Anchieta I – 329
Na Serra, a prefeitura realiza diversos serviços para combater o mosquito da dengue. Crédito: Divulgação

Dengue já adoeceu 55 mil pessoas no ES

Em todo o Espírito Santo, já foram 55.616 pessoas que adoeceram por dengue até o dia 26 de abril, sendo que 43 perderam a vida. 1.039 pessoas ficaram doentes por Chikungunia, sendo que uma delas veio a óbito. Já para Zika, 457 pacientes tiveram diagnóstico confirmado e nenhuma morte foi contabilizada até o momento.

A Secretaria da Saúde (Sesa) orienta que em caso de quaisquer sintomas como febre, manchas no corpo, dor no corpo, dor articular, dor muscular, dor ao redor dos olhos, dores abdominais, náusea, vômitos, dor de cabeça, inicie imediatamente a hidratação, com ingestão de água, sucos naturais, chás e procure um serviço de saúde mais próximo, e alerte à equipe de saúde em caso de contato com área com mosquito e/ou a suspeição da dengue.

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A dengue é causada por vírus e transmitida, especialmente, pela picada do mosquito Aedes aegypti. A fêmea do mosquito é responsável por depositar seus ovos em recipientes de água. Ao saírem dos ovos, as larvas vivem na água por cerca de uma semana e, após esse período, transformam-se em mosquitos adultos — que vivem em média 45 dias.

É importante lembrar que os ovos que carregam o embrião do mosquito da dengue podem suportar até um ano a seca e serem transportados por longas distâncias, grudados nas bordas dos recipientes. Essa é uma das razões para a difícil erradicação do mosquito.

Especialista da Serra explica boom de casos

Segundo a Superintendente em Vigilância em Saúde da Serra, Gabriela Gabriel de Almeida, o boom de casos tem explicação e acontece de tempos em tempos na cidade.

A última grande epidemia que o município enfrentou foi em 2019, quando durante todo o ano foram 17.316 casos com dez óbitos confirmados. Antes disso, o ano que apresentou preocupação foi 2013, quando foram contabilizados 10.129 casos com dois óbitos confirmados.

Estudos epidemiológicos mostram que a dengue apresenta um desenvolvimento natural e esperado por ser uma doença endêmica, como também é o caso da dengue, chikungunya e zika, que são consideradas arboviroses e tem tendência a ser cíclica em razão principalmente de um sorotipo circulante e população suscetível.

No caso da dengue o período cíclico é sempre de outubro de um ano a maio do ano seguinte. “O aumento de casos tem relação com o sorotipo circulante na região, que no caso da Serra, é o sorotipo 1 (DENV-1) aliado a questão da população suscetível a contrair a doença. Como que acontece isso? Uma pessoa que pega a dengue fica por um período de seis meses em média ou mais imunizado contra outro sorotipo. Você só pega um tipo de dengue e fica protegido por seis meses mais ou menos dos demais sorotipos, depois disso volta a ficar suscetível”.

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A dengue possui 4 sorotipos identificados atualmente: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DEN-V 4. No Espírito Santo, a Secretaria de Estado da Saúde, identificou a circulação do DENV-2.

“Aqui na Serra, com epidemia ou sem epidemia, sempre coletamos amostras de pacientes e enviamos para o Lacen fazer a análise e desta forma isolamos o vírus. Este ano, há a predominância da circulação do DENV-1 na cidade, o que não significa que os outros tipos da doença não estejam circulando no município também. Em 2019, por exemplo, predominou o DENV-2. Então a grande maioria da população naquela ocasião ficou imunizada contra aquele sorotipo. Quase quatro anos, temos a DENV-1 em circulação”, explica Gabriela.

É preciso colaboração dos moradores

O pano de fundo é sempre o vetor da doença, que é o mosquito Aedes aegypti. “Por isso precisamos da colaboração do cidadão. Se não tiver vetor não tem vírus e a doença não circula. Para evitarmos essa problemática sempre orientamos a população que tenha consciência, que fique de olho em seus quintais, casas e até apartamentos. Pequenas atitudes podem evitar que o mosquito se prolifere, mitigando assim o sofrimento para a população, pois quanto maior o número de casos, maior a tendência de ter a forma da dengue com complicação que vai exigir mais cuidado, algumas vezes com internação que pode até levar a óbito. O cidadão precisa fazer sua parte”.

Veja dicas para eliminar o mosquito

  • Evite o acúmulo de água: a fêmea coloca seus ovos em água limpa, mas não necessariamente potável. Por isso, fique de olho nos objetos com água parada, como pneus velhos e garrafas. Mantenha fechadas tampas d’água e cisternas;
  • Coloque tela nas janelas: a técnica pode ajudar a proteger os membros da casa contra o mosquito da dengue. Todavia, pode ser um problema se o criadouro do mosquito estiver localizado dentro da residência;
  • Coloque areia nos vasos de plantas: o uso desses objetos pode gerar acúmulo de água. Há três alternativas: eliminar esse prato, lavá-lo regularmente ou colocar areia;
  • Seja consciente com seu lixo: não despeje lixo em valas, valetas, margens de córregos e riachos. Assim, você garante que eles ficarão desobstruídos, evitando acúmulo e até mesmo enchentes. Em casa, deixe as latas de lixo sempre bem tampadas;
  • Coloque desinfetante nos ralos: embora ralos pequenos de cozinhas e banheiros raramente se tornam foco de dengue, alguns são rasos e conservam água estagnada em seu interior. O ideal é que ele seja fechado com uma tela ou que seja higienizado com desinfetante regularmente;
  • Limpe as calhas: para evitar as pequenas poças, calhas e canos devem ser checados todos os meses, pois um leve entupimento pode criar reservatórios ideais para o desenvolvimento do Aedes aegypti;
  • Use repelente: principalmente em viagens ou em locais com muitos mosquitos, é um método importante para se proteger contra a dengue. Recomenda-se o uso de produtos industrializados, pois os repelentes caseiros não possuem grau de repelência forte o suficiente para manter o mosquito longe por muito tempo;
  • Use inseticidas e larvicidas: o uso desses produtos têm eficácia comprovada, tanto para matar as larvas do mosquito quanto os insetos adultos.
Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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