Um jacaré-de-papo-amarelo foi flagrado circulando dentro de um valão tomado por esgoto em José de Anchieta II, na Serra. Apesar de a cena ser curiosa e ter chamado atenção dos moradores, o caso também trouxe preocupação para biólogos, já que a espécie está classificada em “perigo de extinção”. Na prática, isso significa que esses animais podem, em pouco tempo, não mais existir no Brasil.
A área onde o jacaré foi encontrado é uma região de alagados, mas que ao passar dos anos, foi sendo invadida por moradores. Por lá, há muitas residências que foram construídas na beira do córrego, que hoje é totalmente poluído. O flagrante foi feito na semana passada e segundo moradores da região o ‘passeio’ de jacarés pelo valão não é algo corriqueiro.
Para saber mais sobre a espécie, o TEMPO NOVO conversou com o biólogo Cláudio Santiago. Ao receber a foto enviada pela reportagem por meio do WhatsApp, ele afirmou ter ficado muito triste em vê o animal vivendo num ambiente tão poluído. Reforçou ainda que o jacaré-de-papo-amarelo está com a classificação “perigo de extinção”, dada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.
De acordo com Cláudio, o animal tem a região pantanosa como habitat e a cena não é rara de acontecer. “Temos a situação da ocupação irregular, que gerou a formação de um local natural em uma área absolutamente degradável. O curso d’água virou um valão. O local é insalubre para a vida da maioria dos animais”, disse.
O biólogo afirmou que o animal é resistente. “Ele está vivendo nessa situação. Pode ser que esteja circulando ali por uma oferta de alimentos ou abrigo e depois procurar um ambiente mais limpo, mas também pode morar ali. Fico chateado, pois é uma imagem muito triste. Primeiro por vê o animal circulando no esgoto e depois por também observar essa área pantanosa sendo degradada”, explicou.
O coordenador do projeto Caiman, Yhuri Cardoso Nóbrega, acrescentou que o jacaré aparenta ser um ‘jovem adulto’. “O jacaré é considerado símbolo da biodiversidade do Espírito Santo. Essa espécie é fundamental para o equilíbrio da Mata Atlântica e para a saúde desses ambientes. Uma das principais ameaças para eles é a degradação da Mata Atlântica e isso acaba acarretando em situações como essa vista”.
Yhuri ainda destacou que a orientação é que os moradores não se aproximem do animal em hipótese alguma. Ainda segundo ele, a população pode acionar o Instituto Caiman para resgate e cuidado de jacarés. O telefone é (27) 99818-3188. Também pode ligar para a Polícia Ambiental: (27) 3636-1650.
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