Falar em Partido dos Trabalhadores tornou-se motivo de polêmica nos últimos anos. Nas redes sociais, as postagens da imprensa cujos títulos citam a agremiação do ex-presidente Lula logo suscitam divergências ferozes.
Na Serra, quando o assunto é a eleição de 2020, os inimigos do PT falam como se a sigla fosse “carta fora do baralho” na sucessão. A agremiação não teria qualquer capacidade de interferência nos rumos da política local.
Esta narrativa de “terra arrasada” ganhou força após o resultado das Eleições de 2018, na esteira do fenômeno eleitoral cristalizado com a vitória do Presidente Jair Bolsonaro.
Ocorre que uma análise mais cuidadosa mostra a realidade bem menos catastrófica na cidade da Serra do que o “antipetismo” costuma irradiar.
Visto que, no segundo turno da última eleição presidencial, Fernando Haddad alcançou expressivos 41,72% dos votos do município.
Nada menos do que de 98.707 eleitores serranos optaram por digitar o emblemático número 13 na urna eletrônica. Esse enorme contingente de cidadãos buscava reconduzir um petista à Presidência da República.
O núcleo duro “bolsonarista” sabe que os ideais petistas seguem vivos em milhares de corações e mentes. Por isso, a ordem é não baixar a guarda e sustentar o fogo constante!
Contraditoriamente, a própria direção do PT da Serra parece intimidada frente ao barulho dos inimigos. Assombrado pelo estigma da rejeição, o Partido segue encolhido no cenário pré-eleitoral.
Já estamos na reta final de 2019 e a preparação estratégica em torno da disputa pela Prefeitura da Serra parece não ter avançado em nada nos últimos meses.
O tom segue genérico e vacilante!
Digo isso porque tomei o cuidado de reler as últimas matérias do Tempo Novo nas quais lideranças do Partido foram convidadas a falar sobre a sucessão municipal de 2020.
As respostas sempre são evasivas ou confusas. Fala-se em construção de candidatura própria. Que segundo as últimas declarações, seria reforçada pelo fato do ex-presidente Lula ter sido libertado.
Mas será que, no contexto da história do PT da Serra, isso realmente faz muita diferença?
Não podemos esquecer que o Partido dos Trabalhadores abriu mão da candidatura própria em nossa cidade nos pleitos de 2004, 2008 e 2012… Quando o Partido ocupava a Presidência da República com Lula e Dilma, respectivamente.
Tudo bem que seja possível fazer diferente agora! Afinal, como foi dito antes, há tecido social suficiente para uma empreitada eleitoral petista na cidade.
Sendo óbvio que a presença do ex-presidente Lula no palanque turbinaria o projeto.
Ocorre que ninguém se lança com seriedade numa jornada desta envergadura “da noite para o dia”. É preciso planejamento estratégico, unidade de ação e determinação diária na execução das tarefas!
Nesse sentido, as declarações dos petistas serranos à imprensa trazem mais dúvidas do que esclarecimentos:
Quem, de fato, é o pré-candidato a prefeito do PT da Serra? Quais movimentos concretos têm sido feitos para viabilizar a candidatura? Qual o arco de alianças? Como está a construção da chapa de vereadores? Existe um plano de mobilização junto à sociedade civil organizada?
A falta de respostas para tais perguntas acaba por sinalizar que, no fundo, o PT da Serra caminha a passos largos para o velho dilema: Vidigal x Audifax.
É como diz a velha máxima da política: “quem não tem estratégia acaba usado pela estratégia de alguém!”
BURBURINHO
– Através de postagens nas redes sociais, o coordenador estadual do MBL, Darcy Júnior, demonstrou indignação com o fim da prisão em segunda instância. Ele é morador da Serra e levanta a bandeira do empreendedorismo.
– O fim de ano está chegando e as movimentações da sucessão serrana seguem a todo vapor. A pré-candidatura do deputado estadual Torino Marques é a “cunha” que o PSL precisa para impor seu tamanho na mesa de negociação.
– Foi-se o tempo em que o todo poderoso Sérgio Vidigal era candidato praticamente sozinho à Prefeitura da Serra. Em 2020, o ex-prefeito terá, no mínimo, três adversários de peso, que podem se juntar contra ele no segundo turno.