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É o fim da crise? A falência das análises e os “micro-termômetros” da economia

Apesar das incertezas da economia, empresário Sérgio Britto está otimista com o futuro do seu negócio. Foto: Divulgação

Por Tiago Capixaba

Será 2020 o ano que marca o fim da crise econômica brasileira? A expectativa era alta, existia boa vontade dos analistas e toda uma atmosfera de otimismo. Mas e agora? A divulgação de um PIB decepcionante, projeções cada vez mais tímidas. Acabou o Carnaval, o ano começou. Hora de enfrentar a realidade. Mas será ela tão ruim assim?

No mundo das análises, 2019 foi um ano de números frios para o Espírito Santo. O estado liderou uma estatística ingrata e, segundo dados do IBGE, apresentou a maior retração econômica entre todas as unidades da federação. Expressivos 15.7% de queda no comparativo dos últimos 12 meses do ano. Os setores de Celulose, Indústrias Extrativas e Metalurgia foram os principais responsáveis pelos números negativos.

Os dados já consolidados de 2019 mostraram apenas 1.1% de alta do nosso combalido Produto Interno Bruto. O novo ano avista um crescimento pouco inspirador no horizonte. Os 2.2% previstos inicialmente pela equipe do ministro Paulo Guedes se tornaram 1.4% no último relatório do banco de investimentos BTG Pactual, publicado na última quarta-feira (04/03). Entrou na pauta o Coronavírus, derrubando bolsas de valores ao redor do mundo e trazendo mais uma preocupação para o empresário carente de boas notícias.

Se a análise macro falha em nos fornecer esperanças, nada mais justo do que fazer como os bons jornalistas do passado e do presente: mergulhar no mundo da micro realidade. Fontes primárias, aquelas próximas à origem da informação, e a própria observação. Olhar atento, ouvidos sensíveis e a capacidade mental para construir nossas próprias análises. Afinal, decisões precisam ser tomadas, na crise ou fora dela. E quem vacila pode perder uma oportunidade de crescer.

O bilionário mexicano Carlos Slim, dono do maior império de Telecomunicações da América Latina (Claro e Net na lista), nos ensina que a crise é o momento ideal para o investidor multiplicar sua fortuna. O “Midas”, como é chamado em seu país, é conhecido por transformar empresas decadentes em grandes fontes de lucro. Hoje, segundo a famosa lista da Forbes, ele é o quinto mais rico do mundo!

Buscando termômetros econômicos

Ousar, então, criar nossos próprios indicadores e percepções. Essa é a pauta de hoje. Deixar a instabilidade política do mundo e do Brasil de lado. Deixar os números alarmantes do Espírito Santo do outro. Que tal focar na Serra e na realidade do empreendedor local?

“Na verdade, o nosso segmento é meio que o termômetro do mercado e até mesmo da situação do Brasil, no geral. As vendas começam a cair, a crise vai se agravando e a indústria vai parando, é uma cadeia. Quando nosso cliente está sem obras, a gente simplesmente não vende”, afirma Renato Britto, que administra a Agiliza Ferramentas junto com o irmão Sérgio.

A Agiliza é uma microempresa do setor de venda e manutenção de ferramentas industriais. Máquinas precisam de manutenção. Se elas param de funcionar… a lógica é simples.

Então, parece óbvio que a crise econômica pós-2012 afetou profundamente a Agiliza, certo?  Errado.  A empresa, assim como muitas outras do criativo empresariado brasileiro, nem existia em 2012. Ela é filha da crise: nasce em 2013, da necessidade de Sérgio, seu fundador.

“O ano era bom, eu tinha conseguido uma oportunidade para ganhar mais em outra empresa. Mas aí veio a crise, vieram os cortes e a demissão”, conta Sérgio, lembrando que, depois de 10 anos de mercado, não conseguia colocações nem por metade do salário. “Empregos até apareciam, mas para ganhar um salário mínimo e uma pequena comissão. Foi um momento difícil”.

A saída foi empreender, com o apoio da esposa Fernanda, muita vontade e pouco dinheiro. De empreendedor solitário, hoje ele conta com uma equipe e a ajuda do irmão. Renato chegou ao negócio em 2016, após a falência da empresa em que trabalhava. “Com a economia boa, a gente estava naquela movimentação louca e fez muita coisa errada sem perceber. A empresa tinha 51 funcionários quando fechou as portas”, lembra.

Depois de sete anos de empresa, hoje Sérgio começa a sentir que a maré pode estar virando: “O Brasil me deixa inseguro, mas a Serra me deixa otimista. O município está num momento muito bacana. Rodo muito a cidade, vejo as obras, o crescimento. E temos um potencial muito grande no parque industrial. Uma estrutura enorme que não está sendo utilizada com totalidade”, complementa o empresário.

Os desafios são do mercado, mas são também das empresas. Capacitação, evolução. Uma empresa sólida e com processos consolidados sai da crise bem mais forte. Quem sobrevive aos períodos de escassez, está, sem dúvida, mais pronto para lucrar com a bonança. “Penso em todas as empresas que fecharam na Serra. E foram de todos os tamanhos: pequenas, médias e grandes. Olho hoje para o que a gente conquistou aqui no mesmo período e fico otimista. Vamos com os pés no chão, mas estamos pensando no futuro”, finaliza Sérgio.

Redação Jornal Tempo Novo

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