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Diploma falso de professor obriga escolas municipais a repor aula

Dos 300 professores demitidos 65 eram de arte, disciplina que está tendo reposição das aulas no contraturno dos estudantes da rede municipal. Foto: Divulgação

Gabriel Almeida

Alunos da rede municipal da Serra estão repondo as aulas que foram dadas por pessoas com diploma falso, que acabaram demitidos. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura da Serra, as reposições são referentes às aulas de artes que haviam sido dadas por 65 falsos professores. Situação que não está agradando as famílias dos estudantes.

Isto porque as crianças e adolescentes da rede municipal de ensino estão tendo que participar das reposições no contra turno. Se o aluno estuda pela manhã, ele faz a reposição pela tarde. Já se o turno do aluno for na parte da tarde, ele tem que realizar a reposição de manhã.

Raquel Rosa Rocha é avó de uma das alunas que foram afetadas pelas aulas dadas por pessoas com documentação falsa de professor. Ela explicou que nenhum pai ou responsável pelos estudantes recebeu bem a notícia da reposição. “Não posso dizer que recebemos a informação bem. Minha neta, que está no 8° ano, não gostou nenhum pouco de ter que ficar mais tempo na escola”, afirma.

Raquel ainda disse que os estudantes não deveriam ser responsáveis pelo erro dos outros. “O erro foi da Prefeitura que admitiu gente com diploma falso, e agora os alunos têm que pagar por isso. Acho errado, mas se não repor, é reprovado”, afirma. 

E as reclamações sobre as reposições não estão vindo apenas dos pais. Profissionais das escolas também não estão satisfeitos. “Não temos salas para receber esses alunos. Além disso, à tarde são mais de 300 alunos de seis a nove anos. Já os alunos da manhã têm de 10 até 16 anos e se vierem cinco turmas, serão pelo menos mais 150 alunos. Como vamos lidar com isso?”, questiona, sob condição do anonimato, a professora de uma escola municipal da região de Jacaraípe.

A prefeitura não esclareceu se as notas dadas por esses falsos professores foram anuladas.

Sindicato diz que falta organização 

Para o Sindicato dos Professores, a reposição é necessária, mas não foi organizada. Segundo o diretor Paulo Loureiro, não foram levadas em consideração algumas questões.

“Entendemos que quem arrumou diploma falso por má-fé precisa ser punido. Mas há professores que foram vítimas. Sobre as reposições, há situações que deveriam ser avaliadas. Por exemplo, se o professor apresentou um diploma de graduação legal e o que estava irregular era o de pós ou cursos avulsos, essas aulas devem ser consideradas sim, pois ele é habilitado. Fomos cobrar a Secretaria de Educação e ela afirmou que foi determinação do Ministério Público a reposição das aulas e devolução do dinheiro ao erário. O setor jurídico está acompanhando esses casos”, disse.

Paulo acrescentou que o sindicato irá verificar a denúncia de que algumas escolas não possuem estrutura para a reposição das aulas.

A assessoria de imprensa da Prefeitura da Serra afirmou que as reposições estão acontecendo, desde julho, apenas para as aulas de Artes, disciplina onde apareceram mais pessoas com diploma falso.

Disse que a Secretaria Municipal de Educação (Sedu) está trabalhando para que o impacto seja o menor possível. A Prefeitura explicou ainda que as reposições já foram iniciadas para que a carga horária seja diluída até o mês de dezembro. Ao todo, segundo a Prefeitura, 65 professores de Arte foram afastados de suas funções. Já os falsos professores terão que devolver o dinheiro ao município.

Questionada se vai responsabilizar gestores e profissionais da Sedu por conta da fraude, a Prefeitura não quis se pronunciar. No total 300 professores acabaram demitidos, seja por diploma de graduação falso, ou cursos de cursos de pós-graduação falsos.  

 

Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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