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Desinvestimento da Vale

Por Bruno Lyra

O iminente rompimento de outra barragem de rejeitos da Vale é mais um sinal da decadência do setor mínero siderúrgico no eixo MG-ES. Se a lama da barragem em Barão de Cocais (MG) descer para o rio Doce, não é só o desastre ambiental que irá novamente atingir o Espírito Santo; será mais um golpe duro na economia capixaba e mineira, enquanto a mineradora acaba de anunciar uma siderúrgica de R$ 5 bilhões no Pará.

Os efeitos ambientais, sociais e econômicos do rompimento de outra barragem, a de Mariana (MG), da Samarco (Vale + BHP), já são conhecidos aqui. Barragens de mineração existem há décadas, e não estouravam em sequência. O fato de agora várias estarem à beira do colapso é revelador sobre o declínio do setor em nossa região. O caso da barragem de Brumadinho, rompida em janeiro deste ano, é emblemático.

A tragédia – que soterrou vivas mais de 300 pessoas levando devastação ao rio Paraopeba e contaminação ao São Francisco – fez autoridades revirem protocolos de segurança das barragens. Por isso, várias foram fechadas, bem como as cavas (lavras). O efeito foi a redução da circulação e beneficiamento de minério de ferro em Tubarão, um duro golpe na economia da Serra e do estado, uma vez que o setor mínero-siderúrgico movimenta mais de 15% do PIB do ES.

PIB este que já havia sofrido com a paralisação da Samarco. Transformou Anchieta em cidade fantasma, bambeou as pernas da vizinha Guarapari e atingiu em cheio até a Serra, município que abrigava terceirizadas e fornecedoras da Samarco. A indefinição sobre a volta dessa siderúrgica é outro forte sinal de desinvestimento do setor.

Lembrando que já havia desistido, no início da década, de implantar a Companhia Siderúrgica de Ubu, na mesma Anchieta, aproveitando os pellets da Samarco. E que, na figura da grande líder, a Vale, sinalizou que a prometida ferrovia litorânea ligando a Grande Vitória ao Rio de Janeiro pode ser substituída por uma estrada de ferro na região Centro Oeste.

A riqueza da siderurgia, sempre relativizada pelos impactos sociais e ambientais que geram quando configurada em mega parques industriais, poderá ser a ruína do ES, caso os capixabas não encontrem alternativas, as quais podem estar na vocação logística e portuária, no turismo e na produção de alimentos pela agricultura familiar, por exemplo.

Redação Jornal Tempo Novo

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