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Crise no setor minero-siderúrgico derruba produção industrial do ES

Laminador na ArcelorMittal Tubarão: empresa opera com produção reduzida após rompimento de barragem da Vale. Foto: Arquivo TN/Bruno Lyra

A redução da produção de minério de ferro da Vale e de aço na ArcelorMittal Tubarão e a permanência da inatividade da Samarco há quatro anos ajudaram a derrubar a produção industrial do Espírito Santo em outubro, que recuou 8,1 % ante setembro, segundo o IBGE. A avaliação é do Diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira.

Dos 15 estados avaliados pelo IBGE, o ES teve o pior desempenho. Pablo destaca que o setor de minério e aço, pilar da economia capixaba e da Serra, vem sofrendo desde a paralisação da Samarco (Vale + BHP), em 2015, com o rompimento da barragem em Mariana (MG). Ele explica que a situação se agravou com o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), ocorrida em janeiro deste ano, que reduziu a oferta de minério e impactou toda a cadeia produtiva.

“A indústria extrativa, que inclui a mineração, teve recuo de 27,6% no Espírito Santo em outubro de 2019, se comparada a outubro de 2018. No mesmo recorte, em todo o país, a queda foi de 7%”, detalha.

Pablo acrescenta que o mau desempenho da produção industrial capixaba também foi influenciado pela queda no preço do barril de petróleo – em abril, o barril custava R$ 68,58 e agora está R$ 57,27 – e, também, pelo tombo de 44% na indústria de papel e celulose no ES  entre outubro de 2019 e outubro de 2018. “Com a compra da Fibria pela Suzano, esta última passa a controlar várias unidades, que estão sendo readequadas”, avalia.

Pablo destaca, ainda, que a indústria vem reduzindo a participação no PIB capixaba e essa queda foi notada com mais força a partir de 2016, o primeiro ano completo sem a Samarco. Em 2015, a indústria representava 31% do PIB do ES. “O último dado que temos, de 2017, aponta para uma participação de 22,3% do setor industrial”, revela.

Taxa de Trump ao aço deve agravar a situação    

A ameaça do presidente norte-americano Donald Trump, feita no início de dezembro, de sobretaxar o aço brasileiro em 25% (atualmente, a alíquota é 0,9%) piora as coisas para o Espírito Santo. Principalmente para a Serra, que tem em seu território a maior produtora de aço do país, a ArcelorMittal Tubarão, a qual tem os EUA como principal destino de suas exportações.

Até a última quinta-feira (12), porém, nada havia sido oficializado ao setor, segundo a assessoria de imprensa do Instituto Aço Brasil. Em entrevista ao site UOL na semana passada, o presidente do Instituto, Marco Polo Mello, disse que a ameaça de Trump já estava afetando a amarração de novos contratos, uma vez que não se sabe em que base de preço negociar, pois não há certeza se a taxa entra ou não em vigor.

A Arcelor, que já está com a produção reduzida em função da paralisação programada do alto-forno 2 – que foi antecipada por conta da crise de fornecimento de minério da Vale este ano -, gera 11 mil empregos diretos. A siderúrgica também ativa toda uma rede de fornecedores de produtos e serviços, muitos deles na Serra. Em 2014, a receita bruta da empresa correspondia a 56,7% do PIB do município.

Para Pablo, se levada a cabo, a medida de Trump é um golpe duro ao ES. Mas ele lembra que as empresas podem buscar o mercado chinês como contraponto e que o cenário pode melhorar com a volta da Samarco no 2º semestre de 2020, ainda que com a produção reduzida.

A assessoria de imprensa da ArcelorMittal Tubarão disse que a empresa não se pronunciaria individualmente, mas apenas setorialmente através do Instituto Aço Brasil.

 

Redação Jornal Tempo Novo

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