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Cooperativa agrícola incentiva produtores a agregarem valor e ampliar mercado

Wellington Pompermeyer, presidente da Agrocoop. Foto: Denys Lobo

Denys Lobo

Trabalhar incessantemente, pensar ‘fora da caixa’ e buscar diferenciais com o intuito de se destacar são formas conhecidas para se alcançar o sucesso em um mercado cada vez mais exigente e saturado. E foi pensando nesses pontos e em soluções para contornar a crise financeira que um grupo de produtores rurais capixabas resolveu criar, três anos atrás, a Cooperativa Agroindustrial do Espírito Santo, a Agrocoop.

“A Agrocoop foi criada em 2015 com o objetivo principal de agregar valor em cima dos produtos dos nossos cooperados e vendê-los por um preço melhor. Ao invés de vender a banana somente in natura, por exemplo, começamos a comercializá-la como banana-passa, banana-passa orgânica com chocolate meio amargo e farinha de banana. Esse trabalho nós fazemos também com diversos outros produtos, como café, cacau e uva”, explica o presidente da cooperativa, Wellington Pompermayer.

Produtos beneficiados pela cooperativa: entidade conta com 167 cooperados. Foto: Denys Lobo

No início de suas atividades, a Agrocoop contava com a participação de 28 produtores e comercializava somente cafés especiais. Atualmente, são 167 cooperados espalhados por vários municípios capixabas e uma diversidade muito maior de produtos.

“Hoje nós produzimos três tipos de café: arábica gourmet, arábica premium e conilon. Temos também banana-passa, banana-passa orgânica com chocolate meio amargo, farinha de banana, tomate seco, tempero de alho e sal, tempero verde completo, suco de uva, geleias naturais gourmet e frutas in natura, como banana, maracujá, goiaba e graviola. Além disso, vamos lançar ainda este ano arroz orgânico, farinha de arroz, banana-passa picada, amendoim torrado salgado, chocolate e sucos prontos”, revela Pompermayer, que confirmou ainda a venda de tilápias, por meio de uma parceria com outra cooperativa do Sul capixaba.

 

Mestre gestão de negócios internacionais, Jefferson Cabral. Foto: Denys Lobo

Maior visibilidade

 

De acordo com o mestre em gestão de negócios internacional e diretor-executivo da UVV Business School, Jefferson Cabral, a tática usada pela cooperativa, de focar nas vendas com valor agregado, a torna mais visível dentro do mercado atual.

“A estratégia de se buscar um produto com valor agregado determina o quanto você vai se diferenciar em relação aos seus concorrentes. Ou seja, você se afasta daquilo que são os produtos similares e, quando se é percebido dessa maneira, você faz com que a atração do seu cliente seja muito mais verdadeira e direta em termos de fazer opção para o seu negócio. Ao agregar valor, o produtor traz junto o custo financeiro que o cliente está disposto a pagar por aquilo que ele está percebendo como diferencial”, ressalta Cabral.

Por conta desse trabalho especial feito com os produtos, a Agrocoop resolveu apostar também em uma forma de comercialização diferente e, ao invés de concentrar as vendas em um só local, decidiu diversificar, como explica Pompermayer no vídeo abaixo: 

 

Novos cooperados

Da zona rural de Cariacica, cooperadas beneficiam bananas produzidas na região. Foto: Denys Lobo

A busca por novos produtores para ingressarem na Agrocoop é constante e tem como objetivo aumentar a diversidade e regularidade de produtos, evitando assim que os clientes deixem de ser atendidos em determinadas épocas.

Moradora de Cachoeirinha, comunidade rural localizada próximo a Cariacica Sede, Vera Lúcia Monteiro é presidente de uma associação, a 7M, formada por sete mulheres que trabalham com derivados da banana e decidiram entrar na cooperativa após uma conversa com Pompermayer. Confira o depoimento de Vera Lúcia no vídeo a seguir:

 

 

Clenilza Barcelos, da comunidade de Cachoeirinha em Cariacica é uma das cooperadas. Foto: Denys Lobo

Um dos pontos principais que pesou a favor da cooperativa foi o apoio nas vendas. De origens humildes e focadas na fabricação da farinha, do chips e da banana desidratada, as mulheres da associação tinham muita dificuldade na hora da comercialização dos produtos.

“Como a gente fica aqui só trabalhando e ninguém tem uma experiência tão grande com comércio, nós tínhamos dificuldade na hora de vender os produtos. Atualmente, a gente produz e logo despacha. Sabemos que ainda podemos produzir mais e isso deixa a gente feliz”, comenta Vera.

Ação e cooperação

Apesar da sede física da cooperativa ficar em Vitória, a maioria dos produtos são feitos em Afonso Cláudio, município onde está localizada a fábrica da Agroocop.

Como possuem um quadro restrito de funcionários, grande parte da fabricação desses alimentos com valor agregado passa, literalmente, pelas mãos dos cooperados.

Produtor de uva e de pitaia, Jonas Zibell conta que decidiu entrar na Agrocoop há dois anos para fugir dos atravessadores e, consequentemente, aumentar sua renda. Diretor de produção da cooperativa, ele é um dos responsáveis por esses mutirões de produção.

Produtor de uva e pitaia, Jonas Zibell é diretor de produção da cooperativa. Foto: Denys Lobo

“Nós já fizemos mutirão aqui para produzir tomate seco, banana-passa e vários outros produtos. O último, para produção de polpa de maracujá, reuniu 12 cooperados. Viemos para a fábrica de madrugada, passamos o dia inteiro fazendo polpa e saímos de lá só no fim da noite. Isso é bom porque ajuda no nosso entrosamento e aumenta os nossos lucros”, comenta Zibell.

A importância do gesto e da vantagem econômica desse trabalho em equipe também são ressaltadas pelo presidente da Agrocoop no vídeo abaixo:

Wellington Pompermeyer e mulheres da Associação 7M. Foto: Denys Lobo

Futuro

Crescer ainda mais, aumentar os lucros e trazer resultados satisfatórios são as metas da Agrocoop para os próximos anos. Por conta disso, a cooperativa vem desenvolvendo outros projetos, como uma nova fábrica, em Linhares, e um serviço de entrega de frutas e verduras, na Grande Vitória.

Assim, com trabalho sério e levando a palavra cooperar ao pé da letra, Pompermayer acredita num futuro próspero para todos os cooperados.

“Quando a gente fala em cooperar, não é só para a instituição em si, mas para a sociedade como um todo. É cooperar com o meio ambiente, com o local que a gente vive. O cooperativismo não é só um modelo econômico de trabalho, é um modelo de vida: quando você coopera na cooperativa, você passa a cooperar também na sua casa, no seu trabalho”, conclui.

Redação Jornal Tempo Novo

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