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Consórcio admite que 170 mil pessoas não tem esgoto na Serra

Reginalva disse que empreiteiras que fizeram recapeamento ruim do asfalto após implantação de redes serão afastadas . Foto: Bruno Lyra

Desde janeiro de 2015 o gestor do esgoto da Serra através de Parceria Público-Privada (PPP), o Consórcio Serra Ambiental passou por mudança de direção e composição.  A nova presidente do Consórcio, Reginalva Santana Mureb, explica a mudança, faz um balanço do que já foi feito e comenta as polêmicas crescentes sobre a poluição por esgoto na Serra, tema de CPI na Câmara e que até rendeu processo contra a Prefeitura.

O que mudou no consórcio Serra Ambiental com a entrada da Aegea?  

O Serra Ambiental era formado por Artepa, Mauá e Sonel. A Aegea adquiriu a cota da Aterpa. Cada uma das três empresas tem 33% do consórcio e a Aegea passa a ter o controle administrativo, o que muda bastante a gestão. Nosso 1º ato, ao assumir em dezembro passado, foi iniciar modelagem hidráulica do sistema para dizer se o planejamento está ok ou se vamos reduzir número de estações de tratamento e elevatórias. 

Isso não pode alterar metas e obrigações previstas em contrato?

Uma decisão da concessionária não faz jus à revisão contratual. Independente do que a modelagem indicar como melhor caminho, isso não vai gerar alteração de preço de contrato.

O que foi feito de obras desde nesses dois anos e quatro meses de Serra Ambiental?

Foram feitos 85 km de rede coletora e interceptores em bairros, reformadas as Estações de Tratamento de Esgoto (ETES), colocadas em operação as ETES de Serra-Sede e Jardim Carapina, construídas quatro novas Estações Elevatórias de Esgoto Bruto e outras unidades foram reformadas. Foram mais de 36 mil novos ligações de imóveis à rede de esgoto, beneficiando cerca de 90 mil usuários.

Qual o percentual de imóveis não ligados a rede em áreas que já tem cobertura?

As redes cobrem hoje 78% da população e o serviço de esgoto chega a 65%.

Por que não começaram a fazer novas ETES? Há anos se questiona a eficiência das que estão em operação, consideradas defasadas e subdimensionadas?

Para fazer qualquer alteração nas ETES, vamos aguarda a conclusão do estudo de modelagem hidráulica. Temos atualmente 21 ETES, 129 elevatórias, 820 litros de esgoto tratado por segundo. Existe a previsão de reduzir essas 21 ETES para 10 ETES e talvez redução das elevatórias. De 500 mil moradores, mais de 350 mil já estão sendo atendidos.

O que tem de reuso já acontecendo das águas dessas 21 ETES?

Nosso contrato não permite a venda de água de reuso. Estamos discutindo isso com a Cesan.  Queremos que isto esteja bastante claro. Nesse momento usamos água de reuso dentro de nossos sistemas, para rega em ETES, obras, desobstrução de rede.

E a negociação com ArcelorMittal, maior consumidora do rio Santa Maria, para uso das águas da ETE Manguinhos?

Isso precisa contar a viabilidade financeira e a qualidade da água que a Arcelor precisa. Estamos fazendo estudo.

Apesar de todos esses investimentos em saneamento, a percepção da população é a de que a rios, córregos e lagoas só pioraram nos últimos anos. Por quê?

A Serra teve um superdesenvolvimento nos últimos 15, 20 anos e isso gerou esses impactos. Estamos aqui para reverter isso. Vamos intensificar o monitoramento das lagoas Juara e Jacuném para mostrar de onde saímos e onde poderemos chegar.

A qualidade do recapeamento do asfalto após as obras de esgoto continua gerando reclamações. Quando isso vai melhorar?  

Antes de iniciar as últimas obras, ajustamos aquelas onde Cesan e o prefeito Audifax não estavam satisfeitos.   Aí passamos a trabalhar com os empreiteiros, qualificação, com treinamentos indicando que tipo de qualidade queremos. Vamos descontar pagamento dos empreiteiros das obras que não ficarem adequadas e desligar a empresa que não se adequar.

A Cesan cobra taxa de esgoto no valor de 80% da conta de água do consumidor.  Como funciona a remuneração ao Consórcio?

A Cesan faz pagamento mensal. Existe uma tabela no contrato, dizendo o quanto a Cesan deve passar por ano ao Serra Ambiental. O pagamento é mensal. Existe uma parcela fixa, ligada aos investimentos previstos no cronograma. E outra parcela variável.  O contrato é de 30 anos e o valor total dele é R$ 600 milhões. Mas há algumas obras que a Cesan continuará fazendo como contrapartida.

Quanto o Serra Ambiental já receberam da Cesan nesses dois anos?

Não tenho de memória, mas passaremos depois para vocês. (Até o fechamento da edição o valor não foi divulgado).    

O esgoto da Serra foi alvo de CPI na Câmara e agora o município está sendo processado por permitir lançamento sem tratamento. Isso atrapalha a imagem do consórcio? 

Não tenho conhecimento do teor dessa ação. Eu gostaria até de pedir para verificar. Mas a gente vê com bons olhos a atuação da população, a participação, o controle social a interação. Mas é muito difícil adiantar com quem está a razão.

A deleção de executivos da Odebrecht atingiu o setor de saneamento no ES, implicando políticos e ex-diretores da Cesan. Isso não pode atrapalhar a PPP?

Em hipótese nenhuma. Não pode atrapalhar porque a Aegea não tem envolvimento com nenhum com irregularidades apontadas na Lava Jato.

A gente vai ter rios praias córregos mais limpos na Serra?

Com certeza. Nós vamos monitorar e conseguir mostrar isso. A Aegea atua na região do lagos, litoral norte fluminense e lá conseguimos que a lagoa de Araruama melhorasse. Lá temos 80% de esgotamento sanitário tratado. Antes não se encontrava camarão e nem se podia pescar na lagoa e hoje as pessoas praticam esportes náuticos nela. O saneamento melhora tudo, IDH, valor dos imóveis, saúde.

Gabriel Almeida

Jornalista do Tempo Novo há mais de oito anos, Gabriel Almeida escreve para diversas editorias do jornal. Além disso, assina duas importantes colunas: o Serra Empregos, destinado a divulgação de oportunidades; e o Pronto, Flagrei, que mostra o cotidiano da Serra através das lentes do morador.

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