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Comunidades rurais da Serra otimistas com o Contorno do Mestre Álvaro

Moradores e proprietários destacam as possibilidades de desenvolvimento e emprego; porém, alertam sobre possíveis danos à natureza e aumento da violência

A obra começou no final de maio. Foto: Bruno Lyra

As obras do Contorno do Mestre Álvaro começaram em maio deste ano. Inicialmente, o investimento viário promete trazer melhorias para o trânsito da BR 101 entre as regiões de Serra Sede e Carapina e reduzir o número de acidentes neste que é o considerado o trecho mais perigoso da rodovia no Brasil.

Mas e para as pessoas que vivem ou trabalham nas localidades pelas quais a nova pista irá passar, como Muribeca e Guaranhuns, zona rural da Serra? Como elas veem os impactos desse investimento e quais suas expectativas para quando o Contorno estiver pronto?

Para Wanderson Neves, proprietário do sítio Pedra D’Água, em Guaranhuns, a expectativa é “muito boa”, e diz que os impactos para quem vive na região ainda não são realidade, pois a obra está no início. “Mas para o meio ambiente serão bem grandes. Começaram a fazer um corredor ecológico para a travessia de animais, mas até eles reconhecerem o local, passar por baixo… Tem área alagada e vão fechar tudo. Quando vier enchente, pode subir o nível de água”, reflete Wanderson.

Ele acredita que a rodovia vai atrair mais empresas e aumentar o fluxo de veículos, o que para Wanderson é, ao mesmo tempo, um fator positivo e negativo, porque vai trazer desenvolvimento e impactar o meio ambiente causando atropelamento de animais.

“Meu restaurante fica em Guaranhuns e a expectativa é maravilhosa para nós do agroturismo. E já estou ganhando, pois vários engenheiros da obra almoçaram no meu restaurante nos últimos dias. Está tudo muito bem estudado, não está causando impacto nenhum”, avalia Maria Helana Piazzarollo, do restaurante Recanto do Mestre Álvaro.

Na sua opinião, a nova rodovia irá valorizar as propriedade rurais, a atividade do agroturismo e não deve gerar impactos negativos à natureza. “Estou a 300 metros das obras, e o lugar onde vai passar a rodovia é muito tranquilo, não envolve o meio ambiente de modo algum”, diz Maria Helana, que trabalha e mora no sítio onde funciona o restaurante, local que faz parte da Área de Proteção Ambiental (Apa) do Mestre Álvaro.

Morador e integrante do movimento comunitário de Muribeca, Ailton Nildério Pimentel (o ‘Xandoca’), é outro que enxerga benefícios com a chegada do Contorno do Mestre Álvaro. Entre os pontos positivos, ele cita a valorização dos imóveis e da zona rural, geração de empregos e melhorias viárias na região. Entretanto, faz um alerta: “Também podem surgir problemas, como mais assaltos, pois vai ter mais facilidade para chegar e sair da região. A população vai aumentar no entorno e os problemas virão, mas o poder público tem que apresentar soluções”, ressalta.

Ao contrário das previsões mais otimistas de empregos e desenvolvimento, o ambientalista Junior Nass, da Ong Guardiões do Mestre, acredita que a obra vai causar sérios impactos ambientais. “Vai se acabar com um corredor ecológico (Duas Bocas e Mestre Álvaro). Se não tiver passagens decentes para os bichos, pode causar problemas, pois é uma travessia de animais silvestres como jaguatirica, gato-mourisco e onça parda. Também há mais de 230 espécies de aves registradas nos alagados. Já tem animais atropelados e mortos no local. Então, se não fizer algo bem feito, vai destruir tudo”, alerta.

Segundo ele, intervenções viárias na atual pista da BR 101 poderiam melhorar o trânsito na rodovia e evitar acidentes, como pista elevada, passarelas e rotatórias. “Desafogar trânsito é desculpa para políticos e empresas ganharem dinheiro com essa obra”, critica Nass.

Orçada em R$ 290 milhões, o Contorno do Mestre Álvaro será uma alternativa para atravessar a Serra sem passar pela malha urbana. Sendo assim, a promessa é de redução nos números de acidentes e no tempo de viajem, além de fomentar um novo eixo de desenvolvimento econômico.

Gabriel Almeida

Jornalista do Tempo Novo há mais de oito anos, Gabriel Almeida escreve para diversas editorias do jornal. Além disso, assina duas importantes colunas: o Serra Empregos, destinado a divulgação de oportunidades; e o Pronto, Flagrei, que mostra o cotidiano da Serra através das lentes do morador.

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