Por Yuri Scardini
Desde a hegemonia política construída pelo governador Paulo Hartung (PMDB) nos idos de 2003, a eleição desse ano deve ser de longe a mais sanguinolenta. Espera-se naturalmente um embate entre o governador Paulo Hartung e o ex-governador Renato Casagrande (PSB). Mas estes não devem ser os únicos no ringue. Como franca atiradora está à senadora Rose de Freitas (PODEMOS), com seu perfil municipalista e apoio de caciques de Brasília.
Caso consolide esse cenário, espera-se um alinhamento velado entre Rose e Casagrande para encurralar Hartung. Enquanto Casagrande é forte na Grande Vitória, com apoio das máquinas de Vitória e Cariacica, comandadas por Luciano Rezende e Juninho (ambos PPS) respectivamente, Casagrande deve buscar apoio também de Max Filho (PSDB) em Vila Velha. Já na Serra, a família Lamas ficará encarregada da campanha do ex-governador. Aqui estarão 1,1 milhão de votos dos 2,7 milhões totais capixabas.
Já Rose, que tem apoio do prefeito Audifax (Rede) na Serra, vai cobrar a fatura para os prefeitos de interior, que nos últimos anos viram os recursos vindos do Anchieta ficarem escassos, e a senadora servindo de válvula de escape para liberação de dinheiro federal. Enquanto Casagrande encurrala Hartung na GV, Rose o sufoca no interior. Nunca antes tantas forças se insurgirem ao mesmo tempo contra Hartung.
Mas engana-se quem pensa que Hartung, mago da máquina palaciana, chegará frágil para a disputa. O governador tem apoio dos antagonistas aos prefeitos da GV, como os deputados Amaro Neto (PRB) em Vitória, Marcelo Santos (PDT) em Cariacica, Sérgio Vidigal (PDT) na Serra, e os ex-prefeitos de Vila Velha, Rodney Miranda (PRB) e Neucimar Fraga (PSD), que surfam o desgaste dos atuais prefeitos imersos na falta de recursos e crise econômica.
Já no interior, onde PH manobra a máquina há tempo, tem grandes aliados, como Guerino Zanon (MDB), prefeito de Linhares. E Hartung ainda tem um carta (ou laranja) na manga, da qual já usou outras vezes. O governador pode fomentar o lançamento de um quarto nome na disputa, e bater de frente com Casagrande e Rose. Ele já fez isso em 2002 com Paulo Ruy Carneli e em 2014, com o ex-deputado Roberto Carlos então do PT.
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