Clarice Poltronieri
O churrasco e a confraternização em dia de jogo da seleção brasileira na Copa do Mundo ajudam a alavancar vendas em alguns ramos do comércio, como açougue, distribuidores de bebidas e supermercados. Mas a expectativa dos comerciantes é de que este ano as vendas sejam menores do que nas Copas anteriores.
Isso porque, a greve dos caminhoneiros e a crise do país afetaram a economia, além de boa parte dos jogos acontecer em horário comercial. O Brasil estreia contra a Suíça domingo (16) às 15h, depois pega a Costa Rica no dia 22, uma sexta-feira, às 09h e fecha a primeira fase em duelo com a Croácia no dia 27, uma quarta-feira, às 15h.
Para o proprietário da Casa do Churrasco em Jacaraípe, Carlos Antônio Inácio, o crescimento este ano será 50% menor que nas outras copas. “Este ano apostamos um crescimento de 20% nas vendas na semana de jogos do Brasil, enquanto nas outras Copas superava 40%. A greve dos caminhoneiros influenciou muito, pois o frete subiu 40% e o estado não é autossuficiente nos cortes bovinos. Por isso estamos sem opção de produtos por conta do desabastecimento. O preço se manteve, mas os poucos produtos que conseguimos não estão na qualidade de churrasco, são carnes que estão vindo magras. E o corte de frango aumentou 15%”, explica.
Já o pessoal do açougue Cia do Boi, em Laranjeiras, está mais otimista. “Quando o jogo do Brasil é no final de semana, as vendas chegam a dobrar. Este ano esperamos vender mais, pois mesmo com a carne mais cara por conta da greve dos caminhoneiros, as pessoas acabam fazendo churrasco e procuram uma carne de melhor qualidade”, afirma José Soares, o ‘Zezé’, funcionário da loja.
Na Serra-Sede, a Casa de Carnes Fabiana ainda nem se preparou, segundo a proprietária Fabiana Ferreira. “Essa Copa está meio desanimada, ainda nem enfeitei a loja. Estou há 12 anos no mercado e em ano de Copa o aumento nas vendas costuma ser de 30%, mas este ano espero uns 20%, pois os horários não ajudam muito, já que as pessoas estarão no trabalho”, detalha.
Em Laranjeiras, Juliano Barone, proprietário da Barone Bebidas, espera um aumento de 20%. “Já teve Copas onde as vendas dobraram, mas este ano espero uns 20% de aumento, pois os jogos serão em horário de trabalho. E pode melhorar, pois sinto as pessoas mais confiantes”, opina.
Para Renato José Ferreira Alvarenga, proprietário da Moraes Distribuidora, o maior problema é a concorrência. “Na última Copa teve aumento de 30% e esperamos pelo menos manter nesta, mas o pessoal do ramo está desanimado, pois a concorrência dos supermercados, que também virou depósito de bebidas, é forte”, aponta.
Supermercados perdem com fechamento de lojas
Nas redes de supermercados, a expectativa é de aumento nas vendas de alguns produtos, mas esse incremento apenas compensa as perdas das lojas, que são fechadas durante a transmissão dos jogos. A afirmação é do presidente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), João Falqueto.
“Quando os jogos são no domingo, a Copa interfere bastante. Nos cortes de churrasco, carvão e refrigerantes, os aumentos chegam a 20%. Já as cervejas aumentam em 30% e alguns petiscos, como pipoca e biscoitos do tipo salgadinho, as vendas crescem até 50%. Mas esse aumento não interfere no faturamento da loja, pois elas são fechadas durante a partida quando os jogos são em dia de semana e perdem vendas”, explica.