Política

Casagrande precisa abraçar Lula para o PT ficar com ele no ES, diz Coser e Jackeline

A esquerda na imagem, Jackeline Rocha que é pré-candidata a deputada federal e à direita, João Coser, que é pré-candidato a deputado estadual. Foto: Leonardo Lucas

Em visita a Serra na última quinta-feira (16) lideranças estaduais do PT estiveram na sede do Jornal TEMPO NOVO para detalhar os planos partidários da sigla. A candidata à governadora em 2018, Jackeline Rocha e o ex-prefeito João Coser concederam uma espécie de entrevista dupla ao jornal e confirmaram que a condição fundamental para que PT se junte ao PSB do governador Renato Casagrande é que o atual mandatário abrace a candidatura de Lula no ES, com montagem de palanque e todo o resto que manda o script político.

O PT capixaba já lançou o senador Fabiano Contarato como pré-candidato a governador, que vem figurando em 2º lugar em recentes pesquisas eleitorais divulgadas pelos institutos. Apesar da aliança nacional PT/PSB, no ES a situação ainda é de indefinição, e o governador, que lidera uma frente ampla de partidos, vem dando sinais trocados sem assumir como irá se comportar em relação a disputa presidencial.

Jackeline que é moradora da Serra e tem uma longa vivência nos bairros mais periféricos da cidade, afirmou que está nos planos do partido ‘um dia governar a Serra’, afirmação endossada pelo ex-prefeito da capital João Coser, que citou a Serra como uma das cidades mais petistas do Espírito Santo.

Por fim, Jackeline e Coser defenderam a candidatura do ex-presidente Lula como uma resposta da democracia “frente ao autoritarismo do presidente Jair Bolsonaro”, e defenderam uma matriz ecumênica do PT frente aos discursos anti-petistas que pregam afastamento do partido com o segmento evangélico. Confira:

O PT vai ter candidato ao Governo do Espírito Santo?

[Jackeline]: O PT tem pré-candidatura, é o senador Fabiano Contarato. Temos trabalhado para que se concretize, mas também queremos uma unidade pelo país e pelo Estado. O PSB tem candidatura [Renato Casagrande] e existem outros pré-candidatos, aqui na Serra tem Audifax Barcelos que é da Rede, que nacionalmente está com Lula [federação Rede e PSOL]. Nosso projeto está ligado com o cenário nacional e independentemente do que a gente faça, nosso objetivo é Lula eleito.

[Coser] Nossa prioridade é a eleição nacional. Contarato está preparado, desejoso e aprovado por nós para ser candidato, mas é a nacional que vai bater o martelo se nós teremos candidatura ou aliança com o PSB de Casagrande. Em princípio é isso que está sendo discutido nacionalmente.

“A eleição nacional é um cenário de autoritarismo versus o fortalecimento da democracia”, diz Jackeline.

Então, a pré-condição para o apoio do PT ao Renato é que ele monte um palanque expressivo e robusto para o ex-presidente Lula?

[Jackeline] Não só um palanque expressivo e robusto. A gente acredita que quem tem que ganhar nesse jogo é o Espírito Santo. E cabe somente ao governador. Mas eu acredito que é uma grande oportunidade que o Espírito Santo tem de fazer parte nesta geopolítica nacional, de mostrar realmente seu desejo e seu tamanho. A gente quer que Lula ganhe, ganhe aqui na Serra, e em todas as cidades do Espírito Santo. A eleição nacional é um cenário de autoritarismo versus o fortalecimento da democracia.

Então falando com clareza absoluta, para o PT estar com Renato, ele precisa abraçar a candidatura de Lula?

[Coser] Muito, com certeza, precisa.

“Eu acredito que nós vamos governar a Serra daqui a um tempo”, diz Coser

Houve um afastamento do PT na Serra. O partido já teve 3 vereadores, já teve vice-prefeita, membros na Assembleia Legislativa. E hoje o PT na Serra perdeu representantes. Está nos planos do partido mudar essa realidade especificamente na Serra?

[Jackeline] O PT tem o desejo de um dia governar o município da Serra. Mas antes precisamos voltar a governar o Brasil e construir as alianças para a saída da crise no município. A Serra sempre foi um celeiro de grandes lideranças, mas desde o golpe do impeachment, nós sofremos muito com o processo de criminalização do partido. Mas superamos, dois anos depois, eu fui candidata à governadora [2018], e onde fui mais votada foi na Serra, com 24 mil votos. Isso nos dá esperança, nós vamos voltar a ocupar a Câmara Municipal e contribuir institucionalmente com a gestão do município.

Então a ideia do PT é expandir a atuação partidária na Serra?

[Coser] O eleitorado da Serra vota no PT. Nós ganhamos praticamente todas as eleições aqui, com Lula, Dilma, Haddad foi muito bem votado. A Serra tem um eleitorado muito próximo da gente. E nós fizemos várias lideranças aqui: Audifax foi do PT; o Givaldo foi deputado e vice-governador no PT; a Brice Bragato… o Roberto Carlos… Eu acredito que nós vamos governar a Serra daqui a um tempo. O que está faltando é uma capacidade de juntar as pessoas para desenvolver esse projeto para a Serra.

Esse protagonismo de Audifax x Vidigal também sempre foi um fator que dificultou a entrada de novos nomes…

[Coser] Isso também criou uma dificuldade, ficamos nesse meio. Mas daqui a pouco isso acaba e na próxima eleição o PT vai eleger vereadores aqui. E com isso voltar a ter uma presença institucional.

“O Lula se sensibiliza com o sofrimento do outro, Bolsonaro defende as armas e a morte”, dispara Coser

A Serra tem mais evangélicos do que católicos. É vendida uma ideia de afastamento do partido desse segmento, como lidar com isso?

[Jackeline] Essa questão não está nos evangélicos; tá numa distorção que colocaram de que o PT não acredita ou não caminha com o público evangélico. A gente tem a deputada Benedita da Silva que é coordenadora do Núcleo Evangélico do PT Nacional e que faz um trabalho com outros pastores. Então é preciso separar muito bem as coisas, as pessoas tendem a distorcer isso utilizando Fake News.

[Coser] Sou católico e minha esposa é de uma família da Assembleia de Deus, tenho um cunhado pastor da Assembleia. Para mim é uma bênção. Está sendo vendida uma coisa contra nós, que simplesmente não procede. Eu fui prefeito de Vitória e toda primeira segunda-feira do mês eu tinha um culto no gabinete com as diversas igrejas. Todos passaram por lá. O Deus é um só; a orientação cristã é uma só; não tem precedente, nunca vi um companheiro nosso desejando que alguém morresse.

“Bolsonaro mente o tempo todo manipulando a fé das pessoas”, afirma Jackeline

Isso é uma alusão ao Bolsonaro?

[Coser] Com certeza… se diz cristão, mas fala que na ‘ditadura tinha que ter morrido um monte de gente’. Todas as ações do PT são pela vida, no sentido de dignidade, com trabalho, renda e educação. O programa do PT é o que está na Bíblia: dar pão a quem tem fome, dar cobertor a quem está passando frio. As ações nossas falam muito mais do que um discurso. O Lula se sensibiliza com o sofrimento do outro, Bolsonaro defende as armas e a morte; e na vida pessoal faz tudo diferente do verdadeiro cristão: filhos fora do casamento, vida desregrada, no sentido pessoal e trato com o dinheiro público, desonesto, e mentiroso…

[Jackeline] Eles [anti-petismo] querem, por exemplo criminalizar a esquerda pelas pautas que a gente defende, mas quais são nossas pautas? É viver em comum união, entender que o Estado precisa ser laico; preservar a individualidade do outro; saber que Governo como instituição é para todos.  Bolsonaro mente o tempo todo manipulando a fé das pessoas. Só que o povo não se deixar enganar mais.

Com Lula ou Bolsonaro ganhando a eleição, esse cenário beligerante no país deve permanecer…

[Coser] Todo o ódio contras as minorias e os mais humildes não vão passar com a derrota de Bolsonaro; isso ficou na cabeça das pessoas. Estávamos em uma sociedade mais moderna, mais progressista, generosa e caridosa; as pessoas tinham mais paciência uns com os outros. Agora o sentimento é de ódio, de hostilidade. Está mais no sentido daquela frase “olho por olho, dente por dente” do que “amai ao próximo como a ti mesmo”. Esse amor que vinha sendo construído pela solidariedade humana ele [Bolsonaro] destruiu, mas o processo civilizatório vai superar o retrocesso.

Yuri Scardini

Morador da Serra, Yuri Scardini é repórter do Tempo Novo. Atualmente, o jornalista escreve para diversas editorias do portal, principalmente para a editoria de política.

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