Faltando 12 dias para o recesso legislativo, a Câmara da Serra segue batendo cabeça com a Prefeitura a respeito do Orçamento de 2020. Isso acontece ainda na ressaca da crise institucional que marcou a relação entre ambos os poderes durante o ano. Aparentemente, dois gargalos precisam ser negociados: as emendas impositivas e o percentual de remanejamento.
Diferente do que ocorreu no início do ano, não há um movimento estruturado em torno de um bloco de oposição. O que há, aparentemente, são questionamentos dentro de uma relação constitucional entre os poderes. Mas quando se trata de Câmara vs. Audifax, já acendeu um sinal amarelo no meio político da Serra.
O grupo de oposição que tentou cassar o prefeito entre abril e junho (quando foi costurada uma “trégua”) foi fragmentado e coincide com a perda de liderança interna do presidente Rodrigo Caldeira (Rede). Vereadores como Roberto Catirica (Podemos), Raposão (PSDB) e Stefano Andrade (Podemos), por exemplo, já fizeram um caminho rumo ao centro entre os polos de combate.
Na prática, os que ficaram são vereadores ligados, em alguma medida, ao ex-prefeito Sérgio Vidigal (PDT), como Aílton Rodrigues (PSC), Aécio Leite (PT) e Basílio da Saúde. Ocorre que estes remanescentes mantêm domínio do processo legislativo por meio das comissões, e é por lá que a coisa acontece.
Apesar da citação de Vidigal, vale destacar que ainda carece de indícios objetivos que o ex-prefeito esteja se movimentando nesse sentido, mas é inegável que é um elemento comum entre aqueles que se mantêm numa relação de oposição orgânica a Audifax, o que faz sentido, tendo em vista que Vidigal já está em pré-campanha escancarada pela cidade.
De qualquer forma, vereadores querem emendas impositivas (no valor de 500 mil cada) para dar um up em suas bases eleitorais e, também, querem diminuir o percentual (de 25% para 5%) de remanejamento orçamentário para deixar Audifax ‘refém’ da Câmara para organizar a máquina pública.
O bastidor da demora em criar consenso em torno do Orçamento é a eleição de 2020. E isso se replica também no que tange a esse ‘foco de crise’ na licitação de R$ 370 milhões da gestão do lixo, contra a qual vereadores ameaçam entrar na Justiça a fim de barrar o processo. E sem se esquecer de citar o PDM, do qual dizem que Caldeira cuida pessoalmente, mas que ainda há incertezas sobre a viabilidade de sair ou não.