Categories: Meio Ambiente

Cacau gera renda e ajuda natureza no Mestre Álvaro

Os irmãos Dilson e Denilson Castelo do Sítio Pedra d’Agua. Foto: Bruno Lyra

No Mestre Álvaro, numa altitude entre 350 a 400 metros acima do nível do mar, a produção de cacau é alternativa de trabalho e renda, além de ajudar na proteção ao meio ambiente. Há décadas instalada na montanha, na região entre Serra Sede e Garanhuns, a família Castelo Ferreira vem substituindo o cultivo de café pelo fruto que é matéria prima do chocolate.

A reportagem esteve na propriedade – o sítio Pedra d’Agua – na última terça – feira (29). O local tem cerca de 14 hectares, boa parte ocupado pelos cultivos.  Após um caminho cercado de florestas e difícil, por ter muitas pedras e ser extremamente inclinado – só vencido a pé, por moto ou veículo de tração traseira como o velho fusca – a reportagem foi recebida pelos irmãos Denílson e Dílson Castelo Ferreira. Eles, junto com o filho de Denílson, Vanderson Neves Ferreira, cuidam da produção cacaueira de 7 mil pés.

A maior parte da produção é consorciada com café e banana, mas já há mudas plantadas no meio da mata, numa técnica conhecida como ‘cabruca’, que permite a produção coexistir com a floresta.  Segundo Denílson, que diz morar no local desde que nasceu, uma parte dos cacaueiros é de plantas convencionais, que dão o fruto amarelo. Porém, nos últimos anos, foram plantadas mudas ‘de enxertia’, que dão o fruto vermelho.

“Essas mudas vieram de Linhares, elas foram desenvolvidas para serem resistentes à doença da vassoura de bruxa. Tenho pés com menos de dois metros de altura e quatro anos de idade já produzindo”, conta.

Após colhido o cacau, as amêndoas são retiradas e secas no terreiro da propriedade. Depois, colocadas em sacas de 60 quilos. Denílson conta que já chegou a produzir 20 sacas num ano, mas espera dar salto na produção com as mudas de enxertia.

Já seu filho Vanderson Neves não mora na propriedade. Mas vai ao local com frequência para ajudar a família no trabalho. “Para o cultivo das mudas de enxertia, estamos tendo o suporte do Joelson do Incaper  (Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural) e do Igor Elson da Secretaria de Agricultura da Serra. Creio que com isso a gente consiga produzir 60 sacas/ano só dessas mudas”, frisa.

Vanderson diz também que a família vende a produção para fábricas de chocolate em Linhares e já comercializou também para gente de Ibiraçu e Fundão. Mais recentemente, passou a fornecer os frutos para a produção de chocolate artesanal ‘Josefine’, feita por uma família da Serra Sede.

Vanderson Neves com os frutos vermelhos do cacau de enxertia: suporte do Incaper e Secretaria de Agricultura da Serra. Foto: Divulgação

Meio ambiente, simplicidade e projeto para visitação

A produção de cacau, mesmo em áreas onde já havia cultivo de banana e café no Mestre Álvaro, cria um arranjo de folhas e raízes que protege o solo contra erosão, permitindo a penetração de água da chuva. Nas áreas de mata, essa condição fica ainda mais intensa.

Além de Denílson e Dílson, também moram no sítio outros dois irmão da dupla: Carlos e Glória Castelo Ferreira. No local não há energia da rede pública, a eletricidade vem das placas de energia solar.

Os veículos da família são fuscas. Há também uma Brasília. Só carro de tração traseira ou veículos 4 x 4 conseguem chegar, além de motos.

O clima é ameno  – a altitude e a proximidade com a mata Atlântica do Mestre Álvaro produzem esse efeito. Mesmo em dias secos, há bastante umidade. Os ventos vindos do mar batem no topo da montanha e formam nuvens, é comum chover por lá enquanto a poucos quilômetros, na Serra Sede, o sol está ‘pocando’.

O visual é deslumbrante. Há um mirante que se avista não só a região da Serra Sede, mas expressiva porção do litoral centro norte do Estado, inclusive o mar. Além das pedras mais altas do Mestre Álvaro.

“Muitas pessoas já visitam o sítio. Queremos montar uma estrutura adequada para receber aventureiros, estudantes, pesquisadores, observadores de pássaros. Além do cacau, temos plantados várias espécies da mata Atlântica cujos frutos servem de alimentos a animais silvestres. Estamos estudando criar uma Reserva Particular do Patrimônio Natural”, revela Vanderson.

Redação Jornal Tempo Novo

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