Mestre Álvaro
Yuri Scardini é autor do livro 'Serra: a história de uma cidade' e escreve sobre política e economia

Bruno articula pré-candidatura a prefeito da Serra: “é a cidade da minha vida”

Bruno Lamas se coloca como pré-candidato a prefeito da Serra e aposta que o PSB não deve ficar refém das decisções do PDT. Crédito: divulgação.

Na última sexta-feira (15), Bruno Lamas esteve na sede do Jornal Tempo Novo para um bate-papo focado nas costuras políticas pré-eleitorais. Atualmente, ele é o titular da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional. Logo nos primeiros momentos da conversa, Bruno fez questão de declarar seu objetivo, que é ser candidato a prefeito da Serra em 2024. Para ele, trata-se de “um sonho, um desejo, uma vontade enorme de ser o prefeito da Serra”.

Ele justifica: “A Serra é a cidade da minha vida, da minha família, onde eu dedico muitos anos da minha trajetória política. Uma cidade que eu conheço de uma ponta a outra, de uma gente que eu respeito, que eu amo, e sabendo que posso dar uma contribuição enorme para tornar a Serra uma cidade mais inovadora, mais acolhedora, que tange ao desenvolvimento entre tantos outros fatores”.

Uma das etapas obrigatórias para ser efetivamente candidato em 2024 é que seu partido abrace tal projeto. Ele é filiado ao PSB desde seus 16 anos e também é membro da Executiva Estadual e do Diretório Nacional da sigla. Bruno disse que mantém um diálogo muito franco e aberto com o partido. Ele garantiu que, na Serra, a sigla “é unânime” em relação à sua pré-candidatura. Disse também que recentemente houve uma reunião ampla, na qual o Diretório e a Executiva, assim como a chapa de pré-candidatos a vereador, referendaram sua pré-candidatura a prefeito: “todo mundo quer”, disse.

PSB e PDT, leia-se Casagrande e Vidigal

A dúvida que fica é sobre o posicionamento do PSB na esfera estadual. E há um motivo evidente para isso, haja vista que o Governador Renato Casagrande, maior líder do PSB, mantém um forte vínculo político com o prefeito Sergio Vidigal, principal líder do PDT no estado. Essa aliança pode potencialmente obstruir o projeto de candidatura de Bruno a prefeito. Questionado sobre o assunto, Bruno apresentou suas perspectivas, que favorecem sua narrativa pré-eleitoral.

Bruno alegou que o PDT governa a Serra sem o PSB e fez questão de reforçar que essa afirmação não significa uma reivindicação de entrada do PSB na gestão Vidigal: “Até porque o governo está acabando e não é esse o meu propósito”, enfatizou. Disse também que, até o momento, ele não viu “nenhuma frase” do governador declarando apoio a qualquer candidatura de município algum, embora reconheça que Casagrande tem “suas análises, suas questões”, mas que, até agora, não foram expressas.

Contudo, o que Bruno realmente destacou como a variável mais importante refere-se ao fato de Vidigal ter declarado em diversos momentos que não pretende ser candidato à reeleição. Bruno tem razão quanto a isso, pois Vidigal afirmou a diversos veículos de comunicação, como o Tempo Novo, por exemplo, que não seria candidato. No entanto, na prática, o sentimento predominante no meio político da Serra é que Vidigal tenha dito isso para diminuir a pressão política sobre seu governo. Os bastidores políticos da Serra partem do princípio de que Vidigal será candidato.

Bruno insistiu que o PSB não pode ser refém da decisão de Vidigal e que, para isso, precisa consolidar um projeto majoritário na Serra. “Falar de um possível apoio do governador a uma hipotética candidatura [de Vidigal] que não existe é algo surreal; não podemos caminhar para uma terceirização de apoio, isso não existe na política”.

Resultados passados

Bruno se apresenta como pré-candidato a prefeito em um contexto de duas eleições nas quais não obteve êxito. Em 2020, foi candidato a prefeito da Serra, amargando uma 5ª posição com 5,13% dos votos. Em 2022, Bruno esteve entre os mais votados na Serra para deputado estadual, mas acabou ficando na suplência.

Questionado sobre esses dois episódios, Bruno colocou como contraponto sua própria trajetória política. Já foi o vereador mais votado da Serra e elegeu-se por duas vezes como deputado estadual. Acrescentou ainda suas duas experiências como secretário de estado: a atual na Secti e a anterior na Secretaria de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades). “Acumulei bagagem, cada eleição é um momento diferente”, opinou.

Ele ainda detalhou fatores que podem ter contribuído para os resultados negativos. Bruno alegou que, em 2020, quando disputou para prefeito, o cenário foi muito difícil e adverso. A pandemia havia sido deflagrada no estado poucos meses antes. Naquele momento, o PSB enfrentou um processo eleitoral onde o partido estava sob forte crítica devido às medidas impopulares – porém necessárias – de combate à contaminação pelo vírus, como uso obrigatório de máscara e fechamento de estabelecimentos comerciais para reduzir o fluxo de pessoas. Isso pode ter refletido no desempenho dos candidatos. “Naturalmente a crítica naquele momento recaiu especialmente sobre o nosso partido que estava no governo, mas não tenho qualquer dificuldade com isso. Nosso governador foi muito corajoso e o resultado do presente atesta que ele esteve certo nas ações que tomou”, completou Bruno.

Ele também afirmou que a eleição ficou muito polarizada entre as duas principais lideranças políticas da Serra: o ex-prefeito Audifax Barcelos e o atual, Sergio Vidigal. Bruno justifica que, embora Audifax não tenha sido candidato diretamente, lançou a candidatura de Fábio Duarte, “com uma máquina pesada em cima“. E do outro lado, estava Vidigal, cenário que proporcionou “pouco espaço” para os demais candidatos.

A respeito da eleição de 2022, quando não foi reeleito para deputado estadual, Bruno criticou o que chamou de “atores midiáticos”, que obtiveram um percentual de votos muito alto na Serra, mesmo não sendo residentes da cidade: “Nunca colocaram o pé na cidade e obtiveram quase 20 mil votos aqui”. Isso se somou à polarização nacional que desceu para os estados, pautando a disputa entre direita e esquerda. Segundo Bruno, isso impactou as candidaturas moderadas: “As pessoas buscavam os extremos, seja extrema esquerda ou extrema direita”.

Vidigal x Audifax:

Bruno criticou a alternância na prefeitura da Serra entre Vidigal e Audifax. Segundo ele, esse formato, que já dura quase três décadas, “está fadigado”. Ele argumentou que, quando houve um cenário semelhante em outras cidades, com dois grupos alternando no poder, “o município parou e a cidade foi prejudicada”. Ele acredita que “boa parte” da população da Serra entende que é o momento de fazer uma “virada de página” na cidade: “É um modelo que precisa ser aprimorado. Esse modelo de gestão prioriza paisagismo, pracinhas, jardins e iluminação pública”.

Bruno diz que a Serra precisa voltar a competir na atração de novos negócios, especialmente no cenário em que Aracruz está se destacando. Ele afirmou que a Serra precisa de um projeto robusto de qualificação profissional destinado ao público de baixa renda, para que a população seja encaminhada ao mercado de trabalho e gradativamente diminua a dependência da assistência do poder público.

Ele também criticou a, em sua visão, pouca importância dada ao setor turístico. Argumentou que a Serra tem 23 km de litoral, mas o poder local não tem gerência sobre sua própria orla, visto que ainda não foi municipalizada, como em outros centros turísticos. Ele defende que tanto o litoral quanto os circuitos de agroturismo, somados ao turismo religioso/histórico, como o sítio histórico do Queimado e das igrejas de Reis Magos (Nova Almeida) e São João Batista (Carapina Grande), têm potencial para incrementar a renda das pessoas e a arrecadação da prefeitura: “O setor de turismo está dentro do arcabouço do Esporte e Lazer. Quando vão enxergar o turismo como setor do desenvolvimento econômico?”, questiona.

A coluna questionou Bruno sobre o fato de que, embora Vidigal e Audifax estejam no poder há algum tempo, a família Lamas, enquanto grupo político, também esteve ao lado deles. Bruno não esconde que, no passado, tanto ele quanto sua mãe, Márcia Lamas, participaram direta ou indiretamente da gestão. No entanto, ele entende que, quando foi bom para a Serra, a parceria se manteve. Contudo, o tempo passou e as coisas mudaram. Ele acredita que todo o avanço experimentado na Serra nos últimos anos é reconhecível e teve o apoio de seu grupo político, mas que é momento desse ciclo ser rompido.

Na prática, Bruno se apresentou como pré-candidato a prefeito e, para isso, sua vontade e desejo precisam estar alinhados com o PSB estadual, ou seja, com Renato Casagrande. A viabilidade desse projeto ainda é uma dúvida política. Nas ruas, Bruno carrega um sobrenome importante, com muitas entregas nas últimas três décadas. No entanto, assim como é natural, há o desgaste do tempo. Seu desafio é convencer que um Lamas no poder representa renovação e mudança. É reconhecível, no entanto, sua coragem ao se posicionar tão explicitamente após dois resultados considerados insatisfatórios, quando o meio político acreditava que ele poderia se retrair. Aos 46 anos, Bruno é um político amadurecido e conhece bem a Serra; se reunir as condições adequadas de competitividade, pode efetivamente alcançar seus objetivos.

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