Audifax gastou R$ 7 milhões com parquinhos ao invés de equipar professores na pandemia, acusa secretário

Uma ação tomada pelo ex-prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede), durante os últimos meses de seu mandato, em 2020, está dando o que falar nas últimas semanas. Isso porque a antiga gestão comprou aproximadamente R$ 7 milhões e 538 mil em brinquedos para parquinhos escolares em meio à pandemia de coronavírus. De acordo com a gestão do prefeito Sergio Vidigal (PDT), as aquisições foram feitas apenas com o objetivo de bater a meta do gasto obrigatório com a Educação no ano passado.

As afirmações foram feitas pelo atual secretário de Educação, Alessandro Bermudes. De acordo com ele, a ex-gestão tomou uma atitude pensando apenas em cumprir os gastos obrigatórios, mas esse dinheiro poderia ter sido utilizado para os profissionais da educação como, por exemplo, professores que necessitam de computadores e outros aparelhos eletrônicos para aulas neste momento de pandemia.

Alessandro se pronunciou sobre o assunto após ser alvo de críticas do vereador Pablo Muribeca, que é da base aliada do ex-prefeito Audifax. O parlamentar foi até a Secretaria de Educação e mostrou os brinquedos comprados pela gestão anterior armazenados nos fundos do prédio que abriga a pasta. Muribeca criticou o fato dos materiais, segundo ele, estarem “abandonados e estragando” ao invés de ter sido enviados para escolas.

Entretanto, segundo Alessandro, os materiais estão sendo entregues, mas houve sobrecarga na logística devido às grandes compras de última hora feitas pela gestão passada.

“Esses materiais foram comprados nos últimos meses de 2020. Para se ter uma ideia, na primeira semana de janeiro deste ano, eu recebi quatro carretas contendo esses objetos e o meu almoxarifado já estava lotado de material e só me restou utilizar o pátio da secretaria com o intuito de economizar e evitar alugar um espaço para isso, além de guardar todos os brinquedos. São materiais de plástico, são feitos realmente para aguentar chuva e sol e estão todos embalados”, explicou.

Ainda segundo o secretário, 124 unidades já receberam os brinquedos. “Após isso, nós montamos o cronograma de entrega. Hoje, 124 unidades já receberam os brinquedos. Agora, só resta 17 unidades, que foram as que o vereador mostrou. O vereador está no papel dele, mas antes de fazer a fiscalização, ele precisa procurar saber com o gestor da pasta para que seu discurso venha ser plausível. Infelizmente houve esse equívoco. Os materiais estão sendo entregues as unidades”, acrescentou.

Dinheiro deveria ter sido utilizado para equipar os profissionais, diz secretário

Além de acusar Audifax de utilizar os recursos da Educação de forma rápida apenas para alcançar os gastos obrigatórios, Bermudes disse que o investimento deveria ter sido feito pensando nos profissionais com compras de equipamentos para auxiliar os professores e outros profissionais.

“Todo esse dinheiro foi investido de forma rápida para alcançar os 25% dos gastos com a Educação. Esse investimento deveria ter sido feito no ser humano, no profissional da educação. Estes profissionais hoje não tem pacote de dados (internet) para trabalhar com os alunos. É um investimento que deveria ter sido feito com esse recurso. Outro investimento era a aquisição de notebooks para estes profissionais – o que todos os municípios estão fazendo”, afirmou.

E prosseguiu: “mas resolvesse fazer outro investimento que causou esse grande impacto na logística do município. A gestão do Audifax deveria ter aproveitado melhor esse dinheiro, de outro jeito, no profissional da Educação. A gente precisava de mais de gestão, de cuidar do ser humano primeiro e é isso que vamos fazer nos próximos dias. Temos boas notícias para os servidores da educação”, finalizou.

O que diz a gestão anterior?

Procurado pela reportagem, o ex-prefeito Audifax Barcelos se pronunciou através da ex-secretária de Educação, Munira Masruha. De acordo com a nota, a informação (repassada pelo secretário Alessandro Bermudes) está incorreta.

“O ideal é que o atual secretário de Educação entenda um pouco mais sobre legislação. Em 2020, por ser período eleitoral, nada poderia ser adquirido diretamente aos professores, pois se caracterizaria como campanha eleitoral. Por este motivo, a Secretaria Municipal de Educação da gestão Audifax Barcelos comprou materiais para as unidades de ensino, e não para os profissionais individualmente”, se justificou.

O texto da nota ainda diz que foram gastos com demandas solicitadas pelos próprios diretores e professores. “A gestão promoveu a compra de novos materiais de informática nas escolas, como computadores e centrais de multimídia. Além de realizar reforma de parquinhos, compra de livros e equipamentos educacionais, mobiliários e materiais permanentes”.

Por fim afirmou que estes são componentes fundamentais para a educação. “Os processos de licitação e ata de registro de preço para a compra destes materiais são demorados. Ou seja, como não havia previsão de retorno das aulas, a gestão optou por deixar todas as unidades de ensino preparadas e equipadas para o retorno dos alunos”, finalizou.