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Atividades sobre violência e assédio marcam mês da mulher no Aristóbulo

As atividades foram realizadas durante toda a última semana na unidade escolar. Foto: Divulgação

“Não nos dê flores, nos dê respeito!”. Esse foi o tema escolhido pela Escola Estadual Aristóbulo Barbosa Leão, que fica na Serra, para celebrar o mês de homenagem a mulher com diversas atividades que abordaram assuntos como assédio e violência contra a mulher.

As atividades foram realizadas durante toda a última semana e incluíram debates, exibição de curtas, músicas, produção de cartazes e textos. Nas aulas de Sociologia, por exemplo, foram realizadas rodas de conversa. Também foi montado um painel interativo para que estudantes e os profissionais da escola expressem suas “broncas” em relação à condição da mulher na sociedade, dinamizando ainda mais a reflexão sobre o tema.

O professor de Geografia, Demian Ferreira da Cunha, destacou que este tipo de atividade no ambiente aproxima o jovem da realidade. “Os jovens vivem, muitas vezes, sem fazer a devida crítica ao assunto ou, ainda, praticam as violências relacionadas ao tema. Dessa maneira, a presença do debate na escola pode contribuir para a conscientização sobre o problema e para a conscientização ao respeito à mulher nas mais diversas condições”, explicou o professor.

Para a estudante Izabella Cardoso, debater o tema no ambiente escolar aproximou ainda mais os alunos. “Eu achei interessante debater esses temas, pois vivemos num país machista e precisamos igualar os direitos. Tem gente que não faz a mínima ideia disso ou prefere ignorar o assunto. O trabalho em equipe e a aproximação de algumas pessoas da sala foi uma ótima ideia também. A turma é nova e tem muita gente que não se conhece, então esse trabalho aproximou as pessoas e possibilitou a troca de ideias”, disse.

A professora de sociologia da escola, Fabiola Cerqueira, também fez um texto especial para o Dia da Mulher. No artigo, ela trata sobre temas como assédios e violências contra a mulher. Confira o texto abaixo:

Também na folia, não é não!
Fabíola dos Santos Cerqueira é Professora de Sociologia. Foto: Divulgação

“A proximidade do carnaval (maior festa popular do Brasil) e do Dia Internacional da Mulher nos trouxe a necessidade de dialogar entre nós, educadores, e com os jovens estudantes do Ensino Médio, sobre a forma como a mulher é tratada, não somente, mas também neste período, quando, temos a sensação de que há um “passe livre” para que os abusos, violências e assédios aconteçam.

Assim, durante o período de 20 a 28 de fevereiro de 2019 foram feitas rodas de conversa nas aulas de Sociologia problematizando a relação entre o carnaval e o Dia Internacional da Mulher.

No dia 01 de março de 2019 foi realizada a culminância do trabalho, com: 1) exibição de filmes curtas, além de músicas, em todas as turmas e disciplinas, abordando, de forma interdisciplinar as temáticas: machismo, feminismo, violência contra a mulher (após a exibição dos vídeos e músicas, houve debate dos temas abordados com a mediação dos professores); 2) produção de cartazes sintetizando o aprendizado dos estudantes a respeito das temáticas, com frases de impacto, reforçando o sentimento de negação ao assédio e a todas as formas de violência e opressão contra a mulher, além, é claro, de reforçar o respeito ao empoderamento feminino; 3) ato político simbólico (e humanitário) demarcando a importância da desconstrução da cultura do machismo em nossa sociedade, para que homens e mulheres possam ser tratados com igualdade de direitos e deveres; 4) Nosso grito de carnaval pedagógico contou com a leitura das frases escritas nos cartazes por vários estudantes, de todas as séries, o que proporcionou grande interação; 5) Foi construído um painel interativo onde os estudantes e os profissionais da escola puderam expressar suas “broncas” em relação a condição da mulher na sociedade atual.

Acreditamos que os preconceitos são socialmente construídos, logo, podem ser socialmente desconstruídos. A cultura do machismo pode ser desconstruída na medida em que a abordamos e conscientizamos os estudantes sobre a necessidade de respeito ao outro, sobretudo, ao outro que é diferente. E neste sentido, a escola é um dos espaços apropriados para esse tipo de ação, pois, historicamente, conhecemos o lugar de submissão da mulher e, podemos abordar a temática de forma científica, desmistificando a ideia de que esta submissão é natural.

Esse trabalho proporcionou maior conhecimento e conscientização sobre os conceitos de machismo, feminismo, empatia, sororidade, violência doméstica, relacionamentos abusivos e empoderamento feminino. Além disso, proporcionou maior integração entre os professores e os estudantes das diferentes séries, em cada turno. No final da atividade, as estudantes, principalmente, solicitaram que a temática continuasse a ser debatida pela escola, elogiaram a iniciativa e a metodologia utilizada.

 A partir dos dados do jornal A Gazeta dos dias 07 e 08 de março de 2019, de que durante o carnaval, foram registrados 169 casos de agressão contra mulheres no Espírito Santo e que 70 homens foram presos em apenas cinco dias acusados de serem autores de violência contra a mulher e crimes contra a dignidade sexual da mulher, nossa convicção de que a temática e o período para o início da abordagem foram acertados, aumentou.

Acreditamos ainda que ações de combate à violência contra a mulher precisam ser adotadas com urgência, uma vez que, segundo as estatísticas, no último ano, o feminicídio cresceu mais de 100% (cem por cento). Ações de combate a impunidade, maior rigor na legislação para que os agressores não sejam liberados para que “terminem o que começaram”, como muitos afirmam ainda na prisão, e educação nas diferentes instituições sociais (sobretudo, família, igreja e escola), desde a primeira infância para que se pense o “ser homem” e o “ser mulher” de forma humanizada e horizontal. Sem isso, continuaremos, lamentavelmente, em crescente estágio de barbárie”. 

Fabíola dos Santos Cerqueira é Professora de Sociologia da EEEFM Aristóbulo Barbosa Leão e Mestre em Educação.
Gabriel Almeida

Jornalista do Tempo Novo há mais de oito anos, Gabriel Almeida escreve para diversas editorias do jornal. Além disso, assina duas importantes colunas: o Serra Empregos, destinado a divulgação de oportunidades; e o Pronto, Flagrei, que mostra o cotidiano da Serra através das lentes do morador.

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