Economia

Alto-forno três da ArcelorMittal Tubarão é religado

Empresa religa alto forno três no Complexo de Tubarão. Foto: Divulgação/ArcelorMittal Tubarão

Maior indústria instalada na Serra, a ArcelorMittal Tubarão anunciou que no último domingo (25) seu terceiro alto-forno foi religado. O equipamento havia sido desligado em abril por conta da redução da demanda por aço nos primeiros meses da pandemia.

Segundo comunicado divulgado pela assessoria de imprensa da siderúrgica, diz que o religamento ocorreu porque há “aparente tendência de recuperação do setor” e visa atender clientes que gradualmente retomam o consumo de aço.

O alto-forno três pode produzir até 2,8 milhões de toneladas de aço por ano, o equivalente a 37% do total de 7,5 milhões de toneladas que a planta de Tubarão pode entregar anualmente. De acordo com a ArcelorMittal, há a expectativa de que o alto – forno três retome os níveis de produção anteriores à parada em abril.

A empresa não informou à reportagem em quanto ficará sua produção anual total com o restabelecimento da produção no alto-forno três. Vale lembrar que apenas o alto-forno 1 seguiu em operação após abril. O alto-forno dois, que estava parado para reforma desde 2019, só foi religado no final de junho.

Além das dificuldades com a redução da demanda durante a pandemia do novo coronavírus – problema que persiste e que pode se agravar com novas ondas de contaminação como a que já acomete a Europa – a produção de aço no Complexo de Tubarão enfrenta outras dificuldades.

Uma delas é o problema de fornecimento de minério de ferro após o rompimento da barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho em janeiro de 2019. O minério que atende Tubarão não vem das minas daquela região. Mas com a revisão dos protocolos de segurança nas barragens, lavras de outras regiões de Minas Gerais que fornecem o minério que chega ao ES tiveram a produção afetada.

A outra dificuldade enfrentada pela ArcelorMittal e por outras siderúrgicas que exportam aço brasileiro é que um dos principais mercados do planeta, o norte-americano, passou a limitar a compra do produto brasileiro, com adoção de política de cotas. As restrições impostas pelo governo de Donald Trump em 2018 foram intensificadas em agosto de 2020, quando os norte americanos reduziram ainda mais as cotas de importação com objetivo de tentar socorrer sua produção doméstica impactada pela pandemia.

Por outro lado a alta do dólar pode ajudar a amenizar os problemas na siderurgia brasileira, uma vez que favorecem as exportações para outros mercados.

Crise vai gerar demissões na siderúrgica

A redução da demanda por aço já tem reflexos nos empregos gerados pela ArcelorMittal Tubarão, que possui cerca de 5 mil funcionários próprios e outros 5 mil terceirizados. Em setembro a empresa abriu um Programa de Demissão Voluntária (PDV), oferecendo algumas vantagens aos que aderissem.

Na ocasião, a empresa disse que o número de vagas para adesão ao PDV tinha orçamento limitado, ou seja, havia possibilidade de que nem todos os requerentes possam ser contemplados.

Empregos em terceirizadas com reativação do equipamento

Se a abertura de PDV indica que a empresa vai demitir funcionários próprios, o religamento do alto forno três pelo menos vai abriu vagas de trabalho em empresas terceirizadas. É o que declarou no final de setembro o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Materiais Elétricos do Espírito Santo (Sindifer), Luiz Alberto de Souza Carvalho. Na ocasião ela calculou a abertura de até mil postos.

Por outro lado, a ArcelorMittal já havia informado que não haveria novas contratações de quadro próprio com o religamento do alto-forno três.

Tudo o que acontece com a produção da empresa tem potencial para afetar de forma substancial a economia da Serra e do ES. Isto porque a ArcelorMittal Tubarão, antiga CST, é um dos pilares da economia da região. Além de empregar cerca de 10 mil pessoas diretamente entre funcionários próprios e terceirizados, também ativa rede de fornecedores e prestadores de serviços locais gerando outros milhares de vagas de trabalho. Um estudo divulgado pela Ufes em 2017, aponta que sozinha a ArcelorMittal Tubarão era responsável por movimentar o equivalente a 12% do PIB do Espírito Santo em 2016.

Redação Jornal Tempo Novo

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