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“A água tratada em Colatina está nos padrões da vigilância sanitária”

O secretário disse que o estado vai se juntar a Minas Gerais para entrar com pedido de indenização contra a mineradora. Foto: Divulgação

O secretário de Estado de Meio Ambiente, Rodrigo Júdice, fala sobre as ações do governo do ES em relação ao desastre da lama de rejeito de minério da Samarco, controlada por Vale e BHP, no rio Doce e no litoral capixaba. Essa é a maior tragédia ambiental da história do país e a maior da mineração no mundo. Confira entrevista concedida na última quarta-feira (25).   

Qual é o impacto ambiental desse desastre até agora no ES?

Mortandade de peixes em MG e no ES. Hoje (25) nós começamos a registrar morte de aves. O impacto na fauna e na flora ainda precisa ser medido, e justamente por isso que nós estamos contando com o apoio fundamental da Marinha do Brasil, que mandou hoje para o ES o navio hidro oceanográfico para monitorar e fazer a análise desses impactos.

Como será o trabalho desse navio?

Ele tem capacidade de identificar os sedimentos que se encontram no fundo do mar e na foz do rio Doce. Vai avaliar a cadeia primária biológica – aquelas que estão no fundo do mar – que é atingida primeiro, pois fica soterrada. Caso dos plânctons, fitoplânctons e todos os demais seres. E os impactos decorrentes disso são para os peixes, principalmente no rio.

E os prejuízos sociais e econômicos?

Algumas pousadas vão sofrer um prejuízo imenso. Ali na foz do rio Doce em Regência, os réveillons já foram cancelados. Tem o impacto para os pescadores. Há os danos econômicos nas empresas que geram energia e que estão impossibilitadas, ao longo da bacia do rio Doce, de continuar o seu desempenho normal. São milhões de reais por dia. Prejuízo ao comércio de Colatina e Linhares. Além do dano causado ao aparelho do Estado, de ter que mobilizar pessoal, deslocar profissionais para minimizar esses impactos em Colatina, Baixo Guandú, Linhares e na foz do rio.

O ES participa do fundo de R$ 1 bilhão que a Samarco terá que fazer, conforme acordo com Ministério Público de Minas?

Nós não fomos chamados para participar. Isso deve envolver danos somente ao estado de MG. O governo de Minas tem dialogado conosco sistematicamente para desenharmos uma ação civil pública conjunta. A nossa visão é que qualquer definição de valor hoje é prematura. Nós não trabalhamos com a expectativa de reverter às multas que serão aplicadas em benefícios imediatos da recomposição da fauna e da flora e dos danos decorrentes à sociedade.

O governo capixaba também vai multar a Samarco? Qual o valor?

Vai. Mas não temos o valor, porque nós temos que dimensionar o tamanho desses danos. A sua prospecção no futuro. A duração desse dano bem como quais foram os ambientes marinhos e do rio Doce, atingidos.

A lama continua descendo das barragens da Samarco.  Quando ela deixará de correr no leito do rio Doce e, consequentemente, cair no mar? 

Não temos essa análise ainda. Vamos supor que chova muito em Mariana, vai continuar vindo muito sedimento. Fora o material que se acumulou ao longo do curso, no leito e nas margens, e que a cada temporada de chuva vai descer. Não sabemos quando o rio Doce ficará mais claro. Em impactos dessa magnitude só o monitoramento ao longo do tempo dará as respostas.

A Samarco e suas controladoras Vale e BHP estão dando o apoio necessário?

Ontem (terça, 24) numa reunião que ocorreu na Justiça Federal, a presidente do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Suely Tonini) se queixou de que a Samarco não está atendendo e respondendo na velocidade necessária às intimações do Iema. A empresa está preocupada em celebrar termos de compromisso socioambiental com o Ministério Público. É uma estratégia possivelmente orientada por advogados. Está totalmente equivocada e multas já foram lavradas pelo não cumprimento dessas obrigações.

Tem ou não tem metais pesados no leito do rio Doce?

As informações do prefeito de Baixo Guandu (Neto Barros, PC do B) em nossas análises por enquanto não se confirmam. Colatina já voltou a fazer o abastecimento, usando a mesma tecnologia empregada em cidades de Minas para separar o sedimento da água. Historicamente as indústrias de minério não usam mercúrio. Normalmente se tem ferro, fósforo, alumínio, sílica e manganês, esses elementos na sua grande maioria já compõe a água. Em Colatina os padrões da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)  foram obedecidos na água de abastecimento.

No auge dessa seca o governador Paulo Hartung (PMDB) disse que o rio Doce era alternativa para abastecer a Grande Vitória. E agora? 

O governo começou a obra para captar água do rio Reis Magos, que vai ajudar no abastecimento da região. Outra alternativa é o estudo da Agência Estadual de Águas (Agerh), com recursos de U$ 4,5 milhões do Banco Mundial, para análise e identificação de águas subterrâneas. Em tempo recorde a gente conseguiu captar um pouco de água pra Colatina baseado nesse estudo. Em relação ao rio Doce eu vejo que se água estiver apta para o consumo e para tratamento os planos continuam, mas isso terá que ser revisto e reavaliado.

Até a última terça (24) a lama já havia se espalhado por 20 km para leste, 30 km norte e 5 km pra sul. Algo mudou? Tem dados atualizados?

Não tenho. Com o navio oceanográfico que vai ficar próximo a foz, essas informações agora vão ser diárias, com muito mais clareza a cada hora e ele também tem a capacidade de fazer a previsão do tempo, o serviço meteorológico específico da região. Na medida em que você faz a análise meteorológica da região, você tem condições de analisar ventos e correntes marinhas. Então essas informações serão muitas mais claras à imprensa a partir do momento que o navio chegar lá.

Gabriel Almeida

Jornalista do Tempo Novo há mais de oito anos, Gabriel Almeida escreve para diversas editorias do jornal. Além disso, assina duas importantes colunas: o Serra Empregos, destinado a divulgação de oportunidades; e o Pronto, Flagrei, que mostra o cotidiano da Serra através das lentes do morador.

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